Alguns vegetais, como manjericão, têm o poder de afastar insetos. No entanto, o plantio ou a compra das plantas é mais uma ação de combater o mosquito da dengue e não deve ser usado como desculpa para não promover outras ações.

O estado de São Paulo viu uma disparada de casos de dengue neste início do ano, e o governo já declarou estado de emergência; Para complementar as estratégias de combate à doença, está o uso de plantas, que podem ajudar a afastar os mosquitos em geral, o que inclui o Aedes aegypti.

No centro-oeste paulista, as altas de casos também preocupam, e em algumas cidades como Marília já decretaram situação de emergência. Na cidade os registros ultrapassaram os 2 mil casos desde o início do ano e registraram 2 mortes pela doença em 2025, mas aguardando resultados. A situação pode ser mais grave ainda.

Entre as recomendações para evitar o avanço da dengue, como não deixar recipientes com água parada e prezar pela limpeza de quintais, está o uso de repelente, que impede o mosquito transmissor da doença de se aproximar da pele e picar a pessoa.

Segundo a médica naturalista Henriqueta Sacramento, alguns vegetais têm o poder de afastar insetos e funcionam como “repelentes naturais”. Nesta listagem estão plantas como manjericão (roxo ou branco), capim citronela, capim cidreira, alecrim, andiroba, cravo da Índia e a melissa.

“Essas plantas são ricas em óleos essenciais, que, quando liberados, ajudam a afastar insetos, inclusive os mosquitos”, explica Henriqueta.

capim citronela

Segundo a médica, as essências são lançadas no momento de estresse da planta, que ocorre em contato com o sol e o vento. Além de deixarem o ambiente perfumado, que se assemelha a aromas de eucalipto e limão, tais substâncias são capazes de criar uma barreira natural.

Entretanto, o plantio ou a compra das plantas não deve ser usado como desculpa para o morador não promover outras ações de combate ao Aedes aegypti.

Por outro lado, o infectologista Rafael Galliez esclarece que os aromas das plantas não têm comprovação científica de ação eficaz e prolongada de proteção contra o mosquito, e, por isso, não são capazes de substituir os repelentes farmacológicos.

“Esses produtos, ditos naturais, não conseguem ter uma ação eficaz e prolongada para uma real proteção. Eles não são capazes de substituir os repelentes farmacológicos”, pontua.

Para se proteger de forma efetiva contra o mosquito-da-dengue, é preciso seguir as principais formas de prevenção: afastar o foco do Aedes aegypti, evitando água parada em pneus, calhas e vasos de planta e mantendo piscinas devidamente tratadas e caixa d’água limpas e fechadas. Também é interessante utilizar tela mosquiteira nas janelas e camas.

A MAIS EFICAZ: Projeto Crotalária de controle biológico contra mosquito da Dengue

crotalária atrai a libélula, um inseto predador do mosquito-da-dengue. O inseto busca colocar ovos em água parada e limpa, assim como o mosquito Aedes aegypti, vai depositar seus ovos, essas larvas vão se alimentar das larvas do mosquito transmissor da dengue acabando com aquele foco.

Desde 2020, a Prefeitura de Bandeirantes (PR) e a Secretaria de Educação e Cultura, com o apoio do engenheiro-agrônomo Vauller Aparecido Furtado, da Cooperativa Integrada Bandeirantes, e o produtor rural Kazuma Watanabe, lançaram o Projeto Crotalária. Segundo a secretária Valquíria Bonacini Martins, a ação teve como objetivo o combate ao mosquito da Dengue e, ao mesmo tempo envolver os alunos da rede municipal de ensino na criação da arte para o lançamento do projeto que visa o controle biológico do mosquito transmissor da Dengue, o Aedes aegypti.

O Projeto Crotalária visa a distribuição de sementes da planta leguminosa que ao se desenvolver produz uma flor que atrai a libélula, um inseto natural predador de mosquitos, inclusive o da Dengue. “Com o plantio da Crotalária no jardim ou quintal de casa, ou até no jardim de uma empresa, a libélula, que busca colocar ovos em água parada, assim como o mosquito Aedes aegypti, vai depositar seus ovos, essas larvas vão se alimentar das larvas do mosquito transmissor da Dengue acabando com aquele foco. O mesmo acontece com a libélula adulta, ela é predadora e se alimenta de pequenos insetos, o que inclui o Aedes aegypti, podendo acontecer a quebra da cadeia reprodutora do mosquito”, comentou a secretária.

Várias cidades adotaram a solução alternativa e conseguiram praticamente zerar o número de casos de dengue

Para mostrar que a prática não é nova, em 2020, como o objetivo de ajudar no combate ao mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, o vereador Mestre Pop (PSC) protocolou na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) um projeto de lei que incentiva o cultivo da planta crotalária, usada como método natural de combate à doença (005.00040.2020).

De acordo com Pop, a cidade de Laranjeiras do Sul (PR) já utilizava o programa há três anos e, segundo relatou em plenário, não houve na época nenhum foco do mosquito transmissor registrado no município.

Conforme suas explicações, a planta, que possui uma flor-amarela, é semeada após as colheitas “um tipo de adubação verde, típica da lavoura”, disse. Pop também contou que a planta vinha ganhando espaços em residências e jardins de empresas quando se percebeu nela “uma poderosa arma biológica para controle do mosquito-da-dengue”. Isso porque a flor da crotalária atrai as libélulas, insetos predadores naturais do Aedes aegypti, cujas larvas se alimentam de outras, no caso, do mosquito transmissor da dengue.

Segundo texto do projeto, ficava a prefeitura autorizada a promover a divulgação sobre os benefícios do plantio da crotalária nas residências, comércio, indústrias e demais áreas públicas do Município, por meio de parcerias com a iniciativa privada. Também ficava a cargo do poder público a realização de campanhas educativas nas escolas municipais, além de delegado à Secretaria Municipal do Meio Ambiente o plantio de mudas da crotalária no horto municipal, para posterior distribuição à população.

Além de Bandeirantes (PR), Laranjeiras do Sul (PR) Curitiba (PR), cidades como Caracol (MS), Sorriso, no Mato Grosso, Santa Vitória-MG, Garibaldi (RS) Jataí (GO) Umuarama (PR) como veremos logo abaixo, adotaram a medida independente da obrigatoriedade por um projeto de lei.

Várias cidades do Mato Grosso do Sul já estão implementando o uso da crotalária como parte de suas medidas de combate ao mosquito-da-dengue, com resultados promissores em termos de redução da população de mosquitos e dos casos de dengue”.

Projeto em Umuarama (PR) estimula plantio de crotalárias para intensificar combate ao mosquito-da-dengue

Independente de lei, A Secretaria Municipal de Saúde de Umuarama (PR) lançou em 2023, o Projeto Crotalárias, como ação educacional e ambiental em mais uma ação de combate ao mosquito transmissor da dengue – o Aedes aegypti – que prevê o cultivo de mudas desta planta, que atrai predadores e auxilia na eliminação de larvas e até do mosquito adulto.

Agentes de combate a endemias do Serviço de Vigilância em Saúde Ambiental produziam mudas da crotalária em uma estrutura montada pelo próprio setor. O projeto estimula o plantio da crotalária em áreas públicas e locais com infestação do mosquito. Quem deseja realizar o plantio nos seus quintais também pode solicitar as mudas, que são distribuídas gratuitamente.

“É muito importante levar essa cultura de prevenção e combate à dengue às crianças. Pelas atitudes delas, percebemos que essa conscientização será estendida às suas famílias, em casa. Precisamos unir todos os esforços para eliminar o mosquito e controlar a dengue”, destacou o prefeito.

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