Cerca de 12 milhões de brasileiros têm diabetes, segundo Ministério da Saúde. Tratamento pode ajudar pacientes a controlar a diabetes de forma mais fácil e automática
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 12 milhões de brasileiros convivem com o diabetes, o equivalente a aproximadamente 7% da população adulta do país. No mundo, são 250 milhões de pessoas com a doença, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para espalhar conhecimento sobre a condição, comemora-se, nesta quinta-feira (14), o Dia Mundial do Diabetes. Trata-se de uma condição crônica e sem cura relacionada diretamente à produção de insulina, que é um hormônio secretado pelo pâncreas, essencial para transformar o açúcar, amido e outros alimentos em energia.
Quando um paciente tem diabetes, o corpo dele não produz insulina suficiente ou não consegue usar eficazmente a que produz. Sem o hormônio, os níveis de glicose no sangue aumentam, uma condição chamada hiperglicemia, principal característica do diabetes. A doença, se não tratada, pode gerar danos nos rins, olhos, coração, nervos, vasos sanguíneos, entre outras complicações.
Mitos sobre a diabetes
Diabetes é causada pelo consumo de açúcar
Existem fatores externos relacionados ao desenvolvimento de diabetes, mas fatores genéticos desempenham um papel importante na propensão à doença. O diabetes tipo 2 está frequentemente associado à obesidade, ao envelhecimento e a alterações genéticas que favorecem a resistência à ação da insulina e redução da função das células responsáveis pela produção do hormônio. Já o diabetes tipo 1 é causado pela destruição autoimune dessas células, o que leva a uma deficiência grave da secreção de insulina.
Apenas pessoas com sobrepeso têm diabetes
Devido ao fato de ser causada pela destruição autoimune das células do pâncreas, a diabetes tipo 1 não tem a ver com o peso corporal. Já a diabetes tipo 2 é mais frequente em pacientes com sobrepeso, mas também pode ser causada por outros fatores, como envelhecimento e alterações genéticas.
Quem tem diabetes não pode comer carboidratos
Os pacientes com diabetes podem sim consumir carboidratos, mas com atenção e cuidado. É melhor evitar os carboidratos simples, como o açúcar, mel, melado, produtos lácteos e xarope de bordo. Esse tipo de açúcar, pela rápida absorção do intestino, podem causar um pico de açúcar no sangue.
Para os diabéticos, é melhor dar preferência aos carboidratos complexos, como batata doce, arroz integral, vegetais em geral, aveia, feijões, ervilhas, lentilhas e frutas.
Diabetes tem cura
A diabetes tipo 1, causada por fatores genéticos, não tem cura. A diabetes tipo 2 pode ser revertida nos casos de pacientes obesos que passam por cirurgia bariátrica.
Por ser saudável, o açúcar das frutas pode ser consumido à vontade
Apesar do açúcar contido nas frutas ser natural, elas não devem ser consumidas à vontade em pacientes com diabetes. É recomendado que o consumo seja equilibrado junto com os vegetais, totalizando aproximadamente 5 porções ao dia.
Como funciona a bomba que injeta insulina automaticamente no paciente
As bombas de insulina têm se destacado como uma das opções mais avançadas no tratamento da diabetes, especialmente para pacientes com diabetes tipo 1. No Brasil, elas chegaram há pouco tempo, mas já se consolidaram como uma solução eficaz para o controle glicêmico. O endocrinologista Levimar Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, explica que as bombas de insulina oferecem uma forma automatizada de administração do hormônio, o que proporciona mais comodidade e precisão para quem vive com a doença.
Quais são as bombas de insulina disponíveis no mercado?
Segundo o especialista, no mercado brasileiro estão disponíveis dois modelos de bombas de insulina: o da Roche e o da Medtronic. A bomba da Roche é mais simples, sem cateter, sendo fixada diretamente na pele. Já a bomba da Medtronic é mais avançada, além de administrar a insulina de forma contínua, ela realiza também a monitorização da glicose. Caso o nível de glicose do paciente esteja caindo, a bomba da Medtronic realiza uma autoaplicação para evitar episódios de hipoglicemia, o que a faz ser apelidada de “pâncreas artificial”.
Embora o uso das bombas de insulina seja considerado muito seguro, Araújo destaca que o custo desse tratamento ainda é um desafio. “É um procedimento bastante caro, mas que pode melhorar significativamente a qualidade de vida de quem tem dificuldade no controle glicêmico”, explica o especialista.
Para quem são indicadas?
Essas bombas são indicadas para pacientes com diabetes tipo 1 que enfrentam dificuldades em controlar os níveis de glicose, especialmente para aqueles que apresentam hipoglicemia frequente ou assintomática. “Além disso, as bombas também podem ser utilizadas por gestantes e idosos, o que amplia seu alcance como tratamento”, afirma Araújo.
O acompanhamento médico é fundamental para o sucesso do tratamento com as bombas de insulina. Pacientes devem contar com o apoio de nutricionistas para calcular a quantidade de carboidratos nas refeições, garantindo que a dose de insulina administrada seja adequada. “Esse acompanhamento é essencial para garantir que a bomba de insulina tenha o efeito esperado”, alerta o endocrinologista.
Quais são as vantagens das bombas?
Um benefício importante das bombas é que elas permitem maior flexibilidade no dia a dia do paciente, incluindo a prática de atividades físicas. “Ao contrário das injeções convencionais, que exigem mais planejamento e podem ser interrompidas por qualquer imprevisto, as bombas oferecem uma forma contínua e discreta de administrar a insulina”, destaca Araújo.
Contudo, é importante que os pacientes tenham uma educação adequada sobre o diabetes e o uso da bomba. O endocrinologista ressalta que a bomba não é uma solução mágica e não deve ser vista como uma autorização para transgredir a dieta. “Ela pode auxiliar no controle, mas o paciente precisa seguir as orientações médicas e manter a disciplina alimentar”, afirma.
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