
A ofensiva digital da chamada “tropa de choque” de Lula para rebater o vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre o escândalo do INSS teve resultado modesto. As publicações de aliados do governo somaram, juntas, 5,5 milhões de visualizações, o que corresponde a apenas 4,1% do alcance obtido pelo parlamentar mineiro.
Na terça-feira, 6, Nikolas publicou um vídeo em que associa o esquema de descontos não autorizados nos benefícios do INSS ao atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O deputado classificou o caso como “o maior escândalo da história”, citando um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) para reforçar as críticas e destacar que a maior parte das denúncias de descontos irregulares ocorreu durante a atual gestão.
Dois dias depois, o ministro da CGU, Vinicius Carvalho, respondeu às acusações em vídeo, como parte de uma estratégia articulada em reunião no Palácio do Planalto para tentar conter a narrativa da oposição, segundo informações do jornal O Globo.

Na gravação, Carvalho afirma que as investigações no INSS começaram em 2017 e que R$ 6 bilhões em fraudes já foram identificados em uma operação conjunta com a Polícia Federal. Ele também esclareceu que os R$ 90 bilhões mencionados pela oposição se referem ao total de créditos consignados liberados em 2023.
Apesar do esforço, o vídeo publicado nos perfis oficiais do ministro e da pasta teve apenas 965,6 mil visualizações até esta sexta-feira, 9. Enquanto isso, o vídeo de Nikolas Ferreira já acumulava impressionantes 134 milhões de visualizações na mesma data.
Janones Consegue Melhor Desempenho, Mas Também Fica Atrás de Nikolas
A “tropa de choque” do governo inclui ainda nomes como o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), que em seu vídeo atribuiu as fraudes à gestão de Jair Bolsonaro.
O mesmo discurso foi repetido pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS), recentemente demitido da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, e pela ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que publicou no X (antigo Twitter) uma lista das “mentiras que a oposição bolsonarista está espalhando nas redes”.

No entanto, essas postagens também apresentaram alcance limitado:
A publicação de Gleisi Hoffmann contabilizava 203,6 mil visualizações;
O vídeo de Lindbergh Farias atingiu 534 mil visualizações.
Entre os aliados do governo, quem obteve a melhor performance foi o deputado André Janones (Avante-MG), que publicou um vídeo no dia seguinte à operação da Polícia Federal, antes mesmo da publicação de Nikolas. Sua postagem somava 3,7 milhões de visualizações até esta sexta-feira.
Lupi teria sido alertado sobre fraudes no INSS em 2023, apontam documentos
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), teria sido alertado em junho de 2023 sobre prováveis irregularidades em descontos não autorizados na folha de pagamento de aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Durante uma reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), presidido por Lupi, uma conselheira, Tonia Galleti — representante dos aposentados e pensionistas — teria pedido que fosse iniciada uma discussão sobre os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) das entidades que possuem desconto de mensalidade junto ao INSS.
A informação, dada pelo Jornal Nacional no último sábado (26), é que o pedido da conselheira teria sido negado, apesar de ela reforçar que havia “inúmeras denúncias feitas”.

Galleti solicitou ainda que fosse apresentada a quantidade de entidades que possuem ACTs no INSS, a curva de crescimento dos associados nos 12 meses anteriores e uma proposta de regulamentação que garantisse mais segurança aos trabalhadores, ao INSS e aos órgãos de controle.
Esse pedido também teria sido negado por Lupi.
Segundo a ata da reunião, o ministro registrou que a solicitação era “relevante”, mas que não poderia atendê-la de forma imediata.
Ele teria, então, pedido para que o tema fosse pautado como primeiro item da próxima reunião do conselho, o que não aconteceu.
O assunto só voltou a ser tratado pelo conselho em abril de 2024, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) já estava concluindo uma investigação sobre as irregularidades no INSS, e a Controladoria-Geral da União (CGU) estava com uma auditoria em andamento, mostrando que o volume de descontos triplicou em menos de um ano, chegando a quase R$ 250 milhões por mês.
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