Fiocruz aponta que 72,5% dos óbitos pela síndrome estão relacionados à influenza A. No estado de São Paulo, já tem hospital sem vaga. Vacinação contra a gripe está baixa pelo país e a grande preocupação é com idosos e crianças até 2 anos.

Recentemente, o Brasil tem observado um preocupante aumento nos casos de Síndrome respiratória aguda grave (SRAG), uma condição que pode levar a sérias complicações respiratórias e até à morte.

Diversas regiões estão em alerta, com alguns estados e municípios chegando a decretar situação de emergência em saúde pública para lidar com a crescente demanda por atendimento.

Além da Covid-19, vírus como o Influenza A e B, e o Vírus sincicial respiratório (VSR), têm contribuído para essa alta, especialmente agora que estamos no outono, estação em que geralmente a circulação desses agentes é favorecida – o que reforça a necessidade de vigilância e prevenção.

Enquanto a procura para a vacinação contra a gripe está baixa, os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) estão em alta em mais de 20 estados pelo país. No estado de São Paulo já tem hospital sem vaga. No estado, somente três em cada dez pessoas do grupo prioritário tomou vacina até esta segunda-feira (2). E sem proteção, a gripe atinge mais pessoas.

A grande preocupação é com idosos e crianças até 2 anos, que registram uma taxa alta de mortalidade por causa da doença.

De acordo com a Fiocruz os casos de SRAG por influenza A têm atingido níveis de incidência de moderada a muito alta em jovens, adultos e idosos. Por outro lado, a incidência tem sido maior em crianças pequenas, seguida pela população idosa.

A fundação aponta que 72,5% dos óbitos por SRAG estão relacionados à influenza A.

Marília decreta emergência em saúde pública por aumento de 65% nos casos de Síndromes Respiratórias

A Prefeitura de Marília decretou estado de emergência em saúde pública devido ao aumento expressivo dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no município.

Segundo o decreto publicado no Diário Oficial do Município nesta sexta-feira (30), dados da Vigilância Epidemiológica apontam um crescimento de 65,9% nos atendimentos por SRAG nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) 24 horas entre os meses de janeiro e abril. Em janeiro, foram registrados 1.658 atendimentos nas UPAs Norte e Sul. Já em abril, o número subiu para 2.751.

A área pediátrica tem sido uma das mais impactadas. Apenas no mês de abril, mais de 1.150 crianças foram atendidas nas UPAs com sintomas respiratórios.

O estado de emergência terá a vigência de 90 dias, podendo o prazo ser prorrogado conforme a evolução dos indicadores epidemiológicos e de atendimentos nas unidades de saúde.

O boletim alerta para o aumento da mortalidade entre idosos e crianças de até dois anos. A incidência da doença é considerada de moderada a muito alta entre jovens, adultos e idosos. Informações extra oficiais relatam que pelo menos três óbitos já foram registrados, mas, no entanto, e como de praxe a prefeitura não divulga números a respeito do assunto, a exemplo do que ocorre com a dengue, cujo a nossa reportagem obtém informações direto da secretaria estadual.

Em Jundiaí, hospital atende com 32% acima da capacidade e apenas 38% do público-alvo tomou a vacina

Em Jundiaí (SP), o hospital São Vicente de Paulo, que é referência de atendimento pelo SUS para a região, tem 242 leitos, mas no momento, há 321 pacientes. Ele está com 32% acima da capacidade.

Imagens mostram que uma das salas do hospital tem pelo menos quatro pacientes em macas. Na recepção, também tem muita gente à espera por atendimento.

Segundo um dos relatos que o Bom Dia Brasil recebeu, um idoso de 74 anos esperou 11 horas para ser atendido. Essa superlotação ocorre porque as cidades do entorno estão mandando os pacientes para a região. Além do São Vicente, o Hospital Universitário de Jundiaí também está lotado e até a maternidade está sendo usada.

No fim da semana passada, a prefeitura de Jundiaí se reuniu com prefeituras dos cinco municípios que estão mandando pacientes para a região. No encontro, ficou decidido que as cidades precisam dar conta de atender essas pessoas.

O mais grave dessa situação é o baixo índice de vacinação. Em Jundiaí, apenas 38% do público-alvo tomou a dose contra a gripe.

Em São Luís (MA), vacinação do público prioritário está abaixo de 30%; estado já registrou 89 óbitos por SRAG este ano

No Maranhão, o aumento dos casos de síndrome respiratória aguda grave não para de aumentar. No dia 27 de maio, o governo contabilizava 1.303 casos. No dia 30, já eram 1.680. Um aumento de 377 casos em apenas quatro dias. As crianças de até 4 anos são as mais atingidas.

Entre o público prioritário, idosos, crianças e gestantes, a taxa de vacinação está abaixo dos 30%.

Três cidades do interior do Maranhão chegaram a suspender as aulas por causa do aumento de casos. Somente neste ano, o estado já registrou 89 óbitos por síndrome respiratória aguda grave.

Um hospital de campanha começou a funcionar no fim de semana em São Luís. Ele foi montado porque outras unidades de saúde não estão dando conta de atender pacientes com sintomas respiratórios.

No primeiro fim de semana em funcionamento, foram atendidos 160 pacientes. O atendimento vai de 7h até meia noite e é para pessoas com sintomas como tosse, febre e mal-estar. O hospital atende apenas a idosos e adultos. Não tem atendimento para crianças.

Em Porto Alegre, os postos de saúde abriram pela primeira vez no domingo, por causa do aumento de casos de doenças respiratórias. Na cidade, a cobertura entre crianças ainda é baixa, mesmo sendo o grupo com mais internações.

Somente neste domingo (1°), cerca de 290 pessoas com sintomas leves foram atendidas. E mais de 700 vacinas contra a gripe foram aplicadas. O atendimento aos finais de semana continua até o dia 31 de agosto. A partir do próximo fim de semana, as Unidades Básicas de Saúde também vão passar a abrir aos sábados.

A vacina contra a influenza está liberada para todas as idades, a partir dos 6 meses, e leva cerca de 15 dias para fazer efeito.

Síndrome respiratória aguda grave (SRAG): o que é? 

Síndrome respiratória aguda grave (SRAG) não é uma doença em si, mas uma complicação que pode surgir a partir de diversas infecções respiratórias. Ela se caracteriza por um quadro de insuficiência respiratória, em que o indivíduo apresenta grande dificuldade para respirar devido a acometimento dos alvéolos pulmonares, os pequenos sacos de ar responsáveis pelas trocas gasosas nos pulmões.

De forma mais técnica, a SRAG pode ser indicada por sintomas como dispneia (falta de ar), desconforto respiratório, queda na saturação de oxigênio no sangue (abaixo de 95% em ar ambiente) e, em casos mais críticos, choque ou falência respiratória.  

O que causa a Síndrome respiratória aguda grave? 

As causas mais comuns de SRAG são virais e os vírus mais frequentemente associados à SRAG são: 

  • Vírus Influenza (gripe): Especialmente os tipos A e B. A Influenza A tem sido uma causa importante de hospitalizações e mortalidade por SRAG, principalmente em idosos. 
  • Vírus Sincicial Respiratório (VSR): é uma das maiores causas de infecções respiratórias graves, como bronquiolite e pneumonia, em recém-nascidos e crianças pequenas. Também pode ser grave em adultos, especialmente idosos ou aqueles com comorbidades. 
  • Coronavírus: em especial, o SARS-CoV-2, associado aos casos de SRAG durante a pandemia por Covid-19

Outros vírus respiratórios – como o rinovírus – também podem contribuir para o desenvolvimento da SRAG.  

Vale lembrar que as baixas temperaturas típicas do outono/inverno, e a maior concentração de pessoas em ambientes fechados, facilitam a transmissão desses agentes infecciosos. 

Sintomas da SRAG 

Os sintomas da SRAG são predominantemente respiratórios e indicam um comprometimento da função pulmonar. Os principais são: 

  • Dificuldade para respirar (dispneia) ou respiração acelerada; 
  • Sensação de peso ou dor no peito;
  • Lábios e extremidades arroxeadas (cianose), indicando baixa oxigenação; 
  • Saturação de oxigênio no sangue inferior a 95%; 
  • Febre, que pode ser alta (acima de 38°C) e persistente; 
  • Tosse, que pode ser seca ou produtiva; 
  • Piora de uma doença respiratória de base. 

Outros sintomas que podem estar presentes, dependendo do agente causador e da gravidade, incluem: coriza, dor de garganta, dores musculares e de cabeça, cansaço extremo, perda de apetite e, em crianças, desidratação.

Em casos de SRAG causada pelo SARS-CoV-2, sintomas como diarreia, sudorese noturna, calafrios e confusão mental também podem surgir. 

Possíveis complicações 

A SRAG é, por si só, uma complicação grave de uma infecção respiratória. No entanto, ela pode levar a outras consequências sérias e, em alguns casos, fatais. Entre as complicações, temos: 

  • Necessidade de suporte de oxigênio e, frequentemente, ventilação mecânica (internação em UTI). 
  • Pneumonia grave ou pneumonia atípica: a SRAG frequentemente se manifesta com pneumonia e pode haver complicações como abscessos pulmonares ou fibrose pulmonar residual em alguns casos. 
  • Choque séptico: resposta inflamatória generalizada do corpo à infecção, que pode levar à falência de múltiplos órgãos. 
  • Complicações renais e hepáticas. 

Em pacientes com comorbidades cardíacas, pulmonares ou outras, a SRAG pode descompensar essas condições.  

Vale mencionar ainda que a SRAG possui uma taxa de letalidade considerável, especialmente entre idosos, crianças pequenas e indivíduos com sistema imunológico comprometido ou com comorbidades. 

Quando procurar por um médico? 

É fundamental procurar atendimento médico imediato ao identificar sinais de alerta para SRAG. A intervenção precoce pode ser decisiva. Procure uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou pronto-socorro se apresentar:

  • Dificuldade para respirar ou falta de ar. 
  • Saturação de oxigênio abaixo de 95%. 
  • Piora significativa de uma doença respiratória preexistente. 
  • Febre persistente por mais de três dias, ou que retorna após um período de melhora. 
  • Dor no peito intensa. 
  • Lábios ou extremidades arroxeadas. 

Em crianças pequenas, sinais como respiração rápida, dificuldade para mamar ou se alimentar, irritabilidade excessiva, gemência ou retração da pele entre as costelas ao respirar também exigem avaliação médica urgente

Exames que auxiliam no diagnóstico 

O diagnóstico da SRAG é baseado na avaliação clínica dos sintomas e sinais do paciente, mas exames complementares são essenciais para confirmar a gravidade, identificar o agente causador e orientar o tratamento. Entre eles, temos: 

  • Oximetria de pulso: mede a saturação de oxigênio no sangue, um indicador chave da função respiratória. 
  • Raio-x de Tórax; costuma ser o primeiro exame de imagem realizado para avaliar os pulmões, podendo mostrar consolidações ou outras alterações pulmonares. É útil para diagnosticar diversas condições pulmonares e cardíacas, sendo rápido e essencial em emergências. 
  • Tomografia do Tórax (TC): fornece imagens mais detalhadas dos pulmões e do tórax em geral, sendo muito útil para confirmar diagnósticos, avaliar a extensão do comprometimento pulmonar e detectar complicações. É exame de referência para investigar urgências vasculares, detectar precocemente câncer de pulmão e caracterizar infecções como Covid-19 e pneumonias graves. 
  • RT-PCR: considerado teste sensível para detectar material genético de vírus como Influenza, VSR e SARS-CoV-2. As amostras são geralmente coletadas da nasofaringe ou orofaringe. 
  • Testes rápidos de antígeno: podem fornecer resultados mais rápidos para alguns vírus, como Influenza, VSR e SARS-CoV-2, embora sejam menos sensíveis que o PCR. 

Além disso, culturas de secreções respiratórias ou sangue podem ser feitas para identificar bactérias. Exames de sangue podem avaliar marcadores inflamatórios e a função de outros órgãos. 

Formas de prevenir a Síndrome respiratória aguda grave 

A prevenção da SRAG passa pela prevenção das infecções respiratórias que a causam. Entre elas, a principal medida seria a vacinação, dirigida para os vírus mais comumente associados a SRAG: 

  • Vacina Influenza (Gripe) 
  • Vacina Covid-19 
  • Vacina VSR

A vacina VSR é recomendada para gestantes (para proteger o bebê através da passagem de anticorpos) e idosos (especialmente aqueles com comorbidades). 

Em gestantes, a vacina VSR deve ser preferencialmente administrada entre a 32ª e a 36ª semanas de gestação. Já para bebês de alto risco, o uso de anticorpos monoclonais como o Nirsevimabe pode ser também indicado. 

É fundamental também manter o calendário vacinal da criança e do idoso em dia para outras doenças respiratórias preveníveis, como a pneumonia pneumocócica que, além dos extremos da idade, acomete também grupos de risco como pessoas com condições de imunossupressão, asmáticos e diabéticos.

São também fortemente recomendadas as seguintes medidas: 

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos, ou usar álcool em gel. 
  • Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar, preferencialmente com lenço descartável ou com o antebraço. 
  • Utilizar máscaras, especialmente em ambientes fechados, mal ventilados, com aglomeração de pessoas, ou ao apresentar sintomas gripais. 
  • Evitar aglomerações e contato próximo com pessoas doentes. 
  • Manter os ambientes ventilados. 
  • Higienizar com frequência objetos e superfícies. 

Tratamento 

Não existe um tratamento específico para a SRAG. O foco é dar suporte ao organismo enquanto ele combate a infecção subjacente e gerenciar as complicações respiratórias. Entre as medidas, temos: 

  • Suporte de oxigênio: para corrigir a baixa oxigenação no sangue (hipoxemia), desde cateteres nasais até máscaras de oxigênio com alto fluxo. 
  • Ventilação mecânica: usada nos casos de insuficiência respiratória grave em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 
  • Tratamento sintomático: uso de analgésicos e antitérmicos para aliviar dor e febre. 
  • Fisioterapia respiratória: ajuda a mobilizar as secreções e melhorar a função pulmonar. 
  • Manutenção da hidratação e do estado nutricional do paciente, condições fundamentais para a sua recuperação. 
  • Corticosteroides: podem ser usados em alguns casos para reduzir a inflamação pulmonar, mas seu uso depende da causa e do estágio da doença, sendo uma decisão médica.

Antivirais são usados se a causa for Influenza ou SARS-CoV-2. Nestes casos, medicamentos podem ser prescritos, e podem ser benéficos especialmente se iniciados precocemente. Já os antibióticos são utilizados apenas se houver suspeita ou confirmação de infecção bacteriana secundária.

O tratamento da SRAG é complexo e requer acompanhamento médico intensivo em ambiente hospitalar.

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