Katelyn Ohashi: a ginasta que encantou o mundo voltou a ser feliz.

Além das barras e do tablado, ela hoje é uma das grandes campeãs de acesso nas redes sociais com suas apresentações acrobáticas que encantam a todos. Porém, quem assiste aos reels, fica na incógnita sobre o destino desta encantadora ginasta.

Com apenas três anos, Katelyn Ohashi já fazias as piruetas pelas quais, anos mais tarde, ficaria conhecida. Começou em Seattle, no estado de Washington, onde o seu talento natural foi rapidamente valorizado, mas a ambição da menina era demasiado grande para a pequena cidade onde vivia. Aos nove anos, mudou-se para o Missuri, juntando-se ao ginásio ​Great American Gymnastics Experience.

Três anos depois rumou ao Texas, inscrevendo-se na World Olympic Gymnastics Academy, escola de formação de onde saíram as campeãs olímpicas Carly Patterson (Atenas, 2004) e Nastia Liukin (Pequim, 2008).

Katelyn Ohashi: a ginasta que encantou o mundo voltou a ser feliz
Com um sorriso nos lábios e uma energia contagiante, a jovem realizava piruetas, espargatas e saltos mortais estonteantes que desafiavam a gravidade e deixavam o público pregado às cadeiras. A pura alegria que Katelyn Ohashi demonstrava durante 90 segundos eclipsou, ainda que de forma momentânea, as lágrimas derramadas e as dores das lesões nas costas e nos ombros, que a impediram de participar nos Jogos Olímpicos em 2016. 

Mas não foram apenas os problemas físicos que ditaram o seu afastamento. A verdade é que a pressão inerente à alta competição estava a afectá-la. “Nunca ninguém soube o que estava a passar e também nunca podia dizer ou publicitar o que estava mal em mim”afirmou em Agosto ao The Players Tribune, confessando que até se sentiu “feliz por estar lesionada”.

Na altura, não conseguia deixar de ler e reler os comentários negativos nas redes sociais às suas prestações desportivas e à sua forma física. E nunca ficava indiferente. “Disseram-me que era uma vergonha como tinha ficado tão grande. Fui comparada com um pássaro que não conseguia voar. Isto eram coisas que ouvia ainda antes de me lesionar, quando era magra, e pensava o que diriam depois de ter ganho algum peso [após as lesões]. Não me conseguia aceitar. A ginástica era o meu mundo, a minha vida.” Tudo isto (quase) estilhaçou um sonho que vem, praticamente, desde o berço.

Lesão custou oportunidade olímpica

A paixão inocente que ligava Ohashi à ginástica foi desaparecendo. Medalhas, prémios e distinções começaram a comandar a vida da ginasta. Por alguns meses, falhou o limite mínimo de idade para a equipa de ginástica dos EUA e, por isso, os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, transformaram-se numa miragem. Coincidentemente, os próximos seriam no Brasil, no ano de 2016.

Durante três anos, Ohashi batalhou e venceu dezenas de prémios mas, em 2015, uma lesão nas costas deitou tudo a perder. Uma intervenção cirúrgica obrigou a nova paragem. Foi nesse momento que decidiu abandonar a competição de elite e juntar-se à equipa da Universidade da Califórnia, as UCLA Bruins. A alegria que sentia enquanto criança voltou e Ohashi não se arrepende de ter mudado para a competição universitária.

“A Val [treinadora] e a UCLA fizeram com que tivesse um novo objectivo e um caminho a seguir, um que me fizesse voltar a amar o desporto. Olhei muito para a minha treinadora. A minha mãe não estava propriamente contente por ter abandonado a ginástica profissional e ir para a faculdade, mas depois viu como eu estava contente. Foi uma mudança que me fez sentir uma pessoa de novo”.

“A ginástica pode ser um desporto demasiado brutal, mas não acho que seja suposto ser assim. Espero que nos próximos dez ou 20 anos não seja assim e que existam atletas a deixar o desporto sem ficarem tocados por ele. Esse devia ter sido o meu caminho, há muito tempo que não estava tão feliz. Agora não se trata de ganhar medalhas ou ir a pódios, é sair com um sorriso na cara, feliz comigo mesma. E isso vem primeiro”, garantiu a jovem ginasta.

Sensação da ginástica artística universitária dos Estados Unidos, Katelyn Ohashi se despediu das competições com uma nota 10 no solo. A ginasta de 22 anos, que viralizou com uma série ao som de Michael Jackson, disputou no Aurora Games, um festival para promover o esporte feminino, em Albany, nos Estados Unidos. Desta vez a coreografia foi ritmada pela música “Proud Mary”, na voz de Tina Turner.

Katelyn ajudou a Universidade da Califórnia (UCLA) a conquistar o título da forte liga americana, a NCAA, em 2018. Suas séries encantaram o mundo, cheias de carisma. Só que a ginasta se formou neste ano e deixou as competições universitárias.

A ginasta americana Katelyn Ohashi encerrou a carreira artística aos 22 anos devido a lesões que impediam a sua participação em categorias superiores. Ohashi sofreu uma fratura nas costas que a obrigou a uma segunda cirurgia e a ouvir dos médicos que poderia não voltar a competir. 

A pressão para manter o corpo esguio e executar movimentos perfeitos tirou-lhe a alegria dos treinos e levou-a a desenvolver depressão e uma doença de pele chamada ganuloma anular.

“A recompensa após anos de abusos”

Katelyn Ohashi chegou a integrar as formações juniores da equipa de ginástica feminina dos EUA que há um ano esteve na ordem do dia devido ao escândalo de Larry Nassar, o antigo médico que centenas de atletas acusaram de ter cometido abusos sexuais. Nassar ficará preso até ao fim dos seus dias e a jovem ginasta comemorou a condenação. “É uma forma de dar apoio a todas as pessoas que se chegaram à frente. Estamos aqui para as apoiar, para encorajá-las a partilhar a sua história e ajudar quem está a passar pelo mesmo”, disse ao The Daily Bruin

Agora, “após anos de abusos”, encara a ginástica universitária como uma “recompensa”. “É tempo de descobrir, sarar, aprender, crescer e divertirmo-nos”, escrevia a ginasta no Instagram há um ano. Será que algum dia voltará ao mundo da alta competição? Talento não lhe falta.

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