Transporte coletivo gratuito vai impactar positivamente orçamento de famílias com menor renda. A iniciativa anunciada na quarta-feira (12) pelo prefeito Renan Pontelli vai ampliar mobilidade urbana e trazer benefícios ambientais

Enquanto o prefeito de Marília tenta emplacar com imagens desafiantes no globo da morte em um circo instalado na cidade para conseguir likes nas redes sociais, alguns prefeitos procuram efetivar políticas públicas que possam impactar na melhoria da qualidade de vida de seus munícipes.

É o caso do prefeito de Tupã, Renan Pontelli que acaba de seguir o exemplo da cidade de Lins, adotando o TARIFA ZERO no transporte coletivo em uma forma de contemplar a classe operária e, ao mesmo tempo, se preocupando com a mobilidade urbana e o meio ambiente.

Após realizar uma vistoria em todas as linhas e nos trajetos na segunda-feira, o prefeito Renan Pontelli anunciou na quarta-feira que, a partir do dia 1 de maio, a cobrança de tarifas para o transporte público será suspensa em toda a cidade e nos distritos e a utilização dos ônibus circulares será totalmente gratuita. A iniciativa visa ampliar a mobilidade urbana e vai gerar economia significativa aos usuários, principalmente os de baixa renda.

Com a gratuidade, um trabalhador que utiliza o transporte público para se deslocar até seu local de trabalho vai economizar, pelo menos, cerca de R$ 100,00 todos os meses. Essa quantia representa uma fatia considerável do salário mínimo. “Transporte público de qualidade e gratuito. Para um trabalhador, isso representa um aumento no poder de compra do salário, já que o valor gasto diariamente com passagens pode ser aplicado de outras maneiras”, comparou o prefeito Renan Pontelli.

O chefe do Executivo lembrou que a ação tem ainda outros impactos, principalmente sobre a questão ambiental. “Com a gratuidade, existe uma tendência de que mais pessoas passem a utilizar o transporte público. Com isso, haverá uma redução na emissão de poluentes, já que o número de veículos em circulação tende a diminuir”, avaliou.

Para garantir que o sistema público de transporte seja efetivo e atenda às necessidades de toda a população, o intervalo de horário será reduzido, com mais carros circulando.

A Prefeitura vai fazer um estudo para determinar a periodicidade e, caso necessário, pode ampliar, inclusive, o número de paradas. “A ideia é atender de maneira positiva às necessidades da população”, explicou Emerson Santana. coordenador da VLP, empresa responsável pelos coletivos que circulam em Tupã.

Saiba como as cidades implantaram a tarifa zero no transporte público e quais as principais vantagens.

De acordo com o Publicado primeiro em Portal do Trânsito, Mobilidade & Sustentabilidade, a repercussão do “movimento tarifa zero” gerou cidades com transporte público com tarifas a custo zero para a população. No fim de 2023, a Folha de S.Paulo divulgou, por meio de dados do pesquisador da USP, Daniel Santini, que já são 85 cidades brasileiras com passe livre.

Atualmente, de acordo com recente relatório técnico (“Tarifa Zero nas Cidades Brasileiras”) publicado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) são 128 cidades no país com algum tipo de tarifa zero, sendo que em 108 a prática é universal (gratuidade em todas as linhas, todos os dias). 

O estado de São Paulo é que possui o maior número de municípios com passe livre, com 25 municípios aderidos à prática. O índice é seguido por Minas Gerais (23), Paraná (10) e Rio de Janeiro (9).

O pesquisador sobre direito à mobilidade Daniel Santini reúne informações sobre cidades que oferecem ônibus totalmente gratuitos à população.

A base de dados é atualizada regularmente, conforme anúncios oficiais e colaboração de pesquisadores e internautas. Segundo o levantamento, a adesão ao passe livre sofreu um “boom” em 2023, quando 36 cidades zeraram a tarifa do transporte coletivo.

De acordo com Santini, mestre em planejamento Urbano e regional na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), o sistema de transporte público está em crise, impulsionada por diversos fatores, como diminuição de passageiros e a “plataformização” de serviços de viagens, que provocam concorrência desleal no mercado.

O pesquisador acrescenta que, mesmo antes da pandemia da Covid-19, as empresas já sofriam com a diminuição de passageiros. “É uma tendência de queda que já vinha ocorrendo mesmo antes da Covid-19, mas se acentuou com a pandemia”, comenta.

Acesso a outros direitos’

Mais do que preservar a renda familiar, a gratuidade nos ônibus promove a democratização dos espaços públicos, colabora com a economia local, diminui a poluição na atmosfera e impacta de forma positiva nas estatísticas de acidentes de trânsito.

Conforme estudos de Santini, as populações mais pobres são as mais beneficiadas com o passe livre. “Todos os casos que a gente sistematizou dados, revelam uma explosão de demanda, especialmente em áreas mais pobres. Isso indica de maneira muito concreta que tem uma parte da população que está segregada, que simplesmente não se desloca em função do custo.

“Ampliar a possibilidade de acesso às políticas de gratuidade elas oferecem aí uma possibilidade maior de desfrutar o direito à cidade, de ter as pessoas se locomovendo efetivamente. (…) O direito à mobilidade dá acesso a outros direitos”, completa.

Menores índices de acidentes

Outro efeito importante provocado pelo uso do transporte público é a diminuição no número de acidentes de trânsito.

“Um sistema de mobilidade baseado no transporte motorizado individual, necessariamente eu vou ter um alto índice de ocorrência de trânsito, ou seja, muita gente vai morrer. É o que a gente já se acostumou, passou a considerar como algo natural, mas que a gente não deveria aceitar”, pontua o pesquisador.

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