
Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (14/4), o médico-chefe da equipe cirúrgica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Claudio Birolini — responsável pela operação realizada no último sábado (12/4) —, afirmou que o problema não foi 100% resolvido e que “novas aderências vão se formar”.
“As aderências vão se formar, isso aí é inevitável. Um paciente que tem um abdômen hostil, por mais que você solte tudo, essas aderências vão se formar”, informou Birolini em entrevista no Hospital DF Star, em Brasília.
Nesse domingo (13/4), o ex-presidente foi submetido a uma cirurgia que durou 12 horas. O procedimento médico começou às 10h e teve como objetivo liberar aderências intestinais e reconstruir a parede abdominal.
De acordo com o médico-chefe, não é possível dizer que o problema do ex-presidente está resolvido. “No pós-operatório imediato, essas aderências vão se formar, e isso faz com que a recuperação, nesses próximos dias, seja um pouquinho mais lenta, e a gente não tenha nenhuma intenção em acelerar isso daí”, analisou o profissional.

Claudio Birolini também destacou que, em um futuro médio ou longo prazo, realmente podem surgir as chamadas “aderências bridas”, e que cada caso será analisado de forma individualizada.
Aderências bridas são estruturas fibrosas de tecido que geralmente se formam após uma cirurgia ou inflamação abdominal. Esses tecidos de cicatrização podem unir diferentes órgãos da cavidade abdominal.
Leandro Echenique, médico cardiologista, classificou a cirurgia de Bolsonaro como “extremamente complexa”. “Tinha muita aderência (no intestino), mas o resultado foi excelente”, disse. “Não houve complicação, e todas as medidas preventivas serão tomadas”, completou.
“Ele está acordado, consciente e já fez uma outra piadinha ali”, afirmou.

Internado em Brasília
Bolsonaro está internado em Brasília desde a noite de sábado (12/4), depois de ser transferido de Natal (RN), onde precisou ser hospitalizado às pressas na sexta-feira (11/4), para tratar quadro de subobstrução intestinal.
O ex-presidente passou mal enquanto cumpria agenda no interior do Rio Grande do Norte e foi transferido de helicóptero para Natal. Ele se queixou de fortes dores.
O médico pessoal do ex-presidente, Cláudio Birolini, chegou a afirmar que, apesar de não ter acompanhado presencialmente as outras ocasiões, o quadro enfrentado por Bolsonaro na sexta foi o pior desde a facada sofrida durante a campanha presidencial de 2018. O estado de saúde é estável.
Por que Bolsonaro trocou de médico para a nova cirurgia

Após ao menos cinco procedimentos cirúrgicos no intestino com cirurgião Antonio Macedo em São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro trocou de médico para a cirurgia que realizou no domingo (13/4).
O procedimento foi realizado no hospital DF STar, em Brasília, e foi coordenado pelo cirurgião Cláudio Birolini, diretor do Serviço de Cirurgia Geral Eletiva do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Segundo integrantes do clã Bolsonaro, a decisão de trocar o médico foi da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente da República.

Um dos motivos estaria relacionado à ex-deputada federal Amália Barros (PL-MT), que morreu em 2024 após uma série de cirurgias para tirar um nódulo benigno no pâncreas feitas por Macedo.
O cirurgião chegou a ser contatado pelo ex-ministro Gilson Machado na madrugada da sexta-feira (11/4), quando Bolsonaro começou a sentir fortes dores abdominais no Rio Grande do Norte.
Macedo instruiu o ex-ministro, que é médico veterinário, a dar alguns remédios a Bolsonaro e se colocou à disposição para viajar a Natal para operar Bolsonaro lá. Michelle e Flávio, contudo, optaram por outro médico.
Permanecerá na UTI sem previsão de alta, dizem médicos

A previsão de Claudio Birolini, chefe da equipe que conduziu a cirurgia, é de que Bolsonaro permanecerá na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) após deixar o centro cirúrgico. “Nosso objetivo é que ele volte a ter uma vida normal, sem restrições”.
A recomendação dos médicos é de que o ex-presidente não receba visitas. De acordo com Leandro Echenique, cardiologista que acompanha Bolsonaro desde 2018, o ex-presidente está recebendo antibióticos de forma preventiva e passa por fisioterapia.
Echenique ressaltou que a cirurgia realizada pelos médicos é complexa. “Quando há um procedimento prolongado como este, o organismo do paciente fica muito inflamado. Isso pode ocorrer no pós-operatório, é comum”, comentou.
O médico disse ainda que não há expectativas de uma evolução rápida, já que o ex-presidente só poderá se alimentar por nutrição parenteral — administração de nutrientes diretamente na corrente sanguínea — enquanto seu órgão se recupera da cirurgia.
“A situação do presidente, era um abdômen hostil, várias cirurgias prévias e uma parede abdominal bastante prejudicada. Isso nos antecipava que seria um procedimento complexo e trabalhoso”, comentou Birolini, acrescentando que as complicações que Bolsonaro sofreu são consequência das cirurgias que o ex-presidente precisou fazer desde que sofreu uma facada durante a campanha eleitoral de 2018.
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