Todos os anos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil realiza, a CNBB, no período da Quaresma, a Campanha da Fraternidade.

Todo ano, um tema novo é escolhido e trabalhado nas igrejas católicas e em outras comunidades cristãs, como forma de despertar a solidariedade de fiéis e a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de solução.

Este ano, o tema proposto é “Cristo é a nossa Paz: do que era dividido fez uma unidade”, com o lema “Fraternidade e diálogo: Compromisso de Amor”.

Mas ao invés de unir, a proposta, aparentemente, desuniu fiéis. E católicos mais fervorosos estão se manifesta contra a proposta nas redes sociais.

Imagens com os dizeres “Eu digo não à Campanha da Fraternidade 2021”.

O texto-base da campanha deste ano, entre outros pontos, condena a violência contra homossexuais, os colocando como vítimas de intolerância, o que teria despertado a ira de católicos conservadores

O texto também reforça a importância do diálogo frente à polarização –  e ainda ressalta que mulheres, especialmente as negras e as indígenas, são as maiores vítimas do “sistema de violência” no Brasil.

Defensores da campanha explicam que a ideia principal do texto que orienta a campanha é mostrar que o diálogo é melhor testemunho, destacando que Jesus ensinou a seguir pelo caminho da unidade na diversidade.

No entanto, líderes do movimento contra a campanha afirmam que ela promove subversão dos princípios e das instituições cristãs.

Um abaixo assinado organizado pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, uma associação que se define como “tradicionalista católica”, alega que “falseando o sentido principalmente espiritual da Quaresma, a Campanha da Fraternidade serve de pretexto para o avanço da agenda revolucionária da Teologia da Libertação.”

Outro grupo tradicional católico, o Centro Dom Bosco, divulgou nota afirmando que o texto-base da Campanha da Fraternidade de 2021 tem conteúdo considerado esquerdista e de apoio aos direitos LGBT, a ideologia de gênero e condescendência com a pedofilia.

A presidência da CNBB, também em nota, se defendeu dos ataques. Diz que o evento deste ano foi baseado nas doutrinas do Conic, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs.

Em um dos pontos, a nota aborda a questão de gêneros. E diz que: “A doutrina católica sobre as questões de gênero afirma que “gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero é, portanto, maleável sujeito a influências internas e externas à pessoa humana, mas deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo”.

Ao fim, a CNBB garante que “a Igreja tem sua doutrina estabelecida a respeito das questões de gênero” e que a Campanha se mantém fiel a ela.

Durante a Campanha da Fraternidade, também são arrecadados recursos, e a CNBB garante que os valores arrecadados este ano “serão aplicados em situações que não agridam os princípios defendidos pela Igreja Católica”

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.