Neste sábado (23), a brasileira confirmou o favoritismo e venceu com sobras a prova no Campeonato Mundial de Kitakyushu, no Japão.

Medalhista olímpica de ouro no salto há menos de três meses, a ginasta Rebeca Andrade agora também é campeã mundial no aparelho. Neste sábado (23), a brasileira confirmou o favoritismo e venceu com sobras a prova no Campeonato Mundial de Kitakyushu, no Japão.

A média de seus dois saltos foi 14,966, bem acima da segunda colocada, a italiana Asia D’Amato, com 14,083. Na classificação, Rebeca já havia ficado confortavelmente à frente das concorrentes, com média 14,800.

A russa Angelina Melnikova, única entre as outras finalistas dos Jogos de Tóquio a também marcar presença na final em Kitakyushu, foi bronze (13,966).

A brasileira de 22 anos conquistou sua primeira medalha em Mundiais e se juntou a outros quatro representantes do país que já obtiveram a primeira posição: Daiane dos Santos, Diego Hypolito, Arthur Zanetti e Arthur Nory.

Na ginástica feminina, o Brasil tinha até então duas medalhistas além de Daiane, ouro no solo em 2003: Jade Barbosa, com dois bronzes, um deles também no salto, em 2010, e Daniele Hypolito, prata no solo em 2001.

O primeiro Mundial após as Olimpíadas costuma ser desfalcado de estrelas e tem apenas as disputas individuais. Esta é a primeira vez desde 1996 que a competição é realizada no mesmo ano dos Jogos Olímpicos, em razão das mudanças de calendário provocadas pela pandemia.

Sem Simone Biles na disputa, Rebeca é tratada como principal nome do evento, ao lado do atleta da casa Daiki Hashimoto, e justificou neste sábado seu novo papel como celebridade do esporte.

Por opção dela e da Confederação Brasileira de Ginástica antes da competição, Rebeca não se apresentou no solo. Com isso, também não disputou medalha no individual geral (em que as ginastas competem nos quatro aparelhos).

A performance no tablado é a mais exigente para os joelhos, parte do corpo especialmente sensível para a atleta. Ela já passou por três cirurgias no joelho direito e, por causa disso, perdeu os Mundiais de 2015, 2017 e 2019.

Agora, além de aproveitar o momento especial de brilho na carreira, ela também deseja se poupar com os Jogos Olímpicos de Paris-2024 na mira.

Ginasta celebra primeira medalha do Brasil nas assimétricas em Mundiais ou Olimpíadas: “Muito orgulhosa de mim”

Rebeca Andrade na final das barras no Mundial de ginástica — Foto: REUTERS/Kim Kyung-Hoon

Horas depois, a ginasta de 22 anos voltou ao pódio em Kitakyushu ao faturar a prata nas barras assimétricas paralelas. Uma conquista que teve um sabor especial para a brasileira, tanto por ser em seu aparelho favorito, como por ser uma medalha inédita para o Brasil.

– É um sonho realizado. Estou muito orgulhosa de mim. O tanto que treino. Está cansada, está triste, está feliz, sempre está lá dando seu máximo no treino para chegar aqui e fazer uma apresentação em 40 segundos, com todo mundo olhando você, os juízes te julgando. Fiquei muito feliz com a minha paralela, que todo mundo sabe que é meu aparelho favorito – disse a ginasta.

Rebeca foi líder da classificatória de Kitakyushu com 15,100 pontos. Na final, não conseguiu fazer uma ligação de movimentos e deixou de ganhar 0,4 pontos na nota de dificuldade, mas compensou com a maior nota de execução da decisão para somar 14,633 pontos, apenas um décimo a menos que a chinesa Wei Xiaoyuan. A brasileira ressaltou o controle mental no momento em que perdeu a ligação de movimentos.

– Foi uma decisão na hora, mas você tem que treinar isso. Foi muito melhor que nos treinos, foi uma série muito limpa mesmo. Isso me deixa muito feliz, mesmo com uma falha, consegui manter o ritmo da série e tudo que me propus a fazer. Infelizmente não consegui fazer minha série completa, mas ela foi muito limpa. Isso me dá muito orgulho, mostra como amadureci, como tenho controle sobre meu corpo, sobre minha mente, quando acontece alguma coisa diferente. Isso é muito importante para o atleta. Estou muito feliz, porque era meu sonho ser medalhista da paralela – disse Rebeca.

As barras assimétricas é o aparelho que sempre foi um ponto fraco do Brasil, uma história que Rebeca já vinha mudando. No Doha 2018, seu único Mundial antes de Kitakyushu, ela ficou fora da final por menos de um décimo. Nas Olimpíadas de Tóquio, Rebeca não conseguiu fazer na classificatória todas as ligações de movimentos da sua série e ficou fora da decisão. Desta vez, a ginasta faturou a primeira medalha do país nas barras em Mundiais ou Olimpíadas.

Neste domingo (24), , 5 da tarde, horário de Brasilia, ela se apresentará na final da trave, em que não é favorita –passou com a última nota na classificatória. Confira os Brasileiros medalhistas em Mundiais de ginástica
Ouro
Daiane dos Santos – solo – Anaheim (EUA)/2003
Diego Hypolito – solo – Melbourne (AUS)/2005
Diego Hypolito – solo – Stuttgart (ALE)/2007
Arthur Zanetti – argolas – Antuérpia (BEL)/2013
Arthur Nory – barra fixa – Stuttgart (ALE)/2019
Rebeca Andrade – salto – Kitakyushu (JAP)/2021
Prata
Daniele Hypolito – solo – Ghent (BEL)/2001
Diego Hypolito – solo – Aarhus (DIN)/2006
Arthur Zanetti – argolas – Tóquio (JAP)/2011
Arthur Zanetti – argolas – Nanning (CHN)/2014
Arthur Zanetti – argolas – Doha (QAT)/2018
Bronze
Jade Barbosa – individual geral – Stuttgart (ALE)/2007
Jade Barbosa – salto – Roterdã (HOL)/2010
Diego Hypolito – solo – Tóquio (JAP)/2011
Diego Hypolito – solo – Nanning (CHN)/2014

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