Na contramão do que é anunciado, colocamos o dedo na ferida para mostrar o outro lado da moeda que nos revela uma cidade decadente em razão de diversas medidas adotadas e outras que não foram tomadas.

No período de publicação da última edição do nosso jornal-revista exclusivamente digitalizado que é publicado mensalmente, estávamos adentrando a famosa semana do vale. É o período em que os funcionários recebem uma parte de seus salários e normalmente utilizam no pagamento de contas ou compras complementares no comércio.

Porém, você já experimentou descer a rua São Luis? É disso que estamos falando. Enquanto jornais, portais, páginas e afins reproduzem, a troco de verbas publicitárias, matérias produzidas pela administração municipal destacando um desenvolvimento nunca visto antes na Nárnia alonsista, o mariliense convive com outra realidade.

Na semana retrasada, por exemplo; a cidade foi impactada pela notícia do encerramento das atividades da Comercial Gerdau, depois de mais de 20 anos de atividades na então capital nacional do alimento. A empresa estava atendendo no distrito industrial de Marília em um amplo e moderno prédio locado às margens da rodovia do contorno, mas antes, funcionou por anos na rua Alcides Nunes, bairro Parque São Jorge, proximidades da garagem do expresso de prata na zona sul da cidade.

A Gerdau é a maior empresa brasileira produtora de aço e uma das principais fornecedoras de aços longos nas Américas e de aços especiais no mundo. Uma história construída já há mais de meio século. Marília era uma cidade estratégica se levarmos em consideração a logística rodoviária que fluxo pela BR-153 que corta o Brasil o Oiapoque ao Chuí e com as rodovias SP-333 e SP-294 com direcionam para as mais diversas regiões do estado de São Paulo.

Com a decisão, os consumidores terão que se deslocar até Bauru, cerca de 102 quilômetros de Marília, para efetuarem suas compras presenciais ou realizá-las via telefone, canais digitais e presença física de equipe de vendas. Sem dúvida uma grande empresa, um nome importante que fará falta no hall de empresas da cidade.

Assim como ela, são tantas outras que não são divulgadas por questões políticas. Voltando a rua São Luis, alguém já parou para contar quantas portas estão fechadas, a exemplo de toda a rótula central? Eis a questão que deixamos para a reflexão de todos. Por sinal, dia desses uma munícipe gravou um vídeo na referida rua registrando o vazio da rua e a falta de consumidores. Resultado; a verdade viralizou nas redes sociais.

Na verdade, o importante em Marília é maquiar as informações para construir uma narrativa de uma cidade que desenvolve absurdamente, mas aonde? Em quais áreas? Na área médica que possui duas excelentes faculdades de medicina, mas que o prefeito não confiou e foi realizar a sua cirurgia em São Paulo? Seria em mobilidade urbana, com um trânsito cada vez mais caótico, transporte coletivo de péssima qualidade e ruas intransitáveis?

Não, senhores e senhoras. Marília cresce no setor que mais interessa ao famoso sistema que comanda a cidade, o setor imobiliário. Você já reparou que quase quinzenalmente é lançado um condomínio de alto ou médio padrão em alguma região na terra de Bento de Abreu? Mas e casas para a população de baixa renda, as chamadas de interesse social? Perceberam a importância que dão a classe trabalhadora e ao povo da periferia?

O mais grave é que Marília aos poucos vai se inviabilizando por falta de uma política mais equalizada e pensando na cidade. Quando falamos das portas comerciais fechadas, culpamos a administração municipal que não se preocupou em implantar o imposto progressivo. Com isto, a meia dúzia de poderosos que detém a maioria dos prédios cobram uma fortuna de aluguel e quando o lojista não aguenta pagar, são obrigados a desocupar, sendo que o prédio fica fechado até que alguém aceite pagar o solicitado. Quem sobrevive com aluguéis tão caros para uma realidade econômica cada vez mais difícil?

Para acrescentar, citamos a indústria da multa, que além dos mais de 50 radares instalados, oferece aos visitantes de outras cidades uma empresa com sede à mais de 400 quilômetros de Marília que cobra “vintão” de multa se você extrapolar os 15 minutos ou estiver sem a cartela no momento que o fiscal passar. Se não pagar no prazo recebe quase R$ 200 reais de multa e uns pontinhos na carteira. Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. O resultado não poderia ser outro; moradores de outras cidades já não visitam o comércio de Marília. O pessoal dos bairros prefere comprar nas proximidades de sua casa e com isso o comerciante do centro fica a ver navios. Mais uma vez responsabilizamos a administração.

Quando falamos de indústria, falamos em leis que foram criadas para dificultar a instalação de empresas na cidade e a falta de uma política de incentivos. Pior que isto, é que permitiram cercar a cidade com radares e praças de pedágio, afugentando todo e qualquer investimento. O resultado é o que estamos presenciando, não chega uma grande empresa capaz de gerar 300 a 500 empregos e as que aí estão aos poucos estão partindo para outras cidades que oferecem melhores condições. Mais uma para a administração. Esta é a consequência do voto. Pensem bem em quem votar nas próximas eleições, o futuro de Marília está em jogo.

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