O consórcio de imprensa composto pelos veículos G1, O Globo, Extra, Estadão, Folha e UOL, criado em junho de 2020, no início da pandemia de Covid-19, sob o pretexto de que o governo Bolsonaro teria adotado medidas contra a transparência de dados da doença, chegou ao fim no último sábado (28).

De acordo com os veículos do consórcio, a ideia teria surgido como uma “resposta da imprensa, primeiramente, diante do atraso na publicação dos dados” da Covid. Além disso, o grupo também acusou o governo Bolsonaro de adotar “iniciativas contra a transparência” das informações, como mudar o horário da divulgação dos números.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no entanto, disse, na época da alteração, que a medida era justamente para que o número fosse divulgado de uma forma mais acurada. Na ocasião, Bolsonaro chegou até a alfinetar a TV Globo ao dizer não era necessário “correr para atender” a emissora.

– Não interessa de quem partiu [a ordem para modificar o horário], é justo sair às 22h, é o dado completamente consolidado – justificou Bolsonaro, na época da mudança na divulgação das informações.

A decisão de encerrar o consórcio, de acordo com os veículos, teria sido motivada pelo fato de que “nos últimos meses, os dados dos governos estaduais e federal têm se mostrado confiáveis” e que eles “apontam para uma situação que os epidemiologistas consideram sob controle” da pandemia de Covid-19.

Os veículos de mídia publicaram por volta de 20h do referido dia, textos parecidos anunciando que não irão mais fazer a divulgação em conjunto, depois de 965 dias. O grupo disse ter encerrado “sua missão de garantir a transparência sobre o impacto do coronavírus e da vacinação”….

– Os veículos de imprensa continuam atentos às variações dos índices e mantêm o compromisso de informar a população sobre a doença – completou o grupo.

Do ponto de vista de marketing dos veículos que participaram do consórcio, foi uma boa estratégia. As empresas de comunicação envolvidas na operação se autoconcederam o prêmio Liberdade de Imprensa de 2021 em dezembro desse ano. O consórcio ganhou o galardão da Associação Nacional de Jornais, que vem a ser a guilda dos donos de veículos de comunicação. Em suma, foi um título honorífico dado pelas empresas de comunicação para si próprias.

Na prática, entretanto, o fato é que o trabalho durante todo esse tempo poderia ser feito por qualquer veículo ou cidadão interessado em consultar o que estava nos arquivos do Ministério da Saúde. Em Marília foi tentado a criação de algo semelhante, mas infelizmente acabou inviabilizado por conflito de interesses por parte de alguns. A pergunta que fica agora é; “Estamos agora no mundo do paz e amor onde não existe nada mais a ser apurado com tanto rigor ?”

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