Sob o nome de “sacolé com bala”, produto teria a presença da droga sintética MDMA

Uma imagem que mostra um ambulante em meio ao “esquenta” do carnaval carioca oferecendo uma versão “turbinada” do sacolé (ou geladinho) original, que promete uma experiência psicodélica, viralizou nas redes. O saquinho do típico sorvete preparado dentro de pequenos sacos plásticos vem com uma “bala” – nome popular para o MDMA.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro, investiga a suposta venda de sacolés com droga em ensaios de blocos de carnaval do Rio, mas que podem ser comercializados em qualquer cidade do Brasil, inclusive Marília. O produto, apelidado de “sacolé com bala”, teria a presença da droga sintética MDMA na composição dele. O caso é apurado pela Delegacia de Repressão aos Entorpecentes (DRE).

Segundo o delegado Rodrigo Coelho, da DRE, caso a droga realmente esteja na composição do produto, o vendedor poderá ser responsabilizado por tráfico de drogas e o consumidor por uso. Publicações com a venda do doce viralizaram nas redes sociais nas últimas semanas.

O ator e jornalista Tiago Ribeiro, que fez uma publicação nas redes sociais na qual registrou a venda do suposto sacolé com a droga, disse que cada unidade era comercializada por R$ 30. MDMA é o nome de uma droga sintética que foi criada a partir de uma abreviação para a metilenodioximetanfetamina, substância também utilizada para a fabricação do ecstasy.

Essas substâncias entorpecentes são consumidas normalmente por via oral, em forma de pó, comprimidos ou cápsulas. O consumo delas, no entanto, é proibido no Brasil. As reações no corpo pelo consumo de MDMA vão de euforia e alucinação a desidratação e, por essa razão, especialistas não recomendam o uso, principalmente se camuflado em doces.

O que acontece no cérebro sob o efeito da droga

O MDMA é uma droga psicoestimulante que age sobre o sistema nervoso autônomo – que é como se fosse o nosso “controle central”, regulando a pressão arterial, frequência cardíaca e temperatura corporal.

Durante a ação da droga, o corpo aumenta a produção de adrenalina e noradrenalina, dois hormônios estimulantes. É a união dos dois que causa efeitos como aumento da energia, da autoconfiança e da capacidade de respostas.

Segundo o neurologista Felix Bauab, especialista em neurociência do hospital Sírio Libanês, a pessoa sob o efeito da droga sente como se tivesse “superpoderes”, o que pode ser arriscado.

“A pessoa fica destemida, com coragem de enfrentar riscos, e pode se colocar em situações perigosas. Só isso, em meio ao carnaval, já é um risco. Mas, como o corpo fica quando essa reação química acontece, é um risco aumentado em meio ao calor, aglomeração e desidratação”, explica.

O efeito da droga acontece por uma reação química. No corpo, isso se reflete em um desequilíbrio das funções vitais, como o aumento da pressão arterial e da temperatura corporal.

  • A elevação da pressão sanguínea pode resultar em arritmia cardíaca, aumentando o risco de infarto.
  • A contração das artérias do cérebro ou a própria arritmia, dependendo da gravidade, pode levar a um AVC.
  • No caso da temperatura, é importante diferenciar de febre – que é quando nosso corpo reage a uma causa externa (infecção). Nesses casos, segundo o especialista, o aumento não é tão rápido quanto o efeito da droga, que pode elevar a temperatura corporal acima dos 40°C.

Imagina isso desidratado e em um ambiente já quente? As coisas ficam muito maximizadas no efeito e, com isso, as consequências podem ser letais. É importante que as pessoas saibam do risco antes de se exporem a isso.

 Outra consequência é a hiponatremia. Segundo o Guia de Doenças e Sintomas do Hospital Albert Einstein, a hiponatremia é uma alteração metabólica caracterizada pela baixa concentração de sódio no sangue em relação ao volume de água no organismo.

Isso pode acontecer porque, além da adrenalina e noradrenalina, o corpo vai liberar ocitocina – o hormônio do amor. A ocitocina tem uma ação antidiurética, agindo sobre o equilíbrio da água e sódio no corpo.

 Quando há uma quantidade de hormônio acima dos níveis naturais, o corpo acumula água e isso faz com que o sódio no sangue fique baixo, causando uma intoxicação por água.

Se a pessoa estiver no sol, sob efeito de drogas, numa aglomeração e, ao sentir um mal estar, beber água, o processo de intoxicação poderá ser acelerado.

A droga é ilegal e, por isso, não há qualquer controle de quantidade de substância. Com isso, não há como definir a proporção do risco. A recomendação é de que as pessoas não tomem isso porque pode mesmo ser letal.

RECORDANDO: PRF já apreendeu balas de goma feitas com drogas na Fernão Dias, conhecida como ‘Jujuba de maconha’

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, na ocasião foi a primeira vez que uma bala desse tipo foi apreendida pela organização. Em outros locais do país, já houve apreensões feitas por diferentes divisões da polícia.

Para quem não se recorda, a pouco mais de um mês (19 de dezembro) a Polícia Rodoviária Federal apreendeu, durante uma fiscalização na rodovia Fernão Dias, em Atibaia, distante 423 quilômetros de Marília, balas de goma feitas de maconha, além de porções de drogas. Segundo a polícia, uma motorista foi parada, porque a placa dianteira do carro que ela dirigia estava desgastada.

Aos policiais, a mulher contou que estava voltando para casa, em Belo Horizonte (MG), após levar passageiros para o interior de SP. Ela narrou ter recebido R$ 1,2 mil pela viagem.

No entanto, durante vistoria para fiscalização de equipamento obrigatórios, os policiais abriram o porta-malas para checar o pneu estepe e se depararam com um forte odor de drogas.

Segundo a PRF, no porta-malas havia uma mochila, com porções de skunk, haxixe e 20 pacotes de balas de goma feitas de maconha. A PRF informou que a bala é importada do Canadá e comercializada como medicinal. Em formato de urso, a jujuba contém substâncias da maconha na produção e é ilegal no Brasil.

Em seu depoimento, a mulher disse desconhecer o conteúdo da mochila, mas no bolso da calça dela os policiais encontraram um pacote de maconha, igual aos demais apreendidos.

A motorista já tinha passagem por tráfico de drogas e era investigada por falsificação de documentos. Ela foi detida e levada para delegacia de Bragança Paulista, onde o caso foi registrado.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, essa é a primeira vez que uma bala desse tipo foi apreendida pela organização. Em outros locais do país, já houve apreensões feitas por diferentes divisões da polícia.

DIRETO DO PLANTÃO COM INFORMAÇÕES DE POLÍCIA

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