Novo prefeito é discreto e promete seguir agenda tucana; nas eleições, foi acusado de envolvimento em esquema e violência doméstica

Ricardo Nunes (MDB), que assume o comando da cidade de São Paulo devido à morte do prefeito Bruno Covas (PSDB), ainda é uma incógnita para muitos paulistanos. Em 2020, faltando uma semana para as eleições de segundo turno na capital paulista, 92% dos paulistanos não sabiam mencionar o nome do vice de Bruno Covas, apontava o instituto Datafolha.

Discreto, ele preferiu agir discretamente na campanha eleitoral de 2020, após ver seu nome envolvido em acusações de violência contra sua esposa e de ter sido beneficiado em um esquema de superfaturamento de aluguéis de creches conveniadas com a Prefeitura.

Regina Carnovale, esposa de Nunes, negou as acusações de violência e declarou que foi tudo um mal-entendido.

Eleito vice-prefeito de São Paulo em 2020, Ricardo Nunes (MDB) assumiu em definitivo o comando da cidade após a morte do prefeito eleito Bruno Covas (PSDB), na manhã deste domingo (16). Ele estava como prefeito em exercício desde 2 de maio, quando Covas se licenciou para dar continuidade do tratamento contra o câncer.

Sobre ser alvo de investigação pelo Ministério Público sobre suposto superfaturamento no aluguel de creches privadas com convênio com a Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes se defendeu durante uma sessão da Câmara dos Vereadores de novembro de 2020.

Ricardo Nunes, vice de Bruno Covas, se defende de acusações em discurso na Câmara de Vereadores de São Paulo

“O que existe foi que no ano passado apresentaram uma denúncia anônima. Está há mais de um ano lá no Ministério Público e nunca fui chamado. O que a [denúncia] diz da minha parte? Que eu aprovei duas leis pra beneficiar uma entidade, a Sobei, da qual sou voluntário há mais de 20 anos”, afirmou.

Ironicamente, o nome do emedebista de 53 anos se tornou forte para compor chapa porque os tucanos o considerarem discreto e sem envolvimento em escândalos. Ricardo Nunes foi escolhido o candidato a vice de Bruno Covas também por levar para o executivo as relações políticas que construiu durante sua carreira na Câmara, onde foi eleito vereador em 2012 e reeleito em 2016.

Antes de entrar na política, Nunes era empresário, atuando na área de controle de pragas.

De base petista à agenda tucana

Bruno Covas (PSDB) e Ricardo Nunes (MDB) durante celebração religiosa em SP durante a campanha eleitoral, em 2021. — Foto: Acervo pessoal/Ricardo Nunes/Facebook

Bruno Covas se afastou para tratar a saúde no início de maio, deixando Nunes no exercício do cargo por 30 dias. Desde então, visitou Covas no hospital e cumpriu uma agenda repleta de inaugurações relacionadas ao combate à Covid-19.

Surgiram rumores de que sofria pressão de seu partido, o MDB, para que ele mudasse algumas pautas de projetos no período. Assessores de Nunes ouvidos classificaram os boatos como “uma bobagem” e que eram apenas conversas cotidianas com companheiros de partidos.

Nunes tem a zona sul de São Paulo como base eleitoral e é católico praticante. Enquanto foi vereador, defendeu que igrejas fossem anistiadas durante a lei de zoneamento, em 2016. Também defendeu o “fim da ideologia de gênero nas escolas”, assim como defendeu que as escolas não deveriam ter aulas de educação sexual.

Uma lei proposta pelo então vereador em 2014 prevê um sistema de transporte público hidroviário em São Paulo na represa Billings, região do Cantinho do Céu, extremo sul da capital, um de seus redutos eleitorais. Na atual gestão, esse projeto, que foi sancionado pelo ex-prefeito Haddad, foi incluído no plano de metas.

Entre 2012 e 2016 foi base de apoio de Fernando Haddad (PT). Com a chegada de João Doria à prefeitura, horando a tradição do MDB, passou a apoiar o PSDB. Sua boa articulação com os partidos de centro deu destaque a seu nome como uma moeda de troca para o apoio à reeleição de Bruno Covas.

A oficialização de Nunes à frente da Prefeitura de São Paulo foi feita por meio de um ato da mesa diretora da Câmara de São Paulo, que se reuniu às 11h20 para extinguir o mandato de Covas após a morte do tucano, ocorrida hora antes.

Em seu primeiro ato, o emedebista decretou luto oficial de 7 dias pela morte de Covas. “A dor toma conta, perder um amigo, um irmão, que é referência de integridade, companheirismo, generosidade, dói muito”, postou Nunes após a morte do tucano.

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