“Puxa-saco, avisa lá que a latrina acabou e o puxadinho não existe mais”. Este foi um trecho das declarações do atual presidente da câmara municipal de Marília, diante das justificativas do ex presidente que ao usar a palavra no pequeno expediente da ´´ultima quinta-feira(23), fez questão de citar a tal certidão de exercício, normalmente fornecida pelo poder legislativo para o poder executivo, concedendo-lhe aval para a conquista de recursos para o município.

Tal embate no plenário da casa de leis de Marília apenas referenciou o nosso editorial publicado na edição digitalizada do JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA, edição de fevereiro, na qual reproduzimos na sequência. Coincidentemente, a mesma fórmula dos embates que ocorreram nos escândalos de anos anteriores que culminaram com manchetes estampadas nos principais veículos de imprensa do Brasil.

Como todos tiver a oportunidade de constatar, o tempo começou com tempo nublado na relação entre o prefeito de Marília, Daniel Alonso (Sem partido) e o presidente da câmara municipal, Eduardo Nascimento (PSDB). Logo na volta aos trabalhos legislativos houve a necessidade de uma ação judicial por parte do poder executivo para a edilidade ceder a necessária certidão de exercício, um documento necessário para celebrar convênios estaduais e federais objetivando o acesso a recursos. Tal procedimento é fornecido todos os anos normalmente, como se fosse um protocolo, porém a ser obedecido para habilitar a cidade. Pelo menos neste embate, venceu a administração municipal via conquista judicial.

Por outro lado, um veículo de comunicação local, contemplado com altas cifras em verbas publicitárias, abriu a caixa de ferramentas com um jogo de palavras para atingir claramente o legislador, conduta, aliás, que reprovamos, pelo bem do jornalismo sadio e imparcial. O desgaste entre ambos já se arrasta a algum tempo. Após ter sido derrotado nas eleições 2016, Nascimento ganhou a secretaria de esportes e por lá ficou por 4 anos. Em 2020, conseguiu os votos suficientes para retornar ao legislativo, mas o rolo compressor da máquina frustrou seus planos, elegendo para a presidência o vereador Marcos Rezende.

Não demorou muito para o mesmo se transformar em oposição com uma novela repleta de diversos e dramáticos capítulos que variam desde denúncias de supostas extorsão (sem efeito e levada ao arquivo), auditoria na secretaria de esportes (resultados ainda não revelados) e várias denúncias contra a administração apontando irregularidades e superfaturamentos e outros (até o momento, nenhuma surtiu efeito).

O momento para o embate não poderia ser mais inapropriado tecnicamente falando, porém, excelente pelos olhos da politicalha, levando-se em consideração que estamos em ano pré-eleitoral. Basta lembrar o que aconteceu em 2011, por exemplo, ou retrocedermos um pouquinho mais no tempo e lembrarmos o que foi o final da administração do saudoso Domingos Alcalde. O script é o mesmo e o palco do teatro já está montado. A plateia é composta de eleitores que sequer se preocupam em assistir uma sessão camarária ou acompanhar as publicações do DOMM (Diário Oficial do Município de Marília).

Marília passa por problemas que exigem atenção imediata tanto da câmara, quanto da prefeitura, como a questão dos radares, onde não houve nenhuma contestação daqueles que foram eleitos para representar os interesses da população. Problemas graves de segurança, transporte coletivo inadequado, falta de um amplo projeto de habitação de interesse social, ausência de uma política de mobilidade urbana e o principal; uma saúde cada vez mais doente com a falta de médicos, sem falar o abandono da cidade com ruas esburacadas e mato invadindo até os prédios públicos. FALTAM PROJETOS INTELIGENTES EM ÁREAS CRUCIAIS DA CIDADE.

Movimentos políticos são inerentes a agentes políticos. Alonso e Nascimento, que já foram parceiros inseparáveis nas eleições de 2012 (candidatos a prefeito e vice respectivamente) possuem de forma conjunta a obrigação de impedirem que as divergências pessoais afetem o desenvolvimento da cidade, pois o compromisso deles é com os mais de 238 mil moradores que estão aos poucos se politizando e observando a postura de cada um. Os discursos inflamados na tribuna ou em frente às câmeras declarando paz em nome do bem da cidade, já foram pelo ralo. Fica evidenciado que o objetivo e a conquista de espaço e de apoiadores para a campanha de 2024, com isto deixando as bandeiras da cidade em segundo plano.

Embora a legislação contemple que realmente tal solicitação não pode ser feita por um cargo comissionado da administração, ou seja; sendo de competência apenas do poder executivo, pela democracia sadia e da sana diplomacia, talvez um simples telefonema poderia ter resolvido a situação, sem a necessidade de embates que, claramente demostram a questão pessoal acima de tudo e de todos, onde a cadeira do poder infelizmente extravasa os poros da serenidade para explorar os porões da já manjada politicalha.

Uma cidade que caminha na contramão, desde a polêmica confecção de um plano diretor produzido claramente com interesses obscuros, precisa urgentemente da união do poder executivo e legislativo na discussão e construção de uma cidade que possa propiciar mais qualidade de vida aos seus moradores. A disputa eleitoral é importante, mas não pode ofuscar a cidade que clama por socorro. Uma cidade que clama por atenção, devido ao claro estado de abandono e uma câmara que continua com uma produção questionável no que diz respeito a sua produção e defesa do povo, se constituição na pior constituição dos últimos tempos, segundo declarações até de ex- vereadores e presidentes da casa.

É inadmissível a cidade registrando semanalmente ocorrências de suicídio sem nenhuma medida dos poderes constituídos. É inaceitável a maneira como o trabalhador se desloca para o trabalho em um transporte coletivo de péssima qualidade sem nenhuma comissão de acompanhamento. É reprovável os investimentos desnecessários no atual momento para reformas no abreuzão, enquanto existem outras prioridades. As articulações até devem acontecer pelo bem da democracia, mas MARÍLIA DEVE ESTAR ACIMA DE TUDO. Que as disputas fiquem para 2024. O que se planta hoje, com certeza refletirá nas urnas e pode surtir resultados não esperados, justamente devido a este confronto insano.

DIRETO DA REDAÇÃO

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.