NÃO ACREDITEM EM MILAGREIROS. Nenhum candidato é maior do que NOSSA MARÍLIA. Você contribuinte é o principal personagem e não a classe política que está travando a cidade.

Nunca se viu uma eleição tão tumultuada e sem rumo. Dá a impressão de que a cidade está em meio de uma guerra santa entre facções. Só que não é nada disso, embora eles – os políticos e partidos – adorem que todo mundo acredite que é exatamente assim. Por que adotar uma estratégia tão perniciosa ao debate político e que pode levar ao esgarçamento da nossa já capenga capital nacional dos radares? Ora, porque é muito bom para quem está no poder. É o teatro perfeito.

Por mais que as pessoas tentem se auto enganar, acreditando que seu político de estimação é o mais abnegado dos seres, que só está disputando um cargo pela simples vontade de fazer o bem à população (hahaha), garantir que o povo tenha uma cidade de primeiro mundo ou tantas outras promessas vãs, a verdade é bem mais simples: políticos querem se eleger para conquistar e manter o poder para si mesmos, seu partido e seus “companheiros”. Político não deve ser ovacionado, mas sim vigiado de perto, pois tem grande tendência a deixar de fazer o que se espera dele quando o patrão o povo não está olhando.

Mas isso o eleitor, no fundo, sabe muito bem. Duvido que mesmo aqueles que empunham bandeiras, decoram o carro, vão a caminhadas ou carreatas, brigam com a família por um candidato, xingam, pedem votos na empresa, acreditem que algum candidato é santo de verdade. Santo na política só os de pau oco. Político é político; não deve ser ovacionado, mas sim vigiado de perto, pois tem grande tendência a deixar de fazer o que se espera dele quando o patrão (povo) não está olhando.

Quando uma disputa eleitoral se funde com a ideia de uma “guerra santa”, os candidatos são içados ao posto de representantes do bem e do mal – e estranhamente ambos são, para seus seguidores, “do bem”, enquanto o adversário é sempre “do mal”. Por supostamente encabeçarem uma luta muito maior do que a mera disputa pelo poder, seus seguidores se acham no direito de usar e aceitar as mais esdrúxulas estratégias de conquista de voto e estão dispostos a qualquer coisa para vencer a grande besta apocalíptica que é seu adversário político.

Pior: passam a acreditar em tudo o que seu candidato diz, deixando o senso crítico e capacidade de pensar por si mesmos em segundo plano. Candidato adora eleitor tipo fã: bobinho, não questiona nem cobra nada, fica feliz em empunhar bandeirinhas e tirar foto, chora ao abraçar o ídolo, acredita em qualquer asneira, esquece o passado do candidato (por mais nefasto que seja), e acha que tudo que contém alguma crítica ao seu candidato é fake news (dá-lhe censura) ou complô.

As campanhas igualmente adotam o vale-tudo: danem-se a ética, o debate ou a apresentação de propostas concretas, o que interessa é vencer a qualquer custo. As vítimas sempre são a própria população e as políticas públicas, que se afundam em meio ao radicalismo besta. Os vários exemplos que temos visto nos últimos tempos deixam bem claro isso: censura a jornais que noticiam meros fatos, violência, assédio moral, gente perdendo a sanidade mental, cortinas de fumaça lançadas para desviar o olhar do eleitor daquilo que realmente importa.

O povo esquece que seu poder vai muito além do voto. Ele pode, se quiser, pressionar democraticamente seus representantes eleitos a fazer sua vontade, evitando que projetos que considera nefastos sejam levados adiante. Todo político, a partir do exato momento em que é eleito, passa a ter um objetivo bem claro (que não tem nada a ver com servir a população): manter-se no poder, ou seja, se reeleger ou eleger um aliado. E para manter-se no poder, precisa “agradar” seus eleitores.

Se cada eleitor conseguisse entender que seu maior compromisso não é somente apertar as teclinhas da urna eleitoral, mas sim acompanhar dia a dia o que acontece na administração e cobrar sempre que necessário o cumprimento de promessas de campanha, o bom uso das verbas públicas e mais transparência, estaríamos em outro nível– muito mais próxima do ideal de um governo do povo.

Vote em quem quiser, só não ache que seu candidato é um enviado de Deus ou um paladino acima do bem e do mal. Muito menos compre a ideia de que se ele vencer, os próximos anos serão de paz e prosperidade. Tampouco se deixe levar por discursos inflamados e acabe cometendo atos impensados na tentativa de levá-lo ao poder. Os fins só justificam os meios para o príncipe tirano descrito por Maquiavel. Seja com quem for, vamos sobreviver, desde que cada um acredite que nenhum deles é maior do que o próprio povo e nem do que a nossa Marília.

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