Notificações no país passam de ,2 milhões, e perspectiva é de crescimento de 149% em relação a 2015. Marília segue o mesmo compasso.

O Carnaval acabou, e, se você estava esperando isso para começar a tomar providências para prevenir a dengue, começou tarde. Assim como fez o prefeito Daniel Alonso, dormiu no ponto e isto pode custar vidas.

O Brasil bateu a marca de 1 milhão de casos de dengue, em 2024, em apenas dois meses. O total é mais da metade do registrado ao longo de 2023 e acima por completo de 17 anos da série histórica, como 2021, 2020, 2018 e 2017.

Para recordar, em 2015, oficialmente em Marília, foram 18.000 casos confirmados. Com grande sub notificação e interrupção dos exames, estima-se que a doença fez mais de 25 mil vítimas durante a “grande epidemia”. Pelos números oficiais dava um caso para cada 13 habitantes. Marília teve 45 mortes confirmadas. Em um comparativo, na ocasião, Bauru totalizou em 2015, 2.916 casos da doença, sendo 58 importados. Três pessoas morreram por complicações da dengue. Havia um doente para cada 115 habitantes.

Ainda sobre números, segundo os dados divulgados pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde, no Informe Semanal dos Agravos se Notificação Compulsória, até a publicação deste editorial, ultrapassava a casa dos 2 mil casos e 5 óbitos. Lembrando que em 2023 foram registrados oficialmente 3.053 casos, sendo o segundo pior ano da história, perdendo apenas para 2015 com cinco mortes. Em 2022 foram 1.080 casos.

Mais de 4 milhões de brasileiros devem ser vítimas da arbovirose em 2024. Somente no fim de semana de Carnaval, dezenas de pessoas com sintomas de dengue (bem como zika e chikungunya) procuraram a UPA norte. Durante a semana, centenas de pessoas amanheceram nas unidades de saúde. Uma estatística que não inclui os pacientes que foram atendidos. Números que, infelizmente, não dão sinais de que vão mudar de tendência no curto prazo. A cidade está suja e abandonada como nunca visto antes. Com as chuvas a tendência é piorar o cenário

Além dos novos tipos sorológicos que começaram a circular no país – para os quais a população não tem proteção ainda –, outros dois pontos são cruciais para o crescimento: o aquecimento das cidades e a negligência com as medidas de prevenção.

Desde o fim de 2023, uma das mais intensas ondas de calor dos últimos anos atinge o Estado, com temperaturas variando acima de 39°C a 40°C. As projeções para o início de 2024 são de chuvas 50 mm a 100 mm acima da média e termômetros registrando 1°C a 2°C acima da série histórica. Isso significa mais água parada e melhores condições para proliferação do Aedes.

Ao mesmo tempo, os cuidados com a proliferação do mosquito foram menosprezados. O comportamento usual do mosquito transmissor é de não se afastar muito de seu foco até a fase adulta. Logo, quem se descuida da limpeza, na prática, está criando as condições para se tornar a próxima vítima.

Como as vacinas não estão previstas para chegar a Marília, só resta tomar os cuidados de prevenção em casas, lotes e ruas. Pois, mesmo para quem ainda não fez isso, diante do risco real, vale o dito: antes tarde do que nunca.

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