A tragédia do Rio Grande do Sul não se deixa ignorar nos demais lares do Brasil. Seja pelas imagens chocantes da destruição, seja pela emoção dos resgates, é impossível ignorar. Uma terceira forma de inserção tem se dado, no dia a dia das famílias, agora pela oferta e preço do arroz. E da mesma forma, é exigido dos brasileiros solidariedade com o próximo para evitar o mal para todos.
O Rio Grande do Sul é responsável por sete em cada dez quilos de arroz produzidos no Brasil. Nesta safra, haviam sido estimados 7,4 milhões de grãos, sendo que, quando os temporais começaram, faltavam ser colhidos pouco mais de 1,6 milhão. As cheias no Estado comprometeram esse mercado de duas formas: por um lado, pelos danos a armazéns do cereal; por outro, pelas dificuldades de escoamento da produção.
Numa medida emergencial, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) recebeu autorização para importar 1 milhão de toneladas de arroz, produto que será destinado preferencialmente à venda para pequenos varejistas nas regiões metropolitanas brasileiras.
É nesse ponto que é preciso haver uma solidariedade adicional dos consumidores. O somatório da safra ainda disponível com a importação extraordinária é capaz de garantir o abastecimento da população. Assim, uma eventual corrida para estocar produtos servirá de pressão sobre o preço do arroz, alimentando uma inflação artificial no curto prazo.
Isso, diante de um produto cujo custo estava em ascendente antes mesmo das tragédias no Sul. No período de abril do ano passado para o mesmo mês deste ano, o arroz acumulou uma alta de 25,46% no levantamento do IBGE (quase sete vezes a inflação do período) e já começava a ser negociado por mais de R$ 100 no preço aos produtores locais.
O momento atual exige responsabilidade. Estocar arroz sem necessidade significa uma escassez nas gôndolas e, consequentemente, aumento do preço do produto e uma espiral especulativa que pode afetar outros produtos da cadeia e que vai se virar apenas contra os próprios consumidores.
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