Apesar de algumas corajosas manifestações e os poucos festejos realizados em 15 de novembro, mostraram que o brasileiro não está muito contente com o rumo das coisas. A insegurança jurídica, os tendenciamentos e as decisões equivocadas transparecem na face de uma nação sem esperança e amedrontada. Neste domingo, nova manifestação pode deixar claro que o povo está perdendo o medo.

Para quem é patriótico ainda, o 15 de novembro era para ser um dia de festa, de comemoração dos 134 anos da Proclamação da República. Só que não ocorreu o esperado. Passamos praticamente com uma data em branco, aliás, em branco e vermelho. O que se vê é um abatimento geral. Um certo medo de expor ideias e pensamentos, de buscar alternativas para uma Pátria melhor. A preocupação principal é com o destino do Brasil, já que o futuro ainda é incerto. E a cada dia, um fato novo que deixa todos estarrecidos com rumos da nação.

Enquanto analistas financeiros pregam que o ano de 2023 fechará de forma positiva para a economia, o que se ouve, nas rodinhas nas ruas, nos comércios, nos consultórios médicos é um total desalento, basta checar o fracasso do Black Friday. Trabalhadores e empresários inconformados com o rumo que as coisas estão tomando. Além disso, paira uma incerteza de como a reforma tributária vai afetar o bolso da população diante de tantas exceções criadas para beneficiar setores ligados aos poderosos. A dúvida persiste e até vorazes defensores do projeto já incluem um certo ceticismo em seus discursos.

Em um comparativo com a nossa realidade, basta dar uma olhadinha na rua São Luiz, na João Ramalho, avenida República, João Martins Coelho e outras ruas comerciais. Não adianta jogar tudo no e-comerce e a notável ebulição do comércio pela internet. A economia realmente travou, que o diga os empresários e comerciantes.

O desânimo da população é compreensível. Muita coisa errada tem surgido diante dos olhos de todos. Desculpas, cada vez mais esfarrapadas, são utilizadas para justificar o injustificável e a república, a coisa pública, sofre com esses ataques. Constroem-se narrativas para acobertar escândalos que em outros épocas seriam execrados em praça pública, principalmente pela imprensa comercial, a exemplo do que acontece na capital nacional dos radares.

O caso mais recente, que tomou conta do noticiário nos últimos dias, é a visita de uma das mais influentes mulheres do tráfico de drogas, ligado à liderança da facção criminosa Comando Vermelho, aos principais gabinetes do Ministério da Justiça. A “dama do tráfico” foi recebida com honrarias, em pelo menos em duas ocasiões, pelos assessores do ministro da Justiça, Flávio Dino. Condenada há dez anos de prisão, Luciana Barbosa Farias foi até a cúpula da Justiça brasileira para reclamar da situação dos presídios e pedir um tratamento mais confortável aos criminosos que cumprem pena.

A advogada que agendou as audiências, uma ex-deputada do Rio de Janeiro ligada ao PSOL, partido da base aliada de Lula, ainda recebeu uma gorda quantia em dinheiro, dos cofres do Comando Vermelho, para garantir que a “dama do tráfico” fosse bem recebida e ouvida no Ministério.

Porta arrombada, agora os atônitos assessores de Flávio Dino, desesperados em conter mais esse escândalo, falam em criar medidas para filtrar melhor quem frequenta os gabinetes da Justiça. O problema é que esse não deve ser um caso isolado, é apenas um dos absurdos descobertos. Outros tantos devem estar escondidos debaixo dos luxuosos tapetes nos gabinetes da Esplanada dos Ministérios. Toda essa situação mostra que a coisa pública está muito malcuidada nos dias de hoje.

Esse não é o único problema atual vivido pela nossa República. O ativismo judicial e o cerceamento da defesa dos acusados também estão em pauta. A própria Ordem dos Advogados do Brasil, depois de anos de silêncio diante dos exageros praticados por alguns membros do judiciário, decidiu reclamar. Apontou uma série de situações em que os direitos de advogados e clientes estão sendo atropelados por regimentos internos das cortes que atropelam a própria lei.

Sem a garantia do amplo direito de defesa, do duplo grau de recurso, e de tantas outras proteções explícitas na Constituição de 1988, a insegurança bate na porta de todos. Não se sabe mais como cada processo ou ação vai terminar. Para piorar a situação, a lei não tem se mostrado igual para todos. Há muita condescendência para uma ala política e tolerância zero para a outra. Essa diferença de tratamento nos mostra que a Justiça, na nossa República, não está tão cega assim. Um desastre para a democracia.

Os poucos festejos que foram marcados mostraram que o brasileiro não está muito contente com o rumo das coisas. Para um bom entendedor, o silêncio também é uma forma de protesto, vide a decepção do desfile de 7 de setembro último, uma decepção histórica. Só que é preciso mais que isso para que as coisas voltem à normalidade e os primeiros recados já podem ser enviados, no ano que vem, nas eleições municipais. NÃO PRECISAMOS MAIS DE GRUPOS POLÍTICOS, SISTEMAS E RAPOSAS VELHAS. Precisamos de gente nova, com senso humanitário e engajados com as causas sociais. A decisão do futuro do país, de um estado ou de um município, NÃO COMEÇA COM OS POLÍTICOS, COMEÇA COM VOCÊ ELEITOR quando está diante da urna eleitoral.

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