FALA DESNECESSÁRIA. O Dilmês, parece realmente estar se tornando uma linguagem normal pelos lados do Palácio. Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cometer mais um equívoco, seu discurso recente criou um clima hostil como nunca houve com Israel.

Apenas para recordar, enquanto plantava uma oliveira na Embaixada da Palestina (BSB), o petista perguntou para o embaixador palestino Ibrahim Alzeben quanto tempo demoraria para poder nascer uvas. A árvore, porém, dá azeitonas.

Durante a cerimônia, o embaixador alegou que Lula estava “plantando esperança para o povo palestino”. Após terminar o plantio, Lula perguntou a Alzeben quanto tempo demoraria para dar uma uva, se corrigindo logo depois. “Vou voltar aqui… quanto tempo demora para dar uma uva… azeitona”. Alzeben respondeu que levaria oito anos até que a planta desse fruto.

Governo de Israel declara Lula “persona non grata” após comparação com Holocausto

O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, disse nesta segunda-feira (19) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é uma “personalidade indesejada em Israel até que ele peça desculpas e se retrate de suas palavras”. Assim, o governo declara o petista “persona non grata” no país.

No fim de semana, em visita a Etiópia, o presidente brasileiro classificou como “genocídio” e “chacina” a reação de Israel na Faixa de Gaza aos ataques do Hamas, em 7 de outubro de 2023. Lula comparou a ação israelense ao extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial.

O ministro do premiê Benjamin Netanyahu ainda afirmou que o governo israelense não vai “esquecer nem perdoar” as falas de Lula.

“Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse”, escreveu Katz no X (antigo Twitter).

Katz criticou Lula em fala à imprensa ao lado do embaixador brasileiro Frederico Meyer. Nesta segunda, os dois visitaram Yad Vashem, mais importante memorial sobre o Holocausto.

O ministro de Israel também disse que a reunião foi no Museu do Holocausto porque é o lugar “que testemunha mais do que qualquer outra coisa o que os nazistas e Hitler fizeram aos judeus, incluindo membros da minha família”.

No domingo, o premiê israelense já havia definido as declarações de Lula como “vergonhosas e graves” e afirmado que elas cruzaram “uma linha vermelha”.

Crise diplomática: Lula convoca embaixador em Israel para retornar ao Brasil

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decidiu convocar ao país para consultas o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer. Ele chega ao Brasil nesta quarta-feira (21) e passará cerca de dez dias.

A medida é uma resposta ao fato de Israel ter convocado o diplomata para uma reprimenda ao Brasil depois de Lula comparar as ações de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto. As declarações de Lula abriram uma crise diplomática com o governo israelense.

A reação foi calculada pelo governo como forma de expressar insatisfação sobre a maneira com que autoridades israelenses responderam a Lula. A convocação representa mais um gesto duro diplomático na crise, embora seja temporária. Lula quer se reunir pessoalmente com o embaixador, mas não vai removê-lo do posto, ao menos por enquanto.

A convocação de Meyer foi decidida após uma série de conversas de Lula e alguns ministros e conselheiros mais próximos. Ele se reuniu para avaliar a crise diplomática no Palácio da Alvorada, entre outros, com o ministro Paulo Pimenta (Comunicação Social) e com o assessor especial e ex-chanceler Celso Amorim.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, conversou com o presidente e integrantes do governo por telefone, porque está no Rio de Janeiro, para uma reunião de chanceleres do G20. Coube ao ministro telefonar para o embaixador e dar o recado de que o presidente decidira chamá-lo de volta a Brasília.

O Itamaraty já estava incomodado com o método da reprimenda escolhido pela chancelaria israelense. Em vez de uma reunião mais reservada na sede do Ministério das Relações Exteriores, como costuma ser o padrão diplomático, o governo de Netanyahu marcou um encontro no Yad Vashem, um memorial do Holocausto. Diplomatas da Secretaria de Estado consideraram que foi montado um “circo” e que o representante do presidente foi “humilhado” com a situação.

No memorial, o embaixador brasileiro ouviu as queixas dos israelenses, voltou a manifestar as preocupações do governo brasileiro, mas não fez comentários a respeito das falas do presidente. Não repassou nenhum recado de mea culpa por parte de Lula, o que já indicava a indisposição do petista de pedir desculpas.

Em privado, diplomatas reconhecem que o presidente exagerou e errou ao fazer a comparação com o Holocausto. No entanto, diplomatas no Itamaraty e assessores palacianos indicavam, ao longo do dia, que Lula relutava em estender um pedido de desculpas, como exigiu em público o governo de Israel.

O entendimento no governo é que Israel estava “instrumentalizando” o caso e havia “escalado” a crise propositalmente, no momento em que carece de apoio internacional e que Netanyahu sofre pressão interna e externa, além de críticas até de governos aliados no Ocidente.

No entanto, a primeira-dama Janja da Silva, no entanto, foi às redes sociais e voltou à carga contra Israel, ao defender o petista; mais um indício de que não há ainda distensão da crise diplomática.

– A fala se referiu ao governo genocida e não ao povo judeu. Sejamos honestos nas análises – disse Janja.

DECLARAÇÕES DE LULA

O presidente brasileiro tem emitido declarações sobre a guerra na Faixa de Gaza desde o início do conflito, mas elevou o tom das críticas em seu giro pela África, onde conversou com líderes importantes como o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, durante visita ao Cairo e o primeiro-ministro da Autoridade Palestina (AP), Mohammad Shtayyeh, em Adis Abeba.

– O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus – disse Lula em coletiva de imprensa neste domingo (18), em Adis Abeba, Etiópia.

O presidente brasileiro também criticou Israel ao afirmar que Tel Aviv não obedece a nenhuma decisão da ONU e afirmou que defende a criação de um Estado palestino. Para Lula, o conflito “não é uma guerra entre soldados e soldados, é uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”, afirmou.

Não é uma guerra, é um genocídio – completou o presidente brasileiro.

A guerra no enclave palestino começou no dia 7 de outubro do ano passado, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense, mataram 1.200 pessoas e sequestraram 240. A ação é considerada o pior ataque contra judeus desde o Holocausto e o pior ataque terrorista da história de Israel. Depois dos atos terroristas do Hamas, Tel Aviv iniciou uma operação na Faixa de Gaza, com bombardeios aéreos e invasão terrestre, que resultaram na morte de mais de 28 mil palestinos, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas.

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