O Governo do Estado de São Paulo disponibiliza em sua página do Facebook, um vídeo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas explicando o funcionamento do monitoramento realizado com base nos dados fornecidos pelas operadoras de telefonia móvel.

O JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA foi a fundo realizou uma pesquisa consultando técnicos, TI’s e engenheiros especialistas na área para explicar a você, eleitor (a) toda a dinâmica que poderá nesta sexta feira excluir Marília da possibilidade de reabertura do comércio, mesmo com restrições e outras ponderações. Entenda como funciona a análise dos dados.

Vale ressaltar que o governo não possui acesso aos dados individualizados, mas apenas a dados agrupados. Esses dados viabilizam o acesso do governo do estado a todos os municípios possibilitando com exatidão divulgar o numero de pessoas em movimento mesmo diante da solicitação e do decreto para o cumprimento da quarentena.

O sistema funciona em parceria com as maiores operadoras de telefonia celular do país, que fornecerão dados de mobilidade dos usuários por meio do rastreio dos equipamentos. Os dados serão mostrados em ‘mapas de calor’ conforme o índice de aglomeração nas cidades.

O governo disse que a privacidade dos usuários é preservada e que os dados não são individualizados, mas coletivos, e coletados em aglomerados a partir de 30 mil pessoas.

Já estamos há quase 50 dias em reclusão domiciliar, também chamada de quarentena ou isolamento social. Muitos brasileiros anseiam pela volta à normalidade, assim como o mundo empresarial, que sofre impactos diários com o fechamento do comércio, queda de receitas e até mesmo limitações de atuação.

No entanto, para que a vida volte ao normal, é necessário quebrar cadeias de transmissão do novo coronavírus. Mas como isso pode ser feito? A dica pautada há dias é simples: todos devem permanecer em suas residências e habitar as ruas apenas para serviços essenciais, como farmácias, mercados e outros.

Em trânsito, apenas os profissionais que também prestam serviços imprescindíveis para a população. Porteiros, técnicos, entregadores, motoristas e outras atividades estão inclusas. Portanto, esvaziar as ruas é construir um ambiente mais seguro para pessoas que garantem as demandas básicas de todo ser humano no atual momento.

Mas, infelizmente, nem todos acatam às ordens oficiais, vindas diretamente do Ministério da Saúde. Sendo assim, é necessária uma atuação precisa e eficiente da segurança pública, mas para isso, obter informações é necessário. É aqui que entram as operadoras brasileiras de telecomunicações.

Nós somos rastreados? Vigiados? Depende. Antes de tudo é necessário destacar que há uma operação central do governo federal em parceria com prestadoras, coordenada pelo Sinditelebrasil (Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móveis Celular e Pessoal).

De forma paralela, alguns estados fecharam parcerias específicas com determinadas operadoras ou empresas de tecnologia para terem seus próprios controles de aglomerações. É o que vamos detalhar nesta reportagem especial.

Rastreamento do MCTIC

No dia 2 de abril, foi anunciada uma união entre as principais operadoras brasileiras ( Algar, Telecom, Claro, Nextel, Oi, TIM, e Vivo ) e o MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).

A ideia foi oferecer uma solução única de dados para monitorar mobilidade populacional, deslocamentos, pontos de aglomeração e situações com alto índice de concentração de pessoas e riscos iminentes de contágio.

Com total respeito ao sigilo de dados dos consumidores, diretriz da Lei Geral de Proteção de Dados ( LGPD) e do Marco Civil da Internet, as prestadoras coletam informações da rede móvel oferecida para cada usuário.

O armazenamento é feito em uma nuvem pública chamada Data Lake. É dela que o Ministério poderá coletar e disponibilizar para todas as esferas do poder público, caso necessário.

São dados organizados de forma estatística, agregada e anônima. Para entender melhor o funcionamento, o JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA entrou em contato com o Sinditelebrasil e conversou com Marcos Ferrari, atual presidente do Sindicato.

De acordo com o executivo, a operação é uma iniciativa totalmente voluntária. Não houve qualquer demanda, mas sim um movimento das empresas de telecomunicações brasileiras para combater a pandemia que assola o país.

A questão do sigilo de dados é bem destacada por Ferrari. Por telefone, ele explicou que são informações retiradas das redes móveis e colocadas no sistema de nuvem que o governo agora tem acesso.

Após esse procedimento, o poder público tem um controle quantitativo das regiões que mais registram concentração de pessoas no país inteiro. No entanto, dados relacionados a idade, gênero e outros não serão entregues pelas operadoras em respeito à legislação e a privacidade de dados.

Confira abaixo uma amostra do mapa de calor com os dados oferecidos pelas prestadoras, enviado com exclusividade pelo Sinditelebrasil:

Portanto, as medidas de conscientização e controle são cada vez mais reforçadas. O Sistema de Monitoramento Inteligente (SIMI-SP) nasceu com esse objetivo e conta com parceria das quatro principais operadoras brasileiras: Vivo, Claro, TIM e Oi, baseada nesta parceria citada acima.

De acordo com o governador João Doria, a atuação junto das prestadoras não tem qualquer ônus para o governo e garante identificar os locais com alto índice de concentração para analisar o percentual de isolamento, assim como ações.

Para os estados, as prestadoras contribuem com dados de georreferenciamento, que podem utilizar mapas ou imagens para fazer as identificações. Os números obtidos a partir das redes móveis, operação explicada acima, também contribuem com as informações quantitativas.

Elas são levadas para as autoridades de forma anônima. Quando a mancha no mapa for verde, significa que a região tem poucas pessoas em circulação. O vermelho representa uma alta concentração.

A operadora parceira nessa iniciativa é a Vivo, líder nos acessos móveis em SP. É a empresa que oferece o mapeamento com inteligência artificial eo big data, mas, conforme mencionado acima, há participação de todas as principais empresas de telecomunicações no fornecimento de dados.

O instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT ) coopera com o procedimento para indicar tendências, apontar a eficácia e antecipar os próximos passos da pandemia.

E a nossa privacidade?

Em qualquer publicação que destaca esse “rastreamento” feito pelas esferas do poder público, muitos usuários se questionam a respeito da privacidade. As operadoras possuem tamanho controle sobre a vida cotidiana? Não só elas, quantas empresas atuam diretamente com monitoramento?

Para aprofundar melhor essa parte, entramos em contato com a In Loco, companhia responsável pelas duas últimas iniciativas supracitadas e com expertise na coleta de dados por geolocalização.

Em comunicado, a empresa logo tranquiliza os usuários que se preocupam com a própria privacidade. A marca possui uma tecnologia própria, 30 vezes mais precisa que um GPS, para mapear a geolocalização dos brasileiros, coletada a partir do telefone móvel.

O procedimento é feito de forma agregada e criptografada, portanto, a única informação disponível é a localização, nada além. Dados cadastrais como gênero, faixa etária e outros são totalmente anônimos em respeito ao que determina a legislação brasileira sobre privacidade de dados.

A In Loco colocou sua tecnologia, com mais de 60 milhões de dispositivos móveis em todo Brasil captados, à disposição de órgãos públicos e autoridades.

Vale destacar que a tecnologia também controla apenas a quantidade de pessoas que respeitam ou não a reclusão domiciliar recomendada. O Índice de Isolamento Social, inclusive, está disponível para acesso de todos. Confira abaixo:



Iniciativa também foi adotada em outros países

As iniciativas adotadas no Brasil refletem atuações de outras nações que viveram dias de pânico com o COVID-19. Na Coreia do Sul, por exemplo, o rastreamento é muito mais complexo.

Por ele, os habitantes podem até mesmo verificar se cruzaram com alguém infectado pelo novo coronavírus. Para conseguir informações desse tipo, são utilizados vários tipos de dados como informações de cartões de crédito, geolocalização, passagem por hospitais e outros. Portanto, é um serviço de monitoramento a serviço da própria população.

No Irã, um aplicativo específico foi criado para diagnosticar sintomas com antecedência e identificar a localização dos usuários para que eles tenham a recomendação mais adequada em caso de contaminação.

Em Israel, há invasão de privacidade para os habitantes. A tecnologia adotada é semelhante ao que o país utilizava contra terroristas e a população será rastreada para que o governo tenha controle e saiba aplicar as medidas necessárias de contenção para a pandemia.

Uma das ações será para alertar pessoas que estiveram próximas de pessoas infectadas ou regiões classificadas como de alto risco.

Pela Itália, a região da Lombardia, uma das mais afetadas pelo vírus, conta com um aplicativo “questionário” que os moradores devem preencher. Informações de idade, sexo, sintomas e contato com pessoas contaminadas são solicitados. A ideia é ter informações estatísticas e classificar as regiões que mais oferecem riscos.

Para o país inteiro, há uma colaboração entre todas as operadoras no fornecimento de dados, com participação da TIM, nos moldes do que ocorre no Brasil atualmente. Aproximadamente 40 mil cidadãos foram acusados de violar o isolamento pelo sistema de rastreamento de localização.

Já Cingapura também aposta em uma solução para alertar seus habitantes, caso eles tenham tido alguma proximidade com pacientes do COVID-19 por pelo menos 30 minutos. O app faz um rastreamento de contatos e utiliza o bluetooth para traçar informações.

Dados gerais

No Brasil, é notório que há uma interpretação equivocada a respeito da contribuição das operadoras com o poder público no fornecimento de dados. Alguns sentem suas privacidades violadas ao entenderem que um “monitoramento” é realizado para controle da COVID-19.

Entretanto, de acordo com as informações recebidas e divulgadas até agora, são dados quantitativos. As autoridades precisam e possuem informações sobre quantidade, informações que diariamente são comuns também para controle de trânsito e outros temas cotidianos.

A telefonia móvel entra apenas como um extra para que se tenha maior agilidade, precisão na coleta, rastreamento e antecipação das medidas preventivas ao novo coronavírus.

Portanto, ativar a própria localização pode contribuir para que o poder público sinalize o local mais seguro para você nesse momento, apesar da rede móvel fazer esse papel de forma automática, conforme foi explicado acima.

Estamos todos rastreados em nossas residências? Bairros? Sim, mas isso não significa que nossas vidas são vigiadas e informações pessoais são compartilhadas nas medidas de combate ao coronavírus. A ideia é que o poder público tenha uma noção a respeito de quais regiões estão mais ou menos disciplinadas na contenção da pandemia.

Assim será possível direcionar iniciativas e atuar diretamente onde está o problema.

O Sinditelebrasil, inclusive, garante que o fornecimento de dados das operadoras para o governo se encerra assim que a pandemia chegar ao fim.

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