Não estamos no pantanal mato-grossense e tampouco no sertão nordestino onde determinadas situações são resolvidas em “vias de fato”. Poderíamos então estar vivendo nas terras de Odorico Paraguaçu, mas também não é uma verdade. Estamos MESMO em Marília, onde de forma absurda um secretário de esporte tenta agredir um dos técnicos em atletismo mais conhecido e consagrado do nosso país.

Nossa reportagem foi acionada na tarde de ontem, terça feira (19), e lá estivemos pessoalmente no pseudo centro olímpico ( uma promessa de campanha) do estádio varzeano Pedro Sola para acompanhar de perto um dos maiores escândalos envolvendo a secretaria municipal de esportes, lazer e juventude da cidade de Marília.

O fato teria ocorrido no dia 11 de julho, quando o secretário de esportes tentou agredir de forma violenta o técnico em atletismo Luis Carlos Albieri ( popular Skilo ), na frente de pais de atletas e até mesmo de adolescentes inclusive portadores de necessidades especiais que ficaram traumatizados com a cena. UMA VERGONHA PARA O MUNICÍPIO. Confira o boletim de ocorrência e logo na sequência o resumo da entrevista com o consagrado treinador;

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Professor Luis Carlos Albieri, voltando ao dia 11 de julho, como tudo aconteceu ?

TÉCNICO LUIZ CARLOS ALBIERI (SKILO ) : Nós estávamos em uma reunião entre pais do atletismo e alguns atletas. Era por volta das 11 horas da manhã da segunda feira ( feriado). Para esta reunião, o secretário não havia sido convidado e de repente ele apareceu e quis fazer parte da conversa. No meio da conversa houve o desentendimento, onde ele começou a alterar a voz com a minha pessoa. A única resposta que eu dei foi que ele é sem educação, trata mal os funcionários e servidores e nessa hora o mesmo partiu para cima de mim com tudo.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Ele ameaçou, esboçou uma agressão ou realmente partiu para vias de fato ?

TÉCNICO LUIZ CARLOS ALBIERI (SKILO ) : Ele veio prá cima de mim. Neste momento alguns país de atletas, funcionários e treinadores seguraram ele, senão, ele tinha acabado comigo. Ainda houve um bate boca posteriormente, mas, depois ele acabou indo embora. Passado cinco dias eu resolvi lavrar o boletim de ocorrências sendo que no dia seguinte ele ainda tentou me intimidar aonde eu bato o ponto.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Qual o real motivo desta tentativa felizmente frustrada de agressão ? Seria simplesmente a reunião com os pais dos atletas ou tem mais alguma coisa por trás ?

TÉCNICO LUIZ CARLOS ALBIERI (SKILO ) : Isso já vem lá de trás quando ele foi secretário na gestão do Vinicius Camarinha. Ele na ocasião me tirou daqui, onde eu exercia a função de técnico do atletismo. Eles perderam a eleição, então ele ficou fora, mas, como retornou agora, está procurando se vingar de todo mundo.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Só me recorda uma coisa; 15 dias após o Thiago Braz se sagrar campeão conquistando a medalha de ouro na olimpíada, ele esteve aqui na cidade e foi preparada um recepção para ele no aeroporto com o grupo político da época, na qual este secretário fazia parte. No entanto, o Thiago não quis ser fotografado ao lado dessas pessoas e desviou o caminho. Este secretário te responsabiliza por isto ?? Seria este o motivo da perseguição ?

TÉCNICO LUIZ CARLOS ALBIERI (SKILO ) : Bom este foi o inicio né. Começou daí, mas, eu não tenho nada a ver com isso. Esse atleta saiu daqui por culpa dele, pelo fato de ter me tirado daqui e acabado com o atletismo na ocasião. Até o prefeito da época não tem nada com isso. A briga do Thiago é com o secretário pela incompetência dele, a falta de visão dele. Pelo fato dele ter me tirado daqui, quantos atletas perdemos por não ter revelado no caminhar de toda essa história ?

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Para que o leitor (a) possa entender, nessa época você foi retirado daqui e foi para aonde ?

TÉCNICO LUIZ CARLOS ALBIERI (SKILO ): Eu acabei sendo cedido para outra instituição (AMEI), onde acabei descobrindo o Daniel Martins, o Gustavo Dias que é sobrinho do Daniel e é campeão mundial juvenil. Por sinal, são os únicos atletas da cidade que estiveram em Tóquio na paraolimpíada do Japão.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Skilo você revelou muitos destaques no atletismo de Marília que acabaram despontando no cenário estadual, nacional e internacional. Você se lembra qual foi a primeira revelação que passou pelas suas mãos ?

TÉCNICO LUIZ CARLOS ALBIERI (SKILO ) : Nós tivemos diversos atletas, mas, um deles eu posso citar porque hoje trabalha aqui conosco; o Aurélio Guedes que é servidor formado em educação física. O Aurélio é deficiente visual e foi em 4 paraolimpíadas. Nós tivemos ainda o Jardel Gregório, Osmar Barbosa, Augusto Dutra, Thiago Brás que recentemente esteve aqui, fez um vídeo e lamentou o fato de Marília ainda não possuir uma pista emborrachada. O próprio João da Barreira que agora está Portugal, disputando campeonatos internacionais. Para você ter ideia, treina aqui na pista comigo, o Daniel Martins, que é o melhor do mundo, recordista mundial paraolímpico.


Mais um dia de treinamento na seleção brasileira paraolímpica com o atleta da Amei Gustavo Dias

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Você é um revelador de talentos nato. Com todo esse histórico você se sente uma pessoa perseguida ?

TÉCNICO LUIZ CARLOS ALBIERI (SKILO ) : Na verdade é assim; o secretario atual por não ter nenhum conhecimento, ele não tem estudo, não tem formação como professor de educação física, então como ele pode avaliar um trabalho ? Como ele vai avaliar atletas ? Dentro deste contexto há sim uma perseguição política. Ele é um desequilibrado para vir aqui brigar uma equipe que faz milagres com as condições precárias de trabalho que temos aqui.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Se não fosse este trabalho importantíssimo que vocês realizam, apesar da precariedade, o atletismo em Marília estaria morto ?

TÉCNICO LUIZ CARLOS ALBIERI (SKILO ) : Eu diria que eu faço parte de uma equipe que trabalha e revela muitos atletas. O problema é que falta investimentos, não só da secretaria de esportes, mas, do setor público. O secretário é o grande culpado de tudo isso. Ele não se envolve com o atletismo. Tem coisas que acontecem que nem o prefeito sabe. O secretário faz as coisas “as escondidas”. Eu volto a frisar, o prefeito nem fica sabendo, eu isento o prefeito porque ele não sabe o que acontece realmente.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Nossa reportagem conseguiu apurar que você está de malas prontas após receber um convite. Qual foi este convite ?

TÉCNICO LUIZ CARLOS ALBIERI (SKILO ) : É com muita satisfação que a gente recebeu o convite para fazer parte da seleção brasileira paraolímpica que irá ficar uma semana em São Paulo, fazendo um trabalho com atletas cadeirantes. Virá um técnico americano que vai discutir com os técnicos convocados este trabalho com cadeira de rodas.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Só para complementar, eu lhe pergunto novamente; ” O secretário só não te agrediu por que foi impedido pelos próprios pais de atletas” ?

TÉCNICO LUIZ CARLOS ALBIERI (SKILO ) : Sim. Eu não tenho vergonha de falar. Foram os pais dos atletas que estavam aqui que seguraram ele e me protegeram, senão ele tinha acabado comigo. Ele tem 2.10 de altura. A gente dá um duro danado aqui e ainda tem que brigar para trabalhar….É o fim do mundo.

O JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA manteve contato com alguns país que estiveram presentes no momento da tentativa de agressão por parte do secretário de esportes Gastão Junior e todos confirmaram a versão do técnico Skilo. Um deles fez um triste relato em forma de desabafo;

“A situação do atletismo em Marília é caótica. Existem muitas irregularidades que precisavam ser investigadas. Favorecimentos injustos menosprezando o projeto da própria secretaria para atletas carentes, mas, com expressão estadual e nacional. Meu filho é especial e o atletismo transformou a vida dele, porém mediante ao que ele assistiu, ele está assustado e não quer mais vir. Até um associação já estávamos formando para conseguir doações para os atletas que muitas vezes não tem o que comer na estrada em competições para fora. Os próprios pais fazem vaquinha e conseguem doações como pão de leite, mussarela, fruta, mortadela e outros para eles se alimentarem em meio as competições. É uma vergonha os atletas não terem diárias e ajuda de custo para competir defendendo o nome da cidade”, concluiu E.A.L, 42 anos, pai de um atleta especial.

ATENÇÃO : NÃO PERCAM A SEGUNDA PARTE DESTA ENTREVISTA NESTA QUINTA FEIRA, COM NOVAS DENÚNCIAS SOBRE UM ESQUEMA DE BOLSAS E FAVORECIMENTO DE AUXILIOS DIRECIONADOS PARA ATLETAS ESCOLHIDOS PELO SECRETÁRIO E UMA PSEUDA COMISSÃO, PARA MODALIDADES COM DISPUTA “APENAS” A NIVEL REGIONAL.

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