Por amor a terra, assim digamos. Em 7 de abril, o economista e ativista João Pedro Stedile já havia declarado. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iria realizar “ocupações de terra” em todos os estados do Brasil ao longo de abril. Ele é membro da direção nacional da organização e esteve com o presidente na viagem a China.

De acordo com Stedile, o objetivo é pressionar as autoridades para que “latifúndios improdutivos” possam ser entregues às famílias do acampamento. 

“Haverá mobilizações em todos os estados, em todos os estados, sejam marchas, vigílias, ocupações de terras, as mil e uma formas de pressionar para que a lei, que a Constituição seja aplicada, e que latifúndios improdutivos sejam desapropriados e entregues para as famílias acampadas”, disse o ativista, que destacou que, atualmente, o MST possui 80 mil famílias acampadas.

“Nossa reivindicação é de que sejam desapropriados, o mais urgente possível, os latifúndios improdutivos para resolver o problema das famílias acampadas e criar espaço para produção de alimentos saudáveis”, completou.

As iniciativas começaram ainda no último sábado (15), quando foram invadidas oito fazendas no estado de Pernambuco, incluindo áreas nas da região metropolitana do Recife, zona da mata, agreste e sertão. Em nota, o MST informou que as terras são latifúndios improdutivos.

Uma das áreas invadidas por 660 famílias, na cidade de Petrolina, pertence à Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Em uma nota divulgada pela Embrapa Semiárido, nesta segunda-feira (17), a empresa que a invasão “foi realizada em terras agricultáveis e de preservação da Caatinga”

“A Unidade foi anexada, administrativamente, à Embrapa Semiárido e tem sido utilizada para instalação de experimentos diversos e multiplicação de material genético básico de cultivares lançadas pela Empresa (sementes e mudas). A invasão atingiu ainda áreas de preservação da Caatinga, comprometendo a vida de animais ameaçados de extinção, além de pesquisas para conservação ambiental e de uso sustentável do Bioma. Nesta área também acontece o Semiárido Show, feira de grande relevância para os agricultores familiares do Semiárido, posto que as tecnologias que são apresentadas foram desenvolvidas para ambientes de convivência com a seca. O evento recebe mais de 20 mil pessoas e é uma referência em transferência de tecnologias para a região Nordeste. No momento, a área está sendo preparada para receber a 10ª edição da Feira, que acontecerá em agosto deste ano. A invasão já está prejudicando consideravelmente todo o planejamento e execução das atividades previstas.”, afirma a nota da Embrapa”. O órgão informou que tomará as medidas cabíveis para solucionar a situação.

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Na madrugada nesta segunda-feira (17), cerca de 200 famílias invadiram uma área no município de Aracruz, no Espírito Santo. O MST alega que a fazenda faz parte do patrimônio do governo do estado, mas teria sido grilada pela Aracruz Celulose, empresa adquirida pela Suzano em 2018. Procurada, a Suzano ainda não se pronunciou sobre a invasão.

Na manhã desta segunda-feira (17), as sedes do Incra foram invadidas nos estados de Minas Gerais, Santa Catarina, Ceará, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte, além do Distrito federal. Na Bahia, famílias protestaram na entrada da Assembleia Legislativa da Bahia, onde participaram de uma audiência pública. Cerca de 400 pessoas participaram do ato, que tratou do aumento da violência no campo.

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Militantes do MST ocupam área na sede do Incra em Natal — Foto: Emerson Medeiros/Inter TV Cabugi


Nas últimas semanas, deputados estaduais baianos recolheram o número mínimo de assinaturas para criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito cujo objetivo seria investigar invasões de terras no estado. A CPI do MST, contudo, ainda não foi instalada.

Na semana passada, um grupo de cerca de 1.500 trabalhadores sem-terra invadiu a sede do Incra em Maceió (AL). Os manifestantes cobraram a exoneração do superintendente local do órgão, César Lira, que é primo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP).

Em entrevista na terça-feira (11), Rodrigues disse que devem ocorrer ocupações pontualmente, mas não dezenas ou mesmo centenas, o que caracterizada a jornada anual do MST. Até quando ficarão impunes os “terroristas” que invadem e depredam propriedades públicas e privadas?

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