Histórico de rejeições na Câmara de Marília pode frustar a população. A casa já rejeitou dois pedidos de cassação contra vereadores. O que chama a atenção é que nos casos anteriores não houve o afastamento dos questionados e tampouco a convocação dos suplentes.

Após uma quinzena inteira de polêmica e outros desdobramentos sobre o assunto, a Câmara Municipal de Marília aprecia nesta segunda feira ( 31) o pedido de implantação de uma comissão processante (CP) contra a vereadora professora Daniela (PL).

A vereadora não participará da votação, pois, pelo Regime Interno, está impedida de opinar sobre a questão que a envolve. Em assim sendo, a presidência da Câmara cogitou convocar o suplente Silvio Harada, que exerceu o cargo de vereador na legislatura passada e obteve que obteve 1.962 votos nas eleições de 2016.

No entanto, Harada ao saber da possibilidade de imediato comunicou a sua decisão de não aceitar o convite repassando a vaga para o próximo suplente que, no caso e o também ex-vereador Samuel da farmácia que, de pronto já se colocou a disposição para dar o seu parecer a respeito do assunto.

Manifestos de apoio ao policial Alan e intervenção de dois deputados criam um clima tenso para a decisiva sessão.

Em meio a tempestade de manifestos de revolta nas redes sociais, um grupo de ex-policiais militares da cidade participou de um protesto pacífico em apoio e solidariedade ao sargento que se envolveu na polêmica após sofrer ameaças da tenente-coronal por ter guinchado o carro da nobre vereadora.

A gravação da conversa viralizou e, em meio à polêmica, a tenente-coronel Márcia Crystal, comandante do 9º Batalhão da Polícia Militar de Marília, anunciou um pedido de licença de 15 dias.

Na ligação, a tenente-coronel afirma que o policial pode ser transferido do setor  — Foto: TV TEM/Reprodução

Por coincidência, no mesmo dia, a Câmara de Marília protocolou o pedido de abertura de Comissão Processante (CP) feito pelo advogado da capital paulista, DRº Marcos Rogério Manteiga para apurar de forma justa e peren a conduta da vereadora.

O protesto em solidariedade ao sargento Alan Fabrício Ferreira, que fez o guinchamento do carro da vereadora por estar com documento vencido, contou com cerca de 20 pessoas, que ficaram por cerca de duas horas em frente à sede do 9º BPM-I com faixas de apoio ao PM, na última quinta-feira (27).

Assembleia legislativa se faz presente e Deputados pedem “demissão” ou “expulsão” da comandante Cristal.

Na última segunda feira, no expediente da assembleia legislativa do estado de São Paulo, o Deputado Estatual Major Mecca mencionou episódios de desrespeito relatando na tribuna o caso de Marília. Vale lembrar que no final de semana anterior, o mesmo inclusive esteva na cidade para pessoalmente levar a sua solidariedade ao policial Allan Fabrício, gravando inclusive uma live em um dos acessos de entrada da cidade.

Acusado de 'rachadinha', Gil Diniz nega denúncias e diz que tinha 'extremo  carinho' por ex-assessor | Jovem Pan

Já por meio de representação ao comando geral da PM paulista, o deputado estadual Gil Diniz (PSL) relatou abusos e infrações cometidas pela comandante do 9º Batalhão da PM de Marília, Tenente-Coronel Márcia Cristina Cristal Gomes, e está a requerer a instauração de processo regular contra ela para que “seja punida (…) com a demissão e/ou expulsão” da corporação militar. O documento tem 16 páginas e é datado da última 2ª feira (24).

POLÊMICA CRIADA: Advogado afirma que tenente-coronel envolvida em polêmica de carteirada foi transferida da região, mas no final da tarde de ontem, comandante do CPI-4 desmentiu o fato.

Em vídeo enviado à redação do JORNAL DO ÔNIBUSde Marília e divulgado nas redes, no inicio da tarde de ontem, sexta-feira, 28, o advogado Marcos Rogério Manteiga, que vazou o áudio entre o policial militar que guinchou o veículo da vereadora Daniela D’Avila (PL) (Professora Daniela) e a tenente-coronel Márcia Cristal, comandante do 9º Batalhão da Polícia Miliar do Interior (BPM/I), na semana passada, afirma que Márcia Cristal foi transferida de corporação, saindo de Marília, indo para o CPI-10 em Araçatuba.

Na descrição do vídeo, o advogado disse: “Após a polêmica carteirada que a TenCel Cristal deu no Sgt Alan, a fez perder o posto do 9ºBPM/I, do CPI-4, sendo transferida para o CPI-10. Mas isso não basta! Queremos saber o que será apurado pela Corregedoria!”

No final da tarde o Comandante do Policiamento do Interior 4, em Bauru, publicou uma nota informando que a transferência não procede. A nota é assinada pelo Comandante Robson Douglas de Souza. 

Relembrando o caso e a Polêmica que se arrasta desde o dia 16.

Toda a conversa teria ocorrido porque o policial guinchou o carro da vereadora que estava com licenciamento vencido em Marília — Foto: TV TEM/ Reprodução

Tudo se originou à partir do momento que um veículo dirigido pela então filha da vereadora teria sido parado em uma blitz e logo após se constatar irregularidades o policial Allan Fabrício teria solicitado recolher o veículo ao pátio. A filha teria ligada para sua genitora que posteriormente ligou para a comandante, segundo nota divulgada pela edil, solicitando explicações a respeito da apreensão.

Depois de conversar com a vereadora, a oficial da PM Márcia Crystal ligou para o policial de trânsito que apreendeu o carro da parlamentar. Segundo o mesmo, o veículo foi apreendido porque estava com o licenciamento vencido e pneus gastos.

A conversa no telefone, na qual a tenente-coronel pede para que o PM não guinche o carro porque Daniela é vereadora e ameaça trocá-lo de função por não ter “bom senso”, acabou viralizando e causando uma ampla revolta popular.

O policial informou, no áudio, que deu a oportunidade para que ela fizesse o pagamento via aplicativo, mas a jovem e o pai, que chegou ao local mais tarde, teriam dito que não tinham condições.

Depois de ouvir a história, a tenente-coronel pede para que o policial não ficasse “tumultuando” e diz que ele deveria ter apenas feito a orientação, sem apreender o carro.

“Porque isso daí é falta de bom senso, tá? Ela é vereadora. É, é, a condição, você pode muito bem estar fazendo e orientando, tá? E aí segunda-feira, ela pegaria o documento e não precisa apreender o veículo”, diz a tenente-coronel no áudio.

Em seguida, a comandante ameaça trocar o policial de setor se ele continuar agindo de tal maneira, já que ele teria desobedecido uma ordem superior.

“Se for desse jeito é o que eu to falando, você não vai estar mais segunda-feira no trânsito (…) porque essa aqui é uma ordem minha, você vai responder também”, continua a tenente coronel.

A conversa continua por mais alguns segundos e a tenente-coronel repete que o policial de trânsito deveria ter tido bom senso ao analisar a situação, já que a mulher é vereadora.

“Olha o que você tá causando, porque politicamente ela é vereadora. Não teve nem uma conversa, o que você está achando que você é?”, questiona no áudio.

Após tomar conhecimento da gravação, o comandante regional instaurou inquérito policial militar para esclarecer todos os fatos que envolveram a apreensão do veículo e as condutas da comandante e do policial militar.

Histórico de rejeições na Câmara de Marília pode frustar a população. A casa já rejeitou dois pedidos de cassação contra vereadores.

Câmara de Marília realiza sessão ordinária na segunda com 11 Processos  Conclusos em pauta — Câmara Municipal de Marília

Como se vê, será uma decisão dificílima e sem dúvida nenhuma com uma grande quantidade pessoas não só de Marília, mas, de todo o Brasil acompanhando a decisão que revoltou a todos.

Porém convém lembrar que, o histórico da Câmara Municipal desta legislatura para estas decisões poderá frustrar a população. Para refrescar a memória, é importante lembrar que, em março de 2018, houve pedido de Comissão Processante contra o vereador João do Bar (Progressistas), que foi votado e rejeitado por unanimidade.

Já em setembro do mesmo ano, a Câmara rejeitou o pedido de abertura de CPI contra o polêmico vereador Mário Coraíni (PTB). No pedido da cassação do vereador pela quebra de decoro parlamentar, constava um “ato deplorável” de Coraíni, que agrediu com xingamentos um pedinte em frente uma agência bancária da cidade ( Banco Santander ).

As cenas foram gravadas em vídeo e também viralizaram nas redes sociais, com milhares de manifestações de repúdio da população ao ato do vereador. As palavras pesadas dele foram; “Vai pastar, você tem que comer grama, mesmo, vagabundo”, disse em altos brados o vereador ao homem necessitado que pedia esmolas

Na mesma situação, Coraíni  também agrediu verbalmente manifestantes durante uma sessão e mandou eles enfiar seus votos no rabo. “Não estou aqui à procura de voto. Não quero voto de ninguém, tá? Enfiem no rabo”, esbravejou. O pedido de abertura de processo contra ele também foi rejeitado por unanimidade. ou seja; na hora “H”, a coisa fica estranha.

Para enriquecer ainda mais o histórico do time, o prefeito Daniel Alonso escapou duas vezes da cassação em processos e comissões na Câmara. A primeira foi em novembro de 2017 e a segunda foi na sessão camarária desta semana que passou. O pedido de CPI foi rejeitado por 11 onze.

Há algo estranho no pairando no ar

O que chama a atenção é que, nos dois casos em que foram realizadas os pedidos de comissão processante, não houve a necessidade de afastamento dos vereadores em questão e consequentemente sem a necessidade de convocação de seus respectivos suplentes. Já nos corredores, são fortes os comentários de que, o pedido não será aceito, pois corre o risco d e estar contaminada justamente pela chamada do suplente e pela citação do prefeito municipal Daniel Alonso no mesmo pedido. Em outras palavras, a exemplo de outras vezes, tudo pode acabar em pizza. E quem paga a conta ?

Na última sessão, apenas o vereador Cicero do Ceasa se manifestou de forma favorável a vereadora Daniela tecendo o seguinte comentário; ” Quem nunca errou que atire a primeira pedra”. Os demais em comentários chegaram a reprovar o fato acontecido, mas, ninguém até o momento desta publicação havia manifestado sua intenção de voto. Resta agora aguardar o inicio da sessão e que ronquem os tambores…

DIRETO DA REDAÇÃO COM EDITORIAL DE LOURIVALDO C. BALIEIRO.

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