Talvez este tenha sido o texto mais difícil que eu tenha escrito até aqui, e com certeza foi o mais demorado e será o mais dolorido com a intensidade da dor expressa em cada linha. São passados 10 ( dez ) dias da partida sem despedida de minha irmã Inês Balieiro que morreu da maneira como sempre enfrentou a vida….lutando como um guerreira.

Sei que vocês estão acostumados com meus comentários a respeito da cidade, da politica em geral e de assuntos de grande relevância e interesse, onde a minha maneira, procuro humildemente contribuir com minha visão e reflexão a respeito de cada assunto, mas, hoje, peço licença para não comentar nada, apenas desabafar.

Em um momento onde mais de 750 vidas foram ceifadas pelo maldito vírus em nossa cidade que, já conta com mais de 30 mil contaminados, ou seja; mais de 10% da população, é chegada a hora de uma reflexão de nossos governantes. Aonde erramos ??? penso que essa deveria ser a pergunta.

Me lembro como se fosse hoje, quando na estrada a caminho de Marília recebi a noticia no final daquela manhã, onde dentro do meu carro o grito ecoou a quilômetros de distancia e as lágrimas desciam como um rio a encharcar minha camisa. Jamais me revolto com Deus, porque minha minha irmã era temente a Ele, e, por esta razão, sei que na sua infinita sabedoria e misericórdia, ele optou por livra-la do sofrimento.

O vazio me preencheu pelos quilômetros que faltavam e ao chegar aqui em Marília, confesso que fiquei sem reação. Tenho certeza que os familiares das mais de 750 pessoas que partiram sem a despedida, entenderão a minha dor em não poder sequer dar o ultimo adeus aquela que cuidou de mim e de todos os irmãos. Ela, era o braço de ferro da família.

Neste momento em que procuram culpados, a única coisa que sei é que; se prevenir ainda é o melhor remédio, mas, quando dependemos do transporte público de Marília ou precisamos trabalhar mantendo contato com outras pessoas sempre há um risco.

É triste passar hoje em frente a UPA da zona norte ou ao PA sul e avistar famílias inteiras chorando e clamando por um leito de UTI ou por melhores equipamentos. A pandemia é mundial, mas, Marília não poderia ter chegado ao ponto que chegou. Houve falhas gritantes e eu sou testemunha disso nessa narrativa.

Fico a vontade para falar que medidas preventivas salvam vidas. Equipamentos como ventiladores e respiradores mecânicos salvam vidas e poderiam ter salvo a minha irmã. Não sou médico, mas, leio muito e sei que a maioria, segundo os estudos, cerca de 80% dos pacientes que são submetidos a intubação, acabam indo a óbito. E foi o que ocorreu com a minha irmã e parceira de vida.

O ventilador pulmonar, também chamado em alguns momentos de respirador pulmonar, é um equipamento essencial para a manutenção da respiração em pacientes que apresentam alguma deficiência respiratória, seja ela transitória ou permanente.

Com o auxílio desses aparelhos, o paciente pode encontrar um conforto no momento de respirar e evita irritar os pulmões ao fazer força para conseguir realizar essa ação tão primordial para o corpo humano. Com isso há uma grande chance de sobreviver.

E fica a pergunta no ar; com os milhões que vieram para nossa cidade do ministério da saúde e do governo do estado, daria para se comprar quantos aparelhos que salvam vidas ??? Será que a despesa com publicidade é mais importante que vidas humanas ???

Ventiladores e Respiradores pulmonares são equipamentos com presença recorrente nos CTIs e UTIs dos grandes hospitais públicos e privados do país, salvando muitas vidas diariamente. Provando a sua importância e agilidade, principalmente em tempos adversos, como a pandemia do Covid-19. Pena que nosso governantes não tenham se atentado para isto.

Normalmente mais utilizados para auxiliar na recuperação da condição respiratória, o respirador, auxilia na melhoria da respiração de pacientes que sofrem com algum desconforto pulmonar. Seu objetivo é aliviar dores e facilitar na busca pelo ar.

O respirador é usado, geralmente, em pacientes com problemas respiratórios e com condições de evolução do quadro para uma possível embolia pulmonar. Diferente do ventilador pulmonar, o respirador é um termo que pode ser usado por qualquer aparelho que auxilie a melhora da respiração.

Sendo assim, podemos entender que pacientes que sofrem de bronquite e asma, por exemplo, podem ter o suporte de um respirador artificial por meio dos aparelhos de nebulização, por exemplo. Cujo uso é recomendado durante toda a vida e deve também seguir um padrão de qualidade para evitar danos à saúde. Esta exposição se faz necessário para que eu faça apenas uma pergunta; ” Quantos respiradores foram comprados para a população de Marília ??”

Dibujo de respirador

Não quero e não estou utilizando a fatídica morte de minha irmã para justificar ou cobrar algo, apenas, como disse no inicio, estou desabafando e neste desabafo, refletindo sobre aonde estão as falhas. É nesta hora que acabo concordando com as ideias e colocações do editor chefe deste Jornal que sempre dá sua pitadinha a respeito do assunto. Pobre rapaz, é apenas uma voz clamando no deserto, mas, ele não desiste…

Especialmente durante a pandemia do novo coronavírus, os respiradores e ventiladores pulmonares vêm exercendo grande importância como um dos mais relevantes auxílios para os médicos, que trabalham na frente de combate para salvar vidas. Por esta razão, agora sim, ocupo o espaço da minha coluna para pedir.

Senhores politicos de nossa cidade, está na hora de elencarmos o que é prioridade; publicidade ou vidas ??? obras em praças ou vidas ??? e assim por diante. Utilizem melhor os recursos na compra de ventiladores e respiradores mecânicos. Na aquisição de mais leitos e contratação de material humano.

Minha irmã partiu, mas, amanhã pode ser um ente querido de vocês que irão se deitar no mesmo leito e disputar uma vaguinha na UTI, que por sinal, é sim uma esperança de vida. A grande questão, pelo que eu notei, é a espera que faz com que, os pacientes cheguem na unidade de terapia já praticamente zerados em oxigênio no pulmão. Isto poderia ter sido evitado.

Enfim meus amigos, me desculpem essas poucas e mal traçadas linhas em forma de desabafo. Não queiram passar o que eu passei e estou passando e o pior; Não queiram passar o que minha irmã passou lutando por um pouco de ar. Ventiladores e respiradores já !!!

Eu sou Lourivaldo Carvalho Balieiro, Brasileiro, mariliense, empreendedor desportista e colunista do JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA, que na data de hoje, não escolheu nenhum tema, apenas desabafou para expressar a dor de um luto que não passa e vive a rasga o meu peito em uma indignação da maneira como tudo aconteceu.. Vá em paz minha irmã, continue olhando por nós e um dia a gente encontra aí em cima….

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