Sexta-feira de tempo nublado na capital nacional do alimento e segundo a meteorologia, com probabilidades de chuvas intensas para as próximas horas. O mesmo deve ocorrer no sábado, com uma trégua no domingo. Com isto, vem a preocupação em algumas ruas e avenidas da cidade que sofrem as consequências da falta de planejamento.

Apenas para recordar, uma forte tempestade registrada em Marília logo no início deste ano provocou alagamento de vias e estragos como queda de muros em ao menos dois imóveis, uma escola e uma indústria, segundo a Defesa Civil do município. Além de outros prejuízos, pontos de alagamento foram registrados na Rua Romildo Marconato e principalmente na Avenida João Ramalho e Durval de Menezes.

Até aqui, nenhuma novidade, pois estas cenas se repetem todos os anos quando ocorre chuvas torrenciais na cidade, ficando evidenciado que em gestões passadas, a cidade foi administrada a toque de caixa com um desenvolvimento reconhecido, mas com obras fundamentais realizadas sem os instrumentos principais. No caso específico, pavimentaram ruas, sem se preocupar com o escoamento das águas de chuva. Impermeabilizaram o solo sem deixar saída de fuga para voracidade das águas, com isto penalizando comerciantes, pedestres e causando inúmeros prejuízos.

Alguns estabelecimentos tiveram suas instalações invadidas pela enxurrada que, sem vazão nas ruas, acabara por invadir as calçadas e lojas. Alguns veículos tiveram panes e necessitaram ser empurrados. Fica claro que o único objetivo era a politicalha, sem qualquer planejamento.

Que fique bem claro que esta matéria não pretende sacrificar este ou aquele administrador, mas sim um todo administrativo ao longo dos anos que culminou nos frutos colhidos atualmente. Nosso objetivo é conscientizar e mostrar os problemas de drenagem das águas pluviais causadas pelo excesso de impermeabilização do solo urbano nestas e em outras ruas e avenidas da cidade que devido à explosão imobiliária somada as grandes vias de escoamento de trânsito, também forma totalmente impermeabilizadas por asfalto ou concreto. As consequências que deste crescimento desordenado está agora refletindo na desestabilização das margens dos cursos hídricos, na contaminação das águas, do solo e lençol freático, facilitando o acúmulo de resíduos sólidos. Diante desta constatação, esta matéria visa provocar uma reflexão sobre um tema intrínseco no nosso cotidiano.

Antigamente a ocupação urbana era composta por casas de moradia, que comportavam uma família, com seu pátio, horta, jardim, árvores e gramados, mas que lentamente vem dando lugar a grandes edifícios ou condomínios, que abrigam várias famílias com seu consumo de água multiplicado em várias vezes, somado a grande parte do terreno quase na sua totalidade impermeabilizado. Assim cria-se a necessidade de mais atenção para o escoamento correto das águas, esgotos cloacais e pluviais, com normas, que sejam levadas a sério, para não entrar em colapso todo sistema de escoamento, principalmente nos dias de grande precipitação pluviométrica.

Basta olhar nos sites de mapas/fotos como, por exemplo, do Google, para ver a escassez de áreas verdes rasteiras, e o excesso da cor cinza, dos telhados, pavimentação de ruas, calçadas e pátios. A pavimentação das vias públicas tem importância relevante ao bom fluxo do trânsito. Hoje a sociedade não tolera mais barro, poeira, nem mesmo calçamento por paralelepípedos. Criou-se a cultura do asfalto, do concreto, da pista plana e embora não recomendado, própria para velocidade. Não se vê mais nem o respeito à sarjeta permeável, que em algumas ruas ainda se mantém e ajuda a infiltração das águas.

Nas grandes áreas de estacionamento, por exemplo, seja de shopping, hipermercados… Embora se tenha diversos materiais disponíveis no mercado de pavimentação que permita a drenagem, não ocorre sua utilização em grande escala. Talvez por uma questão de diferencial de custos, de manutenção, ou de uma política relapsa de pouca rigidez e visão sobre a questão ambiental.

Os projetos de drenagem urbana tem como meta escoar a água precipitada o mais rápido possível para a jusante dos rios mais próximos, em contrapartida, o crescimento desordenado, ocupa o leito maior dos mesmos, tirando a liberdade da sua elasticidade de níveis de enchente e seca.

 AS CONSEQUÊNCIAS MAIS COMUNS E PROVÁVEIS

Tanta interferência traz um ônus difícil de administrar, que poderia ser evitado, ou amenizado com atitudes advindas da conscientização responsável dos gestores municipais. Os problemas já fazem parte do nosso cotidiano, principalmente com qualquer chuva torrencial. A grande pergunta que se faz é; CADÊ O PLANO DIRETOR DE DRENAGEM URBANA???  

CONSEQUÊNCIAS DIRETAS NO MEIO AMBIENTE

Podem-se identificar alguns tipos de impactos ambientais negativos, como:

  • Impacto direto no solo:

Redução de infiltração da água da chuva no solo;

Afundamento de terreno, ruindo em crateras, hoje já frequentes em grandes cidades, pela desidratação da terra e não sustentação do solo na baixa do nível da água dos lençóis freáticos;

Acúmulo de lixo em baixadas, contaminando o solo com a lavagem das ruas e resíduos sólidos em deterioração.

  • Impacto nos cursos hídricos:

Transferência do volume de água excedente não infiltrada no solo, para a caixa dos rios; Aumento da velocidade das águas, grande causa de desbarrancamentos e assoreamentos nas margens dos rios;

Elevação dos níveis na jusante, principalmente quando há estreitamento por aterros, pontes, ou proximidade do mar, pelo represamento das águas;

Aumento da temperatura das águas dos rios, formando bolsões aquecidos onde recebem as águas vindas do calçamento, altamente prejudicial à vida aquática e fomentando a proliferação de bactérias;

Alteração do pH e composição química natural da água dos rios. Entre outros.

  • Impacto na atmosfera:

Interrupção do ciclo da evaporação natural, da água antes retida pelos charcos naturais, gramados, folhas e terra. Com isso fica limitada aos parques e às poucas áreas verdes.

  • Impacto social e de saúde pública:

Grandes áreas de alagamento instantâneo, causando transtornos para logística urbana, desde o fluxo dos carros, dos coletivos, panes, corte de energia nos semáforos entre outros;

Inundação de edificações residenciais e comerciais, principalmente nas proximidades de riachos, arroios e baixadas;

Danificando a pavimentação, abrindo buracos e valas em calçadas, gerando custos tanto particular como públicos, com reparos na erosão urbana;

Molhando os pedestres, sujeitos a contaminação por doenças além dos resfriados;

As populações ribeirinhas em condições mais precárias, rio abaixo, serão mais afetadas por este despreparo nos grandes centros.

Com águas dos rios mais poluídas, por metais pesados e elementos tóxicos, o reflexo se fará sentir na má qualidade da alimentação produzida com a utilização destas águas nas propriedades rurais, deste a agricultura de campo, os hortifrutigranjeiros, pecuária, piscicultura, granjas de criação, e no meio ambiente em geral.

REFLEXÕES, ALGUMAS ATITUDES E MEDIDAS

As medidas adotadas para evitar a impermeabilização excessiva do solo, bem como as regras e leis relacionadas, devem ser reajustadas, aprimoradas, supervisionadas e cumpridas com maior rigor e atenção pelos órgãos responsáveis e pela comunidade. Mas apenas criar leis e fiscalizar não é garantia de conscientização ambiental, necessário então que os órgãos públicos trabalhem com projetos de educação ambiental, sensibilizando a sociedade para juntos ajudem a conservar os nossos solos com a permeabilização necessária.

É importante considerar que não deve ser transferido para a jusante o excedente de águas vindo da urbanização. Deve ser considerado que a água não respeita limites políticos, portanto, a bacia hidrográfica deve ser território de avaliação.

PRESIDENTE PRUDENTE É EXEMPLO: Concurso vai premiar com R$ 20 mil ideias de soluções para alagamentos no Parque do Povo

Um concurso que busca receber propostas de soluções para os alagamentos no Parque do Povo, em Presidente Prudente, vai premiar as três melhores ideias com o total de R$ 20 mil. As inscrições gratuitas podem ser feitas até 21 de março pela internet. O valor total será dividido entre os três primeiros colocados, sendo R$ 10 mil para o primeiro lugar, R$ 6 mil para o segundo e R$ 4 mil para o terceiro.

A iniciativa é da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Presidente Prudente em conjunto com o Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo).

Conforme o conselho, o concurso tem como objetivos tornar a gestão pública mais próxima ao desenvolvimento de ideias colaborativas, mais transparentes e acessíveis; estimular o desenvolvimento e a difusão de novas tecnologias; organizar e incentivar iniciativas já existentes que promovam a melhoria da gestão pública por meio da inovação tecnológica; e apoiar e fortalecer ações de inovação aberta que promovam a transparência, o uso de dados abertos e a participação da comunidade em desafios de interesse público.

Enquanto isso, os primeiros pré-candidatos a prefeito na cidade de Marília para a gestão correspondente ao período 2025 à 2028, que terá de início uma projeção orçamentária no primeiro ano de mais de 2 bi de reais, começam a dar cara em reuniões e matérias politiqueiras publicadas em sites patrocinados. Resta saber qual deles terá peito suficiente para a realização destas obras essenciais para a cidade, mas que ficam embaixo da terra, e sem visibilidade, consequentemente, não sendo lembradas pelo eleitor em sua maioria, que o diga o saudoso Pedro Sola.

DIRETO DA REDAÇÃO

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.