No dia de ontem, 5 de maio, foi comemorado O DIA NACIONAL DO LÍDER COMUNITÁRIO, instituído a partir do decreto-lei nº 11.287/2006, uma espécie em extinção nos dias atuais. Para os verdadeiros líderes, um trabalho feito com amor e dedicação para a comunidade em que residem.

Esta data homenageia os responsáveis por se colocarem à disposição de um ou mais bairros como o “porta-voz dos moradores”, uma figura de grande importância no âmbito popular, ajudando a representar as preocupações e vontades da população perante os poderes do Executivo, Legislativo e Judiciário, estando sempre cientes das necessidades reais da Comunidade que representa, ouvindo a todos de modo igualitário e sem preconceitos.

Quando enfatizamos os verdadeiros líderes, é porque como em tudo na vida, existe o joio e o trigo. Temos aqueles que são realmente ativistas com belíssimos trabalhos, mas existem também os oportunistas, que se identificam como líderes apenas para conquistar espaço político e consequentemente um carguinho comissionado ou qualquer outra vantagem, ou benesse pessoal.

Em uma emissora de rádio local, existe até um antigo radialista / jornalista que costuma atribuir o título de Líder comunitário a todos aqueles(as) que aceitam falar no microfone “aquilo” que seja de interesse de um determinado grupo político. Vende a imagem de alguns como líderes de uma determinada região, quando na realidade não lideram nem o quarteirão em que moram.

Ao agir desta forma, ao mesmo tempo e de forma ardilosa, ele injeta o ego da pessoa, fábrica bocas de aluguel e mata automaticamente o movimento comunitário com suas verdadeiras lideranças e com serviços prestados para uma comunidade. Não sabemos se tudo é feito por desconhecimento ou por estratégia mesmo. Por esta razão é importante o JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA, mais uma vez, esclarecer as diferenças de lideranças a serem consideradas e respeitadas.

Em uma comunidade, a liderança surge como uma necessidade imperiosa na condução das reivindicações, nas discussões dessa comunidade e no auxílio às pessoas que fazem parte do grupo a exercerem sua cidadania de modo ativo. O objetivo desta investigação é o de analisar o processo de interação entre o líder comunitário e o desenvolvimento local.

Por meio de levantamento teórico de forma exploratória, descritiva e bibliográfica, pode-se concluir que o líder comunitário é importante no contexto do desenvolvimento local de uma comunidade. Em prol da qualidade de vida, trabalho e renda, o líder deve atuar com projetos e junto a entidades que promovam o desenvolvimento local para sanar as demandas do seu entorno, principalmente em busca de uma maior autoestima; nesse sentido, ele torna-se imprescindível para o processo de interação do líder comunitário com o desenvolvimento local, quase que sinônimos.

O líder comunitário é importante, especialmente porque a cidade e as comunidades cresceram de forma desordenada, nas últimas décadas. É necessário compreender os níveis de lideranças existentes nas comunidades. A larga experiência deste editor lhe credencia a falar com propriedade sobre o assunto e apontar a visão de dois tipos de líderes comunitários:

Líder Cidadão: que participa, apoia, contesta a maioria dos assuntos relacionados ao seu bairro, comunidade e cidade, mesmo sem ter cargo ou função alguma sempre trabalha por melhorias no Bairro e fiscaliza a associação.

Líder Comunitário: é o que se propõe a assumir as responsabilidades sobre o seu bairro, enfrentando um caminho bem mais árduo. Primeiro ele passa pelo crivo do voto popular, nas urnas (não manipuladas) para receber, em muitos casos, a mesma quantidade do voto convencional de um vereador. Ele passa a ser o representante oficial da comunidade/bairro e não é remunerado.

Já passamos por esta experiência por quatro vezes para desfrutar de momentos inesquecíveis de praticar O PRAZER de estar mais perto das pessoas. Testemunhar problemas e transformar a sua casa em gabinete do povão. Sua sala, sua cozinha se tornam extensão para um atendimento que não escolhe dia ou horário para atendimento.

O Líder Cidadão é importante, pois se destaca pela forma de participação que implementa na comunidade. Em geral, buscando sempre criar um nível de consciência crítica, junto à população, para que ela cobre seus direitos, de forma coletiva, vendo os problemas, analisando e agindo. Em parceria com o presidente do bairro comunidade,  busca alternativas e solução. O líder não precisa ser presidente para fazer reivindicação para seu Bairro, e importante que o líder e o presidente de bairro  esta sempre unidos,  mais nada impedi o líder de fazer demandas para o bairro.

Em sendo assim, o Líder é um servidor da comunidade sem remuneração e sempre busca honrar as suas obrigações e defender o coletivo. Ele é o verdadeiro representante da comunidade perante o poder público. Sua missão não passa pelo individualismo: “eu fiz, eu sou, eu faço”. Ele deve, sim, se adaptar às diretrizes coletivas da organização comunitária. 

É certo que não se consegue chegar a lugar algum sozinho. Todo indivíduo necessita de ajuda de alguém. Porque é o povo que o elegeu: ali já nasceu uma união e um elo com todos.

Com quem o morador busca a solução? – Com o líder Comunitário e, para atender o povo, os líderes deixam de ter sua privacidade com a família para atender todos os moradores de sua comunidade. E assim, juntos, buscam benefícios para a comunidade.

Quando uma obra chega ao bairro,  o líder pode comemorar, pois sabe que teve uma grande luta e muitas dificuldades para chegar até ali. Por exemplo, para ter a obra, certamente participou de várias reuniões com o poder público e parceiros.

Muitas vezes o morador não sabe que aquele postinho de saúde inaugurado de forma festiva pelo prefeito e seus vereadores, foi luta do Líder Comunitário que fez abaixo assinado, foi na reunião do Conselho de saúde e esperou quase uma tarde inteira na sala de espera para falar com prefeito, seja ele quem for.

Aquela rua foi asfaltada ou aquela Emei foi ampliada. A escola foi construída, a lombada foi colocada e assim por diante. Um líder comunitário sempre tem os seus requerimentos arquivados, mas às vezes nem sempre são divulgados. E aí surgem os oportunistas.

É certo que teve que se sujeitar a intermináveis “chás de cadeira” e tirar do seu bolso para pagar a passagem do transporte coletivo, para ir às reuniões. Ou mesmo, ir de carona com membros da diretoria ou com os próprios moradores. Os líderes deixam de estar com suas famílias em prol do coletivo. Recebem vários “nãos” e, mesmo assim, trabalham incansavelmente por seus bairros e o resultado positivo vem com o tempo. O líder comunitário é a voz do povo.

Em uma cidade como Marília, comandada por um sistema, a exemplo do que acontece em Brasília e coordenada por um grupo político que monitora todas as ações, a figura do Líder Comunitário é de fundamental importância, especialmente porque a cidade cresceu de forma desordenada, onde bairros periféricos foram construídos sobre o alicerce da politicalha e do populismo, sem obras essenciais como asfalto de qualidade, galerias pluviais, água suficiente, áreas de lazer, etc….

Como sempre citamos, a cidade é comandada por um sistema que não se preocupa com a qualidade de vida da periferia, com a mobilidade urbana, desfavelamento e outros. A prioridade aqui, são os lançamentos de condomínios de alto padrão cercados de altas muralhas.

Os bairros ficam para segundo ou terceiro plano. Quando surge uma liderança ativa, o modus operandi do sistema é o mesmo; tentar a cooptação usando os mais diversos meios, para se silenciar. Com isto, se justifica o título desta matéria, pois LÍDER DE VERDADE está em falta, salvo algumas poucas exceções.

Marília ao longo dos anos já presenteou a cidade com grandes líderes, que poderíamos fazer uma extensa matéria falando de cada um, mas vamos nos ater a alguns exemplos como o Senhor Manoel Batista, ex presidente da Associação de Moradores da Nova Marília, uma das mais ativas entidades comunitárias da cidade com suas diversas ações no dia a dia e também o primeiro presidente do CAMOM (Conselho das Associações de Moradores de Marília).

Outro exemplo ´´e o ex-vereador Amadeu de Brito, que embora tenha um desempenho questionável como vereador, nos cabe lembrar que o mesmo foi carregado nos braços quando foi eleito no bairro Santa Antonieta justamente pelo seu trabalho como Líder comunitário combativo.

Poucos se lembram do senhor Waldeir Bolognese, ex-presidente da associação de moradores do Jardim Bandeirantes, o primeiro bairro a realizar um projeto-piloto de coleta seletiva em Marília em meados dos anos 90.

Entre as mulheres, grandes nomes que brigaram pelos seus bairros e suas comunidades como Albertina Ranziny da associação do Parque dos Ipês. E quem não se lembra da Dona Nézia do bairro Costa e Silva ou da Sra Irma do Bairro São Miguel. Todas guerreiras e com excelentes conquistas, graças ao discurso independente na luta pela melhoria na qualidade de vida de seus moradores.

Presentemente, assistimos de forma decepcionante uma verdadeira confusão sobre o que é realmente o movimento comunitário e o papel das lideranças. Dia desses, um desses novos comentaristas de redes sociais, sugerir a criação de uma secretaria de associações coordenada pela administração municipal. Quanta inocência !!!!

O movimento comunitário pode ser parceiro da administração municipal, mas nunca refém com dependência direta. As entidades devem ter autonomia política para trabalhar para exercer o direito da cobrança e não o dever do silêncio. O líder comunitário deve ser independente e por esta razão desenvolver projetos para captação de recursos e realização de eventos e ações ou se tornará mais um a ficar no paço municipal de chapéu na mão negociando apoio político em campanhas em troca de migalhas.

Os Líderes são poucos, mas ainda existem. Falamos com alegria do Senhor Darci Bueno, da Sociedade Amigos do bairro Palmital, da Helena Morena, da Associação de Moradores do Nova Marília 4 que ainda se posicionam de forma independente como verdadeiras lideranças. Lembramos do Senhor Paulo Lopes e sua esposa Edna, da associação do Bairro Julieta como exemplo de ações alternativas e eventos.

O resto ainda tem muito que aprender, a começar por se desgrudar da teta da viúva e de vereadores que sequer conhecem as ruas de seus bairros. A experiência e a história são testemunhas de que; uma boa liderança pode até almejar uma cadeira na câmara municipal, se bem que isto, assusta os que já estão na cadeira. Por esta razão, Líder Comunitário, de fato, deve ser criativo, para não depender desse povo.

Ficamos muito a vontade para falar a respeito, exercemos este cargo por dois mandatos na associação do Jardim Bandeirantes e como presidente do Conselho das Associações de Moradores de Marília (CAMOM), além da vice presidência da FACESP (Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo) e membro da CONAM (Confederação Nacional das Associações de Moradores). Nossa principal missão era formar, qualificar e capacitar lideranças e assim foi feito com 54 entidades na época. Não havia lugar para oportunistas ou picaretas. E já se foram quase duas décadas.

Enfim, o VERDADEIRO LÍDER COMUNITÁRIO, promove sua comunidade e, por vezes, faz as pessoas sentirem que o seu bairro é o melhor para se viver e constituir sua família. Ele trabalha sempre para que cada morador se sinta valorizado e ele faça a diferença no seu bairro. É aquilo que o ex-presidente conseguiu despertar no brasileiro, o patriotismo, mas que o líder transforma em BAIRRISMO, um amor ao bairro de forma incondicional.

O VERDADEIRO LÍDER COMUNITÁRIO, tem tato com as pessoas e sabe conquistar cada uma delas, mesmo que leve certo tempo. Ele conhece suas fraquezas e limitações, mas não se deixa abater por nenhuma delas. A humildade é sua marca.

Marília está carente deste perfil de líder comunitário. Que saiba desenvolver, lutar e fortalecer por projetos para sua comunidade. Que tenha competência de criar propostas para uma cidade carente diante de uma câmara municipal muito bem remunerada, mas que não rende a altura daquilo que deveria.

Fica aqui um caminho a percorrer aos novos postulantes desta árdua missão. Se faz necessário se adequarem as ferramentas digitais, se capacitarem para as discussões temáticas que envolvam as necessidades de sua comunidade. Aprenderem a caminhar sem o boné da dependência política e inverter os papéis, afinal eles precisam dos votos, concorda?

Para encerrar, como sempre disse em palestras e treinamentos, OS LÍDERES COMUNITÁRIOS SÃO HERÓIS ANÔNIMOS. Trabalham incansavelmente e muitas vezes sacrificam momentos com a família na luta pela causa, mas conseguem. O JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA, na pessoa de seu editor, parabeniza de forma especial a todas as VERDADEIRAS LIDERANÇAS da cidade de Marília. Que Deus abençoe o trabalho de vocês !

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