Gasolina comum ou aditivada? Essa é a pergunta que os frentistas realizam quando você encosta seu carro ou sua moto, seja qual for o posto de combustível de sua preferência. Ocorre que, um vídeo que está viralizando nas redes sociais novamente coloca em cheque a qualidade do combustível que chega aos tanques. COM O QUE VOCÊ ESTÁ ABASTECENDO?

Os combustíveis são fontes quase inesgotáveis de boataria. Muito se fala sobre fórmulas mágicas para aumentar potência e diminuir o consumo. A especulação da vez é sobre a gasolina formulada. Alguns postos de combustíveis estão tão preocupados com a má fama desse tipo de gasolina MENCIONADA NO REFERIDO VÍDEO que até colocaram faixas afirmando que só vendem a gasolina refinada.

Muitos ainda têm dúvidas sobre a diferença entre as gasolinas refinada e a formulada. Esse tema costuma, inclusive, gerar discussões nos postos de combustíveis. O principal alvo das polêmicas é a gasolina formulada, já que ela costuma ser acusada de prejudicar o desempenho dos carros. Mas, será que isso é mesmo verdade? Neste post, nós reunimos alguns pontos centrais para te ajudar a entender sobre o assunto.

Antes, O JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA, com exclusividade, produz esta matéria sanando toda e qualquer dúvida a respeito dos tipos de gasolina comercializados e aprovados para consumo, mas antes, é importante o que é combustível adulterado, antes do compartivo entre a polêmica gasolina formulada e as demais;

O que define um combustível adulterado? 

Os combustíveis adulterados ou gasolina batizada como são conhecidos, são a mistura do combustível original com: 

  • Metanol ou água, no caso do etanol;
  • Álcool (anidro ou hidratado), no caso da gasolina.

Essa mistura, quando vendida, fica em desacordo com:  

  • o Código de Defesa do Consumidor (CDC);
  • a Agência Nacional do Petróleo (ANP);
  • o Instituto de Pesos e Medidas (IPEM);
  • o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON);
  • as montadoras, sendo prejudicial para os veículos.

Além desses combustíveis já citados, também existem as variações deles, como a gasolina aditivada ou o “V-Power”. Contudo, neste artigo, o foco será a gasolina comum. Confira nos tópicos a seguir, como se prevenir do uso de gasolina adulterada, além de quais medidas tomar, caso encha o tanque com esse tipo de combustível. 

Problemas causados pelo combustível adulterado 

Combustíveis adulterados são misturas da gasolina (comum ou aditivada) originais com algum solvente que os deixem mais diluídos, assim rendendo mais líquido. Como não são fontes puras, seu rendimento não é adequado para os veículos. 

Dessa forma, os motoristas precisam acelerar com maior intensidade para que o veículo consiga ter um rendimento aceitável, e essa prática acaba desgastando as peças do motor e sistema de freios. Além disso, acelerar mais que o necessário, gasta mais combustível, tornando o abastecimento caro de várias maneiras. 

Como reconhecer etanol e gasolina adulterados? 

Combustível adulterado é semelhante ao suco em pó. Com pouca água (solvente), o suco fica saturado e não dá para beber direito. Por outro lado, colocar muito líquido, deixa o suco aguado. 

Assim como o suco em pó precisa de uma quantidade ideal de água para ficar bom, o etanol e a gasolina precisam de uma mistura balanceada para funcionar de forma apropriada no seu veículo. Agora vamos para as principais definições sobre o que sai das bombas para o seu veículo;

O que é a gasolina?

A gasolina é uma mistura de correntes de hidrocarbonetos que pode ser obtida a partir de processos diversos. Uma refinaria de petróleo ou outros agentes (tais como formuladores e centrais petroquímicas), desde que autorizados pela ANP, podem realizar tais procedimentos de refino do combustível. No fim do dia, não faz diferença qual é o produtor, a qualidade e o desempenho precisam ser equivalentes e seguir as diretrizes da Agência Nacional de Petróleo.

Quais são os tipos de gasolina?

No Brasil, são comercializados três tipos de gasolina nos postos de combustível: a gasolina comum, a aditivada e a premium ou podium.

Gasolina Comum

É a versão da gasolina que não possui aditivos, dispersantes e detergentes capazes de limpar e proteger o conjunto motriz do veículo. Com isso, a versão comum da gasolina deposita resíduos carboníferos no motor, que a longo prazo podem reduzir a performance e funcionamento do mesmo. Ou seja, o consumo de combustível aumenta, motorista.

Gasolina Aditivada

Como já abordado nos tópicos acima, a única diferença entre a gasolina aditivada e a comum é a presença de aditivos na aditivada. A taxa de octanagem é a mesma – mínimo de 87 unidades.

Esses dispersantes presentes atuam desgrudando e removendo os resíduos de carbono do motor, preservando então o desempenho original do seu veículo.

Gasolina Premium

O grande diferencial da gasolina premium ou podium em relação à aditivada é a sua taxa de octanagem: como vimos, a aditivada possui um mínimo de 87 unidades, já a premium deve ter uma octanagem de pelo menos 97 unidades.

Se você busca abastecer um veículo com o objetivo de aumentar o seu desempenho, a gasolina premium ou podium é a única capaz de realizar isso, pois é a taxa de octanagem que determina um melhor ou pior rendimento do motor.

Além da questão da octanagem, a gasolina premium também possui aditivos e dispersantes que auxiliam na limpeza das partes internas do motor.

E AGORA CHEGAMOS AO PONTO. Você sabe o que é GASOLINA FORMULADA? Se sim, provavelmente escutou algum vizinho ou amigo falar dos riscos desse combustível, também chamado de gasolina genérica ou criada em laboratório. Entre os receios mais comuns (basta dar uma busca na internet) estão os possíveis danos ao motor e o baixo rendimento. Mas será que é tudo verdade? ENTÃO VAMOS NOS APROFUNDAR;

O que é gasolina refinada?

A gasolina refinada é obtida nas refinarias por meio da destilação fracionada do petróleo. Isso significa que determinados componentes da matéria-prima são eliminados, sobrando apenas o combustível que abastece o seu carro. Nos últimos tempos, esse processo de produção de gasolinas tem sido substituído por novas técnicas considerando a inclusão de formulação.

O que é a gasolina formulada?

O assunto ganhou mais força de 2011 a 2012. Foi nessa época que começaram a surgir notícias da gasolina diferente (e mais barata!), criada da mistura de produtos químicos. Em alguns estados e municípios foram criados regulamentos específicos para obrigar os postos a informar a origem dos combustíveis.

Em outras fontes consta a informação de que existe uma diferença entre as gasolinas refinadas e formuladas. Como justificativa, o texto afirma que a primeira “passou pelo processo de refinação, em que as substâncias nocivas, contidas no petróleo cru, são completamente eliminadas”. Já a formulada é “composta de resíduos de destilação petroquímicos, aos quais são adicionados solventes, com qualidade inferior ao da gasolina refinada”.

Só há um detalhe: segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), órgão federal responsável pela regulamentação de combustíveis no Brasil, toda gasolina vendida no país passa pelo processo de formulação. Em nota, a agência explica — ainda que pareça outro idioma — que, “para a mistura de correntes de hidrocarbonetos chegar ao padrão da ANP, é necessário ‘formular’ o produto”.

Para Rafael Rodrigues Hatanaka, gerente técnico do Centro de Monitoramento e Pesquisa da Qualidade de Combustíveis, Biocombustíveis, Petróleo e Derivados (Cempeqc), laboratório sediado no Instituto de Química da Unesp, o posicionamento da agência está correto. “Como toda gasolina vendida no Brasil deve atender a requisitos técnicos estipulados pela ANP, essa combinação também pode ser feita nas centrais de matérias-primas petroquímicas e nos formuladores”, explica.

“Vi muito posto colocando ‘aqui só vende gasolina refinada’. Todas as gasolinas são refinadas porque vieram de alguma refinaria. Não tem como fazer o combustível sem misturar partes leves, médias e pesadas. Todas são refinadas e formuladas, na refinaria ou na petroquímica [formuladoras]”, afirma Carlos Itsuo Yamamoto, coordenador e pesquisador do Laboratório de Análises de Combustíveis Automotivos da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O que muda em relação à gasolina refinada?

Com base na resolução Nº 5 da ANP, a Petrobras afirma que a principal diferença é a maneira de obter a matéria-prima. Isso porque refinarias misturam as tais correntes de hidrocarbonetos de produção própria (criadas por processos de hidrodessulfurização, craqueamento catalítico e destilação do petróleo), enquanto as formuladoras adquirem esses produtos no mercado.

“Nenhuma gasolina é só como a refinaria produz. Ela sempre recebe algum aditivo para se tornar mais eficiente. Ela não sai da refinaria, vai à distribuidora e vai ao posto. Isso não existe. No fim das contas, se a gasolina atende às normas, não importa como ela foi produzida ou de onde veio. Ela é correta”, explica Carlos Orlando Enrique da Silva, superintendente de biocombustíveis e de qualidade de produtos da ANP.

TESTES DAS MONTADORAS

“O veículo é desenvolvido com gasolina comercial e etanol. Os testes são feitos para garantir durabilidade, dirigibilidade, rendimento do motor, cumprimento das normas de emissões e consumo. Se muda o combustível — e, nesse caso, não se sabe quanto mudou e se mudou —, pode alterar os parâmetros de desenvolvimento. Isso pode significar partidas mais difíceis, dirigibilidade comprometida, ou até uma durabilidade menor do motor”, diz Henrique Pereira, membro da Comissão Técnica de Motores Ciclo Otto, da SAE Brasil.

O QUE DIZEM OS ÓRGÃOS DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Alguns órgãos de defesa do consumidor preferem não se posicionar em relação ao assunto, já que há estados e municípios que não obrigam os postos a informar a origem dos combustíveis. “Segundo a ANP, instância federal que se sobrepõem à nossa, toda gasolina é formulada e não há diferença de qualidade. Em São Paulo, não temos essa exigência e só podemos exigir e fiscalizar o que consta em lei”, explica o Procon-SP.

Já a Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) acredita que os postos devem diferenciar gasolinas produzidas em refinarias e formuladoras. “O Código de Defesa do Consumidor trata do direito à informação. A escolha é do cliente. Ele tem de ser informado, por algum tipo de publicidade, na bomba ou no posto, em lugar que seja visível antes de abastecer”, afirma Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da associação.

“Quando o consumidor vai à bomba, ele tem de saber qual é uma e qual é outra. Por exemplo, se você tem uma ‘gasolina refinada’ e uma ‘gasolina formulada’, é preciso explicar, porque o consumidor não sabe a diferença. O que também vale para comum e aditivada. Tem de ter direito à informação para que o cliente faça a melhor escolha. No meu entendimento, a lei é clara. É o Código de Defesa do Consumidor”, diz Dolci.

PERIGOS

Para Rubens Venosa, engenheiro mecânico da Motor Max, o problema da gasolina formulada é a presença de substâncias nocivas ao motor. “Esse combustível pode ter solventes leves que deterioram partes de borracha e plástico, como mangueiras. A curto prazo, não muda muito. Mas as peças plásticas e de borracha sofrem mudanças moleculares em função da solvência desse tipo de gasolina”, garante.

Por outro lado, especialistas ligados às distribuidoras garantem que os solventes das gasolinas formuladas são os mesmos do combustível de refinaria. “O que pode acontecer é adulteração. Se colocam mais solventes, a gasolina se torna mais nociva, principalmente para a bomba de combustível”, analisa um engenheiro que preferiu não se identificar.

De acordo com o professor Carlos Itsuo Yamamoto, a regulamentação da atividade de formulação foi justamente uma tentativa de controlar a adulteração de combustíveis. “Existiu em um período no qual havia adulteração com solventes, que essencialmente vêm das petroquímicas. Então, para também ajudar a diminuir esse problema, autorizaram essas empresas a fazer combustível, desde que atendessem aos parâmetros de qualidade da resolução da gasolina”.

“Qualquer gasolina adulterada e fora das especificações da ANP pode provocar falhas de funcionamento do motor, independentemente de sua origem. Os mais conhecidos são detonação, aumento de consumo, falhas de funcionamento, engasgos e dificuldade de partida a frio, normalmente associados à adulteração”, explica Rogério Gonçalves, diretor de combustíveis da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA).

QUAIS SÃO AS VANTAGENS? 

“Gasolina formulada é uma mistura química com características iguais à refinada. É feita de outra forma, mas tem de atender às especificações. Ela não é exclusividade do Brasil e é vendida em vários outros mercados. Tem uma série de mitos, de que polui mais ou de que é menos eficiente. Mas se estiver dentro das especificações, não acontece nada disso”, garante Henrique Pereira, engenheiro da comissão técnica de motores Ciclo Otto, da SAE Brasil.

“Essa gasolina tem custo de fabricação mais baixo, pois os formuladores aproveitam resíduos de fábricas. Custa caro jogar fora esses resíduos, pois eles não podem ser descartados em qualquer lugar. Para a indústria química é uma beleza, pois ela pode vender aquilo que custa caro para ‘queimar’”, discorda o engenheiro mecânico Rubens Venosa.

Como denunciar ao constatar irregularidades

Embora o índice de comercialização de combustível adulterado seja baixo no Brasil, a recomendação é que o consumidor sempre abasteça em locais de confiança. Quem notar qualquer irregularidade tanto na qualidade da gasolina quanto na do álcool, pode denunciar o posto à ANP por meio do telefone 0800 970 0267

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