O caso de um homem negro de 40 anos que morreu após ser espancado na noite desta quinta-feira (19/11), véspera do Dia da Consciência Negra, no estacionamento de um supermercado Carrefour, no bairro Passo d’Areia, na zona norte de Porto Alegre, está repercutindo mundialmente pelos órgãos de imprensa e na mídia sociais.

Segundo consta, a vítima, identificada como João Alberto Silveira Freitas, teria discutido com uma caixa do supermercado e sido levado para fora do estabelecimento. As imagens da agressão circulam nas mídias sociais.

Segundo a Brigada Militar – denominação da Polícia Militar no Rio Grande do Sul – a vítima, que fazia compras com sua mulher, teria ameaçado agredir a funcionária, que acionou a equipe de segurança.

Dois suspeitos pelo crime, dois homens brancos, um de 24 anos e outro de 30 anos, foram presos em flagrante. Um deles é policial militar, tendo sido levado para um presídio militar. O outro é segurança da loja e está num prédio da Polícia Civil. A investigação trata o crime como homicídio qualificado.

Conforme a BM, que atendeu a ocorrência inicialmente, a vítima teria agredido a dupla por não aceitar sair do local. Já testemunhas que estavam no supermercado dizem que o homem foi seguido e agredido na saída. 

Vídeos nas redes sociais mostram cenas em que dois homens derrubam Freitas, e um deles dá vários socos na cabeça da vítima. Em outro vídeo, os dois homens imobilizam a vítima, já ensanguentada, no chão, enquanto uma funcionária tenta evitar a gravação e afirma que Freitas havia batido numa fiscal.

“Os dois seguranças que agrediram ficaram em cima dele, aquilo dificultou a respiração dele. Quando falamos em asfixia não significa necessariamente estrangulamento, mas aquela forma de contenção de ficar em cima dele fez com que tivesse dificuldade de respirar e pode ter ocasionado um ataque cardíaco”, disse Bertoldo ao jornal e acrescentou que aguarda o laudo da perícia para confirmar a causa da morte.

A mulher de Freitas contou à Rádio Gaúcha que o marido chegou a pedir ajuda e que quando ela se aproximou foi empurrada pelos seguranças.

O Carrefour afirmou, em nota, lamentar profundamente o caso, que iniciou rigorosa apuração interna e tomou providências para que os responsáveis sejam punidos legalmente. A empresa atribuiu a agressão aos seguranças, chamou o ato de criminoso e anunciou o rompimento do contrato com a empresa responsável pelos funcionários.

 A BM comunicou que o PM envolvido é “temporário” e estava fora do seu horário de trabalho, afirmando que as atribuições dele na corporação são limitadas à “execução de serviços internos, atividades administrativas e vídeo monitoramento” e “guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos”. A Brigada não disse o que ele fazia no mercado, mas há relatos de testemunhas de que ele trabalhava como segurança no Carrefour. 

Aos gritos de “eu não consigo respirar”, manifestantes protestam em loja do Carrefour em Brasília

Aos gritos de “eu não consigo respirar” – frase dita pelo americano George Floyd pouco antes de ser morto por um policial nos EUA – manifestantes entraram em uma loja do Carrefour, na quadra 402 Sul, em Brasília.

O objetivo era protestar contra o brutal assassinato de João Alberto Silveria Freitas, espancado por seguranças em outra loja da mesma rede no bairro de Passo D’Areia, em Porto Alegre, na noite desta quinta-feira (19).

Morte no Carrefour: grupo protesta em Brasília contra espancamento de homem  negro em supermercado de Porto Alegre | Distrito Federal | G1

Alguns manifestantes usavam trajes típicos de religiões afro-americanas e outros portavam fotos de artistas negros como Leci Brandão, Milton Nascimento, Elza Soares e Conceição Evaristo.

A expectativa é que neste final de semana, diversas manifestações sejam realizadas por todo o país. Em Marilia, até o fechamento desta matéria, nenhum ato havia sido divulgado, no entanto, nossa redação está a disposição dos movimentos engajados, caso haja alguma atividade a respeito do assunto.

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