Ato aconteceu no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados prevê votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o voto impresso nas eleições

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou na manhã desta terça-feira (10) da exibição de um comboio militar nas proximidades do Congresso Nacional, em Brasília.

Segundo a Marinha, o desfile já estava programado. A Bolsonaro e ao ministro da Defesa, Walter Braga Netto, foram entregues os convites para que eles compareçam à demonstração operativa, marcada para o dia 16 de agosto, no Campo de Instrução de Formosa.

Desfile do comboio militar, com tanques e armamentos, acontece hoje

O ato aconteceu no mesmo dia da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o voto impresso nas eleições — uma das bandeiras do presidente.

Antes do evento, pelas redes sociais, Bolsonaro, chamou autoridades para participar do ato na capital federal.

Segundo o aviso de pauta divulgado pela Marinha, a Operação Formosa acontece há mais de 30 anos e é o maior treinamento militar da instituição no Planalto Central. Pela primeira vez, o ato teve a participação do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira.

O anúncio da manifestação, porém, gerou críticas entre políticos, que acreditam que o desfile pode soar como algum tipo de pressão do governo para a aprovação da PEC do voto impresso, além de aumentar a tensão entre os Poderes.

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pela Marinha:

Blindados da Marinha chegam ao Planalto Central para realizar treinamento em Formosa

“Nesta terça-feira (10/8), pela manhã, comboio com veículos blindados, armamentos e outros
meios da Força de Fuzileiros da Esquadra, que partiu do Rio de Janeiro, passará por Brasília, a
caminho do Campo de Instrução de Formosa (CIF). Na oportunidade, às 8h30, no Palácio do Planalto, serão entregues ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, e ao Ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, os convites para comparecerem à Demonstração Operativa, que ocorrerá no dia 16 de agosto, no CIF.” 

Bolsonaro ensaia discurso de derrota do voto impresso na Câmara

Voto impresso começa a valer em 2018, mas já é alvo de críticas — Senado  Notícias

O presidente Jair Bolsonaro acusou nesta segunda-feira (9) o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), de “apavorar” parlamentares contra o voto impresso e disse que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) sobre o tema, caso não haja negociação, será derrotada no plenário da Câmara.

A PEC do voto impresso, uma bandeira bolsonarista, foi derrotada na semana passada numa comissão especial da Câmara. Mas o presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), deve realizar uma nova análise do tema desta vez em plenário, em votação prevista para os próximos dias.

“Se não tivermos uma negociação antes, um acordo, vai ser derrotada a proposta. Porque o ministro Barroso apavorou alguns parlamentares, e tem parlamentar que deve alguma coisa na Justiça, deve no Supremo. Então o Barroso apavorou”, disse o presidente, em entrevista a uma rádio bolsonarista.

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo desta segunda-feira mostrou que líderes do Congresso, integrantes do governo e ministros do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) articulam estratégias para reduzir a tensão entre os Poderes após a análise do voto impresso na Câmara.

Lira deve abordar o tema em almoço marcado com líderes da base governista nesta segunda-feira. A expectativa da cúpula do Congresso é que o plenário derrube o texto.

Com isso, a ideia em costura é criar um ambiente que possibilite a Bolsonaro conter as críticas ao atual sistema eleitoral (as urnas eletrônicas), para permitir uma trégua na relação do Planalto com o Supremo. Reconhecem, porém, a dificuldade de controlar o presidente.

Nesta segunda-feira, à mesma rádio Bolsonaro voltou a chamar Barroso, que é presidente do TSE, de “mentiroso”. “Parece que o poder de persuasão, de intimidação do Barroso, está fazendo a diferença dentro do Parlamento brasileiro”, disse Bolsonaro na entrevista.

Bolsonaro também alimentou mais teorias da conspiração contestadas pelo TSE ou sem comprovação para alegar que, na verdade, ele teria recebido mais votos do que os computados no pleito de 2018.

O presidente venceu o segundo turno das eleições de 2018, numa disputa com Fernando Haddad (PT). O resultado final foi 53,13% para o atual presidente contra 44,87% para o petista. O presidente também disse, mais uma vez, que em um inquérito da Polícia Federal teria reconhecido que um racker invadiu o sistema do TSE em 2018.

O TSE rebateu Bolsonaro na semana passada. Disse que o episódio foi divulgado na época em vários veículos de comunicação e não representou nenhum risco à integridade das eleições.

Em sua defesa voto impresso, Bolsonaro desencadeou uma série de declarações golpistas que colocaram em dúvida a realização das eleições no ano que vem. “Sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleição”, disse Bolsonaro em 1º de agosto.

As falas contra as instituições do país abriram uma crise com o Judiciário.

Em 4 de agosto, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decidiu incluir Bolsonaro como investigado no inquérito das fake news em tramitação na corte. Em reação, Bolsonaro acusou o inquérito de ilegal e ameaçou atuar fora de preceitos constitucionais.

“Ainda mais um inquérito que nasce sem qualquer embasamento jurídico, não pode começar por ele [pelo Supremo Tribunal Federal]. Ele abre, apura e pune? Sem comentário. Está dentro das quatro linhas da Constituição? Não está, então o antídoto para isso também não é dentro das quatro linhas da Constituição”, declarou Bolsonaro naquele mesmo dia.

Após reiterados ataques de Bolsonaro a integrantes do STF, o presidente da corte, Luiz Fux, cancelou uma reunião prevista entre os chefes dos três Poderes.

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