Empresa vem passando por dificuldades financeiras. Mas será que a cerveja realmente vai sair de circulação? Entenda agora.

O grupo Petrópolis, que produz a cerveja Itaipava, pediu recuperação judicial no dia 27 de março. Afinal, sempre que uma empresa solicita recuperação é indicação de uma alta crise.

No caso do grupo Petrópolis, a crise vai além da questão econômica. A empresa precisará apresentar um plano de recuperação judicial. Esse plano deve ser aprovado numa assembleia de credores, que definirá o futuro do grupo Petrópolis.

Caso o plano não seja aprovado, a empresa pode ter sua falência decretada e todo o seu patrimônio será leiloado, o que significaria o fim da cerveja Itaipava.

Até a realização da assembleia e a aprovação do plano de recuperação judicial, o futuro do grupo e da cerveja Itaipava segue incerto.

No entanto, é fato que o grupo terá que tomar medidas drásticas para manter a empresa à tona. Seja vendendo seus ativos ou reestruturando sua dívida. A seguir, entenda melhor como a empresa chegou nessa situação.

O que ocasionou a recuperação judicial da produtora da Itaipava?

Durante a pandemia, os consumidores se acostumaram a consumir mais bebidas em casa. Com a impossibilidade de visitar bares, os clientes também começaram a conhecer e querer bebidas mais artesanais ou gourmet. O interesse por produtos de qualidade superior cresceu muito, inclusive em mercados, que costumavam oferecer apenas opções mais básicas.

A empresa Ambev, por exemplo, teve um grande lucro com suas cervejas premium. Dessa forma, o grupo Petrópolis tentou acompanhar esse movimento, no entanto, não conseguiu acompanhar a tendência. Isso porque os novos produtos, além de demandarem gasto de produção, também envolviam marketing e aceitação dos clientes.

Além disso, a produtora da cerveja Itaipava também acusou as concorrentes de serem mais beneficiadas por incentivos fiscais. Segundo fontes da empresa, outras marcas tiveram mais facilidade de produzir na Zona Franca de Manaus. Dessa forma, impactando diretamente nas finanças do Petrópolis.

Quais são as opções da empresa para se recuperar?

A marca pode tentar lançar novos produtos e fidelizar clientes, além de investir em novas propostas de divulgação. No entanto, se a crise continuar, é possível que o grupo coloque ações à venda, possibilitando que outras empresas invistam ou se juntem para manter a marca de pé. O primeiro passo, portanto, seria o plano de recuperação judicial, além de muito trabalho duro para recuperar mais de 18 meses de queda nas vendas.

Recuperação judicial do Grupo Petrópolis é oportunidade para Ambev (ABEV3)

XP: Recuperação judicial do Grupo Petrópolis é oportunidade para Ambev (ABEV3)

O processo de recuperação judicial do Grupo Petrópolis já era esperado, uma vez que a companhia vem enfrentando problemas operacionais desde antes da pandemia, o que pode favorecer as operações da Ambev (ABEV3), diz a XP.

Os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca escrevem que o Grupo Petrópolis detém participação de aproximadamente 10%, criando oportunidades para grandes empresas do setor avançarem.

“A questão principal deve ser que Petrópolis não é uma pequena cervejaria nem um grande ator no setor, tendo o tamanho errado para encontrar melhores soluções”, comenta a corretora.

Eles notam que devido à operação de distribuição da Petrópolis, que é mais forte no Sudeste do Brasil, há uma sobreposição em relação a outros distribuidores, o que pode tornar uma aquisição menos interessante.

Grupo Petrópolis pode ser alvo de aquisição

A Ambev está bem posicionada para se aproveitar da recuperação judicial do Grupo Petrópolis, tanto em termos de portfólio de produtos quanto de distribuição, podendo aumentar sua participação de mercado, diz o Credit Suisse.

Os analistas Marcella Recchia e Fernanda Sayão escrevem que o mercado de cervejas no Brasil está aquecido, criando um potencial importante de crescimento orgânico para outras empresas, em especial a Ambev.

O banco nota que o Grupo Petrópolis pode se tornar alvo de aquisição por parte da Heineken ou das engarrafadoras da Coca-Cola no Brasil, sendo uma oportunidade de impulsionar negócios ao comprar a terceira maior cervejaria do país.

Para a Heineken, a adição de marcas como Itaipava, mais popular, seria uma complementação interessante ao seu portfólio de cervejas premium. Para a Coca-Cola, otimizaria sua rede de distribuição ainda mais.

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