Se você imagina que a média diária de 7 à 10 mortes em Marília está ruim, não se assuste, pois, pode piorar ainda mais. A afirmação não se dá somente pela falta de fiscalização nas aglomerações do transporte publico realizados pelas empresas Grande Marília e Sorriso de Marília ou pela falta de barreiras sanitárias e outras medidas preventivas, mas, de acordo com o último levantamento geral realizado por nada mais, nada menos que a Fiocruz.
A pandemia de coronavírus vai piorar nas próximas semanas no Brasil, em um cenário em que há estabilização do número de mortes por Covid-19, com patamar diário médio próximo de 1,9 mil, e aumento constante da incidência de novos casos da doença.
Esta é a conclusão do boletim emitido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta quinta-feira (27), que analisou a vigésima semana epidemiológica de 2021, que ocorreu entre 16 e 22 de maio. Conforme a instituição, há previsão de que a média de mortes por dia chegue a 2,2 mil na próxima semana.
“Esse contexto vai gerar novas pressões sobre todo o sistema de saúde. O aumento no número de internações, demonstrado pelo crescimento das taxas de ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), é resultado desse novo quadro da pandemia no Brasil”, explica o relatório.
Junto ao aumento consistente no número de casos, há o “rejuvenescimento da pandemia”, como descreve a Fundação, devido à “circulação de novas variantes do vírus no país e ao relativo sucesso da campanha de vacinação entre populações mais idosas”.
Em suma, isso representa que pessoas com idade entre 18 e 59 anos que, empiricamente, costumam precisar de períodos mais longos de internação UTIs, com média de 20 dias de hospitalização, tornará “crítico o tratamento para casos graves entre grupos mais jovens”.
Outra preocupação, pontua a Fiocruz, é a “exposição desta faixa etária a condições precárias de trabalho, transporte, retomada de atividades econômicas e de lazer, que vêm sendo efetivadas em diversos estados e municípios, com a flexibilização das restrições vigentes em março”.
“Esse conjunto de indicadores, que vêm sendo monitorados pelo Observatório Covid-19 Fiocruz, aponta para o recrudescimento da pandemia nas próximas semanas. Mantidas as tendências desses indicadores, pode-se prever uma nova elevação do número médio de óbitos para um patamar em torno de 2,2 mil por dia”, conclui o texto.
Com crescimento diário de 0,7% no número de diagnósticos de Covid-19, que estão, em média, em 62 mil por dia, o agravamento do quadro sanitário pode ser ainda pior nas próximas duas semanas. Com mais pessoas adoecendo, maior é a probabilidade de que quadros graves da doença se desenvolvam e, por consequência, majorar a sobrecarga nos sistemas de saúde.
“Entre 17 e 24 de maio, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentaram ou se mantiveram estáveis, em níveis elevados, em praticamente todo o Brasil, ratificando a avaliação de que a tendência de queda, que vinha sendo observada até por volta do dia 10 deste mês, se interrompeu”, alerta o boletim.
Em todo o Brasil, apenas a região Norte apresentou leve melhora nos indicadores, ainda em patamares altos: Rondônia teve queda de 83% para 79% nas ocupações, e o Tocantins registrou flutuação de 89% para 86%. Em Minas Gerais, há 80% de ocupação geral de leitos de UTI.
Nove unidades da Federação encontram-se com taxas de ocupação iguais ou superiores a 90%:
- Piauí (91%),
- Ceará (92%),
- Rio Grande do Norte (97%),
- Pernambuco (98%),
- Sergipe (99%),
- Paraná (96%),
- Santa Catarina (95%),
- Mato Grosso do Sul (99%) e
- Distrito Federal (96%).
Nove estados apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos entre 80% e 89%:
- Roraima (83%),
- Tocantins (86%),
- Alagoas (89%),
- Bahia (83%),
- Minas Gerais (80%),
- Rio de Janeiro (83%),
- São Paulo (80%),
- Mato Grosso (87%) e
- Goiás (84%).
Sete estados estão na zona de alerta intermediário (≥ 60% e <80%):
- Rondônia (79%),
- Pará (73%),
- Amapá (72%),
- Maranhão (76%),
- Paraíba (75%),
- Espírito Santo (79%) e
- Rio Grande do Sul (79%).
Dois estados estão fora da zona de alerta:
- Acre (47%) e
- Amazonas (57%).
Dez capitais estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 iguais ou superiores a 90%:
- São Luís (95%),
- Teresina (estimado em torno de 95%),
- Fortaleza (92%),
- Natal (96%),
- Maceió (91%),
- Aracaju (99%),
- Rio de Janeiro (93%),
- Curitiba (96%),
- Campo Grande (97%) e
- Brasília (96%).
Dez capitais estão com taxas superiores a 80% e inferiores a 90%:
- Porto Velho (81%),
- Boa Vista (83%),
- Palmas (87%),
- Recife (84%),
- Salvador (80%),
- Belo Horizonte (80%),
- Vitória (80%),
- Florianópolis (81%),
- Cuiabá (83%) e
- Goiânia (87%).
Cinco capitais estão na zona de alerta intermediário, com taxas iguais ou superiores a 60% e inferiores a 80%:
- Belém (67%),
- Macapá (79%),
- João Pessoa (76%),
- São Paulo (77%) e
- Porto Alegre (67%).
Duas capitais estão fora da zona de alerta:
- Rio Branco (49%) e
- Manaus (57%).
Em perspectiva, a Fiocruz afirma, no relatório, que para evitar, no curto prazo, novos colapsos no sistema de saúde e, portanto, poupar vidas, é “fundamental acelerar a velocidade de vacinação da população” complementando a “capacidade de produção pela Fiocruz e pelo Instituto Butantan com aquisição de mais vacinas”.
“Enquanto esse objetivo não for atingido, urge que se mantenham medidas rígidas de controle da pandemia e se persiga a queda sustentada de casos, tendo como visão a sua erradicação”, termina o documento.
Vacinação pode terminar, apenas, em dezembro de 2022
Em estudo divulgado na última terça-feira (25), a Universidade de São Paulo, por meio de um consórcio com várias outras instituições de ensino superior no Brasil, projetou, com base em dados recolhidos nos últimos 30 dias, quando a campanha de vacinação contra Covid-19 deve ser finalizada no Brasil – no 25 de dezembro de 2020.
“Nos cálculos, foi considerado o ritmo de vacinação dos últimos 30 dias (sempre que ocorre uma nova atualização, o sistema leva em conta os últimos 30 dias passados). Essa previsão é atualizada de acordo com a chegada de novas vacinas, com o aumento ou a diminuição do ritmo de vacinação, além de outros critérios que impactam a aplicação do imunizante, como a falta de insumos (IFA – insumo farmacêutico ativo) para produção de vacinas, número de postos de vacinação e o desejo da população em se vacinar”, informa a universidade.