O tráfico humano é uma realidade, mesmo uma de suas marcas sendo a invisibilidade ou mistificação. Ele já foi reconhecido como a “escravidão moderna” pela ONU e suas engrenagens são asseguradas por diversas questões, sendo uma das mais importantes seu caráter altamente lucrativo – estima-se que o crime rende em torno de 32 bilhões de dólares por ano para as redes do crime organizado.

Uma provocação de extrema importância é o porquê de não se falar sobre esse crime. Uma das respostas que poderíamos pautar é de que o tráfico de seres humanos é oculto aos olhos da população, ou seja; crime oculto a conscientização também é oculta.

Logo, tornar consciente o tema é de extrema importância para combatermos essa tragédia histórica que ainda é perpetuada desde a escravidão até os dias atuais, convidando a sociedade no enfrentamento deste crime.

Tráfico de Mulheres by carol.t.bandeira on emaze

Quando falamos sobre as possíveis vítimas, devemos ter em mente que a única característica que se assemelha entre elas, independente da modalidade de exploração do tráfico, é a situação de vulnerabilidade, podendo ser social, econômica, psicológica, emocional e até mesmo a educacional.

É indispensável quando abordamos este tema falar sobre os impactos psicológicos que as vítimas sofrem, principalmente as mulheres, já que são categorizadas como gênero de maior foco de exploração pelo crime, chegando a ser 70% das vítimas traficadas mulheres e crianças.

A trajetória de ser traficada causa diversas marcas psicológicas, vivências traumáticas ocasionando em grandes rupturas e abalos psicológicos com possíveis consequências longitudinais. O papel do psicólogo cabe aqui como imprescindível para o auxílio destas vítimas de volta a sociedade, com sua liberdade que a priori, pode se estabelecer, para essa vítima, como amedrontadora e ameaçadora.

Tráfico de pessoas: conheça o variado perfil das vítimas — Português  (Brasil)

Fatores como crises de ansiedade, sentimentos de humilhação, raiva, perda do controle sobre suas vidas e corpos, autoestima comprometida, agressividade exacerbada, disfunções sexuais, isolamento, pensamentos e tentativas de suicídios, desenvolvimento de vícios e dependências estão fortemente relacionadas às consequências de vítimas do tráfico humano.

Podendo ainda ocorrer o desdobramento de diversos transtornos como, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Transtorno de Estresse Agudo (TEA), Transtorno do Pânico (TP), Transtorno de Apego Reativo (TAR), Transtorno de Adaptação (TA), algumas vítimas podem ainda desenvolver psicoses breves e reativas, entre outros.

Existe uma pluralidade de respostas psicológicas que cada sujeito pode vir apresentar, sendo subjetivo de cada um, dependendo principalmente de suas influências históricas, biológicas e disposições psíquicas.

O tráfico humano deve ser olhado por uma perspectiva multidisciplinar, e a participação da sociedade é um fator decisivo para conseguirmos combater e alertar sobre este crime que traz consigo graves consequências psicológicas, físicas, sociais, culturais e econômicas.

Helana Sanches é psicóloga e atua na área psicológica do Projeto Líbertas. É Colaboradora e articulista do JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA que abraçou esta nobre causa omitida na grande mídia. O tema é publicado e divulgado contando com a colaboração de nossa Colunista Drª Marília Mazeto, que nos lisonjeia periodicamente com suas informações e reflexões sobre temas de relevante importância para toda a sociedade.

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