Depois de muitos anos e até décadas, o país desperta hoje com um sentimento de patriotismo poucas vezes registradas na história desse gigante de dimensões continentais. São 200 anos de independência com muitos significados e reflexões que o JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA, como um veículo de comunicação independente, patriótico e responsável preparou para você, leitor (a) que foca o patriotismo e não o partidarismo.

O 7 de Setembro representa uma das páginas mais emblemáticas da nossa história: aquela que estabeleceu o marco inaugural de uma nação que aspirava tomar as rédeas do seu destino e guiá-la, pelas próprias mãos, com inalienável soberania. Dois séculos depois, somos um país distante daquele, em vários aspectos. Mas vivemos ainda atravessados por profundas desigualdades sociais e a manutenção de nossa jovem democracia tem exigido de nós permanente vigilância. O Bicentenário da Independência se revela, assim, uma oportunidade privilegiada de lançarmos um olhar reflexivo para nossa história, para um necessário diálogo com o nosso passado, que tanto pode nos ensinar a não comentar os mesmos erros de países próximos em razão de suas escolhas.

Não podemos no entanto, perder de vista a avaliação crítica necessária para que as instituições públicas, as autoridades e o povo brasileiro permaneçam trabalhando em prol do desenvolvimento. Se faz necessário neste dia, mais do que nunca, manifestações pacificas que conotem o nosso amor a Pátria, mas, com um olhar clínico no futuro desta nação que depende do cidadão que por sua vez elege seus representantes para realizar as mudanças que se fazem necessárias no processo de construção de um país mais justo e solidário com seu povo e seus valores.

Esta semana lembra o aniversário de dois marcos da história brasileira. Hoje, quarta-feira (7) marca os 200 anos da Independência do Brasil e o centenário da primeira transmissão de rádio do país. O Dia da Independência recorda o grito de independência às margens do rio Ipiranga, proclamado por Dom Pedro I, mas esse marco nem sempre foi comemorado na mesma data. Devido às dificuldades de propagação das informações, a população só ficou ciente do feito em 12 de outubro, dia em que Dom Pedro I se tornou imperador do Brasil e dia do aniversário do monarca.

Porém, a semana da Pátria tem outra comemoração pouca citada, mas de fundamental importância, cantada em prosa e verso. Oficializado no centenário da proclamação, o hino nacional também faz aniversário e completou 100 anos ontem, na terça-feira (6). A letra do hino foi escrita em 1909 pelo poeta Osório Duque Estrada e só se tornou oficial em 1922 pelo Decreto nº 15.671, de 6 de setembro de 1922, assinado pelo presidente Epitácio Pessoa.

Voltando a data de hoje, D. Pedro I proclamou a independência em 7 de setembro de 1822, isso todos os brasileiros já sabem. Mas, na época, não. Com a dificuldade de propagação das informações pelo gigantesco território nacional, a maioria das pessoas não ficou sabendo disso no dia, nem sequer no próprio mês de setembro.

A população em geral só ficou a par das boas-novas em 12 de outubro do mesmo ano, data do começo do reinado de Dom Pedro I como imperador do Brasil e também o dia do aniversário de 24 anos dele.  Isso mesmo, quando proclamou a Independência, ele era muito jovem, tinha apenas 23 anos.

Quando Dom Pedro I abdicou do trono em nome do filho, em 1831, para voltar a Portugal, não fazia mais sentido comemorar sua coroação de 12 de outubro. A ideia então era passar a celebração para o dia 2 de dezembro, data de nascimento de Dom Pedro II. Mas, como na época ele era um menino de apenas 6 anos, que não assumiu o poder de fato, a data não pegou. Foi só aí que o 7 de setembro retomou a força e se consolidou como o Dia da Independência do Brasil.

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Para tornar a história desse período ainda mais conhecida, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo colocou à disposição de brasileiros de todas as idades a Agenda Bonifácio, uma plataforma online inédita, onde as pessoas podem conhecer os episódios mais marcantes que levaram à separação do Brasil de Portugal.

“Um marco tão importante para a história do país precisa ser celebrado ao longo de um período significativo, suficiente para que muitos eventos sejam comemorados. A plataforma estará disponível para consulta até dezembro de 2022 e depois se tornará um registro da celebração do bicentenário”, disse o secretário Sérgio Sá Leitão. “Escolhemos o nome de Bonifácio para a agenda, pois ele foi uma figura importantíssima para o desenvolvimento da independência do Brasil”, acrescentou. José Bonifácio de Andrada e Silva foi um dos personagens mais importantes da época, com atuação nos campos da arte, da ciência e da política.

Ao acessar a Agenda Bonifácio, o público tomará conhecimento, por exemplo, da série de decretos que culminou na proclamação da Independência por Dom Pedro I, em 7 de setembro de 1822. O primeiro deles, na verdade, foi assinado por Maria Leopoldina, em 13 de agosto de 1822, quando ela foi nomeada chefe de Estado e Princesa Regente interina, por motivo de viagem do príncipe para resolver pendências políticas.

Ao perceber a pressão da corte depois que o marido se recusou a voltar para o país natal, a Princesa Regente convocou o Conselho de Estado do Rio de Janeiro e assinou, em 2 de setembro, mais um decreto que declarava o Brasil oficialmente separado de Portugal. Na Agenda Bonifácio a pessoa também pode navegar por uma linha do tempo, em uma viagem histórica desde o ano de 1500 até o tempo atual, passeando pelos fatos marcantes desse período da história.

Na seção Outros Heróis, o site leva você a ter contato com personagens pouco conhecidos no processo histórico como, por exemplo, mulheres pioneiras que deixaram legado de resistência e bravura. Uma delas é Maria Felipa, importante nome no movimento de independência da Bahia. Nesse espaço, é também possível acompanhar entrevistas sobre o tema com historiadores como Lilia Schwarcz, Eduardo Bueno, Mary Del Priori, Isabel Lustosa, Ynaê Lopes dos Santos, entre outros.

A plataforma é gerida pela Organização Social Amigos da Arte e, além de trazer para o brasileiro os fatos históricos da Independência, possibilita compartilhar informações e divulgar eventos relacionados ao Bicentenário da Independência. Para isso, a pessoa interessada só precisa acessar o formulário ou escrever para contato@agendabonifacio.com.br .

“Queremos que a Agenda Bonifácio celebre os brasileiros independentes que assumem sua própria identidade, que tenha como principal objetivo fomentar continuamente uma programação histórica, diversa e democrática, que dialoga diretamente com os ecos desse marco na história, que segue presente até hoje em nossa cultura”, disse Danielle Nigromonte, diretora-geral da Amigos da Arte.

O Bicentenário da Independência e a reflexão sobre o Brasil do futuro

E já que citamos José Bonifácio, é bom lembrar que o mesmo era um estudioso que passou 36 anos na Europa. Ao retornar ao Brasil, onde 90% da população era analfabeta, ele almejava avanços para o país. Na elaboração da primeira carta constitucional do país, outorgada em 1824, ele tentou defender a necessidade de abolir a escravatura, de proteger as florestas e os indígenas e de implantar escolas, faculdades e a imprensa nas cidades e nas capitais das províncias. Eram ideias muito à frente daquele tempo, que foram sufocadas e não prosperaram. Algumas ainda não se consolidaram e continuam atuais. Outras só ocorreram décadas depois.

O patriarca José Bonifácio de Andrada, com sua experiência; Dom Pedro I, com seu ímpeto e juventude; e Dona Leopoldina, com sua intuição feminina e conselhos ao marido, merecem ser lembrados com respeito pelos brasileiros, como figuras centrais no nosso processo de Independência e que servem de lição e aprendizado para o futuro do país.

É inegável que muitos foram os avanços nos últimos 200 anos, seja no campo social, político ou econômico. O Brasil, país de dimensão continental e riquezas cobiçadas, se consolidou como uma nação respeitada e soberana. Não perdendo isso de vista e descoberto das tensões (e paixões) próprias de nosso tempo, pode-se dizer que muito foi feito, não significando tal afirmação que o progresso e desenvolvimento deve ser uma constante.

Apenas para contextualizar, a palavra comemorar, em que pese quase sempre ser associada ao verbo festejar, tem sua origem no latim commemorare, e, tecnicamente, significa ‘lembrar junto’, ‘trazer à memória’. Nesse sentido, rememorar os fatos que compõem a nossa história, nossa rica memória, significa jogar luz sobre o percurso que nos conduziu até a situação presente, permitindo, em linhas gerais, compreender o passado e planejar o futuro. Comemorar, portanto, é, mais que preciso, necessário para a autoestima de nós brasileiros em momento tão crucial às portas de um processo eleitoral que decidirá o futuro de uma nação.

Nesse Bicentenário, os brasileiros precisam pensar em como podem recuperar os laços políticos e de cultura para lutar por uma transformação maior, que atenda realmente às demandas da maioria da sociedade brasileira. Vivemos hoje um esgarçamento da vivência coletiva e pública entre as pessoas. E, sem essa vivência coletiva, fica difícil construir alguma coisa para o futuro. As individualidades são muito importantes, mas sozinho ninguém constrói nada.

Enfim, se faz necessário que além das manifestações patrióticas nas ruas e avenidas, nas passeatas e carreatas, o cidadão brasileiro tenha a consciência de seu papel dentro deste processo. É chegada a hora de todos se irmanarem de um mesmo propósito que coloque o pais acima de qualquer interesse partidário. Nossa nação precisa de um projeto único que contemple seus valores, as famílias e a liberdade. Este é o verdadeiro sentido de nossa independência.

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