Contar com a ajuda de profissionais experientes pode contribuir de forma positiva para a decisão 

Não existe receita para identificar o momento certo em que um casal deve se separar, mas alguns pontos podem indicar que é preciso ao menos pensar na questão. Por exemplo, se o interesse pela vida do companheiro deixa de existir, se não há mais atração física, nenhum desejo, nem prazer na convivência, é claro que há problemas no casamento. 

Segundo Luiz Fernando Gevaerd, especialista na área de Direito da Família com mais de 40 anos de carreira, mais de 10 mil casos atendidos e diretor do escritório Gevaerd Consultoria Jurídica, se a relação está desgastada é preciso refletir sobre a vida em comum. “Talvez a separação seja inevitável e o relacionamento não suporte uma avaliação, mas nem sempre é assim. Pode haver outras soluções que melhorem o casamento”, afirma.

O advogado explica que muitas formas de apoio podem ser usadas para salvar uma união, mas para haver chance de sucesso é preciso que ambos realmente queiram ter a oportunidade de uma nova experiência. “Às vezes, a crise serve para revelar todo o desinteresse, de um dos dois, em tentar a reconciliação. Ainda assim, qualquer tentativa pode ter reflexos positivos para o casal. Essa etapa pode durar anos, com muitas indefinições, medos e fantasmas, até chegar o momento em que uma reconciliação verdadeira seja conseguida, ou que a separação comece a ser encarada seriamente, com todas as suas consequências, positivas e negativas”, diz. 

Para  o Dr. Gevaerd, caso ambos se propuserem, com sinceridade e boa-fé, a uma avaliação do casamento, ainda que não haja reconciliação, o processo de separação será menos traumático para os dois e para os filhos. “Muitas vezes é difícil resolver a crise somente na conversa a dois. Neste caso, existem algumas formas de ajuda, que podem ser muito valiosas e vale a pena procurá-las. O cuidado principal que se deve ter nesse sentido é o de buscar a ajuda de pessoas que sejam comprovadamente experientes, sensatas, e que possam, de fato, dar uma contribuição positiva”, recomenda.

Uma das alternativas sugeridas pelo advogado para um casal que ainda não sabe se deve se separar ou não, é buscar um bom terapeuta de casal, especializado em situações de conflito familiar. “Ele pode prestar assistência psicológica às duas pessoas nos momentos difíceis de sua vida em comum. Esse apoio profissional pode ajudá-las a pensarem objetivamente sobre seu relacionamento conjugal e a tomarem decisões essenciais para o futuro, sem culpas ou precipitações”, diz. 

Outra sugestão é procurar o apoio de padres, pastores, rabinos e outros sacerdotes ou conselheiros espirituais caso o casal tenha formação religiosa. “O importante é buscar  sempre um conselheiro. Em um momento como esse é muito importante dividir com alguém os sentimentos e aconselhar-se nas decisões”, sugere o Dr. Gevaerd.

A compreensão da família também é muito importante, segundo o especialista, além dos amigos mais próximos e, eventualmente, colegas de trabalho. Ele explica que nesses casos, porém, é preciso tomar cuidado e estar sempre atento às indiscrições. “Os profissionais, como terapeutas e advogados, têm seu código de ética e comprometem-se a zelar pelo sigilo profissional, mas nada garante que os amigos comuns, ou mesmo parentes, conseguirão guardar confidências e desabafos. E é sempre importante preservar fatos que possam comprometer a sua imagem e também a imagem do outro”, orienta.

Divórcios voltam a bater recorde no país, diz IBGE

O número de divórcios no Brasil atingiu recorde de 386,8 mil em 2021, mostram as Estatísticas do Registro Civil 2021, divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O total representou um alta de 16,8% frente a 2020 – uma diferença de 55,6 mil divórcios -, a maior variação em relação ao ano anterior desde 2011 (quando tinha sido de 45,4%). O indicador considera tanto os divórcios judiciais concedidos em 1ª instância ou aqueles por escrituras extrajudiciais.

Na avaliação de Klyvia Brayner de Oliveira, analista do IBGE responsável pela pesquisa, o crescimento de divórcios em 2021 representa, em parte, também a normalização de alguns registros ainda referentes a 2020.

Enquanto o registro dos casamentos é feito nos cartórios, com maior extensão do serviço digital, no caso dos divórcios esse registro é realizado em tabelionatos e varas. E essa coleta de dados foi afetada no primeiro ano da pandemia.

“Esse número é uma recuperação sim do número de divórcios. Mas a gente sabe que pode ter alguma subenumeração (percentual não informado) pela coleta dos dados em 2020”, diz ela.

Na análise regional, as regiões Norte e Nordeste apresentaram as maiores variações, com aumentos de divórcios de 25,5% e 16,3%, respectivamente, entre 2020 e 2021.

Casamentos menos duráveis

Ainda de acordo com o IBGE, houve uma redução no tempo médio entre a data do casamento e a data da sentença ou escritura do divórcio nos últimos anos. Em 2010, esse tempo era de 16 anos. Já em 2021, o tempo médio foi de 13,6 anos. A proporção das separações é maior entre os casais com filhos menores de idade, com 48,5% dos divórcios – um crescimento de 5,5 pontos percentuais em relação a 2010.

Anos atrás, em 2014, somente 7,5% dos casais divorciados optava pela guarda compartilhada. Esse número avançou para 34,5% em 2021. Klívia Brayner, gerente da pesquisa, explica que a alta está relacionada, sobretudo, à Lei n° 13.058, de 2014, que passou a priorizar essa modalidade de guarda mesmo quando não há acordo entre os pais.

DIRETO DA REDAÇÃO

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.