Jair Bolsonaro reagiu com grosseria às notícias sobre os gastos do seu governo em alimentação, durante o ano de 2020, como é o caso de 15 milhões de reais em leite condensado.

Foi durante um almoço privado com cantores de música sertaneja, que ocorreu nesta quarta-feira, que Jair Bolsonaro se referiu pela primeira vez aos gastos do governo federal em alimentação durante o ano de 2020: mais de 1,8 mil milhões de reais em alimentos, o que representa um aumento de 20% face a 2019, num ano em que os serviços estiveram, em grande parte, encerrados por causa da pandemia.

Um dos detalhes que mais chama a atenção na reportagem publicada no domingo pelo jornal Metrópoles está a despesa de 15 milhões de reais só em leite condensado.

“Quando vem a imprensa, me atacar, que eu comprei, 2 milhões e meio de lata de leite condensado. Vai pra p*que pariu. […] Imprensa de m*essa daí. É pra enfiar no rabo de vocês, de vocês não, de vocês aí da imprensa, essa lata de leite condensado”, ouve-se dizer o presidente, conforme pode ver no vídeo acima, sendo no final agraciado com um coro de gritos de “mito”.

O chefe do Executivo estava acompanhado do presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, dos ministros Fabio Faria, Ernesto Araújo, Tarcísio Freitas, Mario Frias, do filho Jair Renan e de vários artistas.

Bolsonaro defende, ainda, de acordo com o Correio Braziliense, que os produtos não são destinados à presidência. “Não é para a Presidência da República essa compra de alimentos até porque nossa fonte é outra. São para alimentar 370 mil homens do exército brasileiro e também programas de alimentação via Ministério da Cidadania, também alimentação via Ministério da Educação, entre tantos e tantos outros”, justificou.

Recorde-se que alguns partidos pediram nesta quarta-feira a abertura de uma investigação em relação aos gastos do governo de Jair Bolsonaro com alimentação em 2020. O Partido Democrático Trabalhista (PDT), que entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar esses gastos, considera que os valores são “exorbitantes”.

Defesa diz que leite condensado é para dar energia aos militares

Defesa diz que leite condensado é para dar energia aos militares

Em nota divulgada na noite desta quarta-feira, 27, a pasta chefiada pelo general Fernando Azevedo e Silva afirmou que o contingente militar é “predominantemente jovem, o que pode aumentar as quantidades consumidas”

O Ministério da Defesa justificou que a compra de altas quantidades de leite condensado para as Forças Armadas se dá pelo “potencial energético” do item na alimentação de 370 mil homens e mulheres que realizam refeições em 1,6 mil instalações militares em todo o País. Em nota divulgada na noite desta quarta-feira, 27, a pasta chefiada pelo general Fernando Azevedo e Silva afirmou que o contingente militar é “predominantemente jovem, o que pode aumentar as quantidades consumidas”.

“O leite condensado é um dos itens que compõem a alimentação por seu potencial energético. Eventualmente, pode ser usado em substituição ao leite. Ressalta-se que a conservação do produto é superior à do leite fresco, que demanda armazenamento e transporte protegido de altas temperaturas”, diz a nota.

Em 2020, o governo federal gastou cerca de R$ 15,6 milhões com leite condensado. Os dados estão no painel de compras do governo, ligado ao Ministério da Economia, e foram apresentados em reportagem publicada pelo portal Metrópoles.

O Ministério da Defesa é o órgão que mais comprou leite condensado no ano. A despesa despertou uma série de críticas nas redes sociais e cobrança de explicações por parte de integrantes da oposição.

A nota da Defesa também justificou o gasto de R$ 2,2 milhões com chicletes pelo governo federal. De acordo com a pasta, “o produto ajuda na higiene bucal das tropas, quando na impossibilidade de escovação apropriada, como também é utilizado para aliviar as variações de pressão durante a atividade aérea”.

O comunicado acrescenta que os valores são todos compatíveis com as missões e tarefas desempenhadas. Além disso, ressaltou que considera um gasto de R$ 9,00 por dia, por militar. O valor não é reajustado desde 2017.

“As Forças Armadas têm a responsabilidade de promover a saúde da tropa por meio de uma alimentação nutricionalmente balanceada, em quantidade e qualidade adequadas, composta por diferentes itens”, frisa o texto.

Após a repercussão das compras, publicações nas redes sociais passaram a distorcer o levantamento do Metrópoles, atribuindo toda a compra dos itens alimentícios ao presidente Jair Bolsonaro. O R$ 1,8 bilhão gasto com alimentos diz respeito a todo o governo federal, incluindo atividades voltadas à educação e a programas sociais dos ministérios.

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