O ultraliberal Javier Milei (Libertad Avanza), economista e deputado, venceu o segundo turno eleitoral para presidente da Argentina, disputado neste domingo (19/11). Milei competia pelo cargo com o candidato peronista Sergio Massa (Unión por la Patria).

Massa reconheceu a derrota antes mesmo dos resultados oficiais saírem. Ele afirmou que conversou com Milei para parabenizá-lo e desejar-lhe boa sorte. “Porque é o presidente que a maioria dos argentinos elegeu para os próximos quatro anos”, disse.

O candidato derrotado pontuou que o mais importante é deixar uma mensagem de diálogo e paz ao povo argentino. “Havia dois caminhos, optamos pelo sistema de segurança nas mãos do Estado, defendemos o caminho da defesa da educação e da saúde pública como valores centrais”, disse.

Massa pontuou, no entanto, que o povo escolheu outro caminho. “A partir de amanhã, a tarefa de dar certezas e transmitir garantias sobre o funcionamento social, político e económico cabe ao presidente eleito. Esperamos que o faça”, disse.

No primeiro turno, a diferença entre eles havia sido apertada e nem as pesquisas eleitorais conseguiam medir quem chegaria na frente, já que algumas davam empate técnico.

Milei, de 53 anos, venceu as primárias e era tido como favorito, mas havia ficado em segundo lugar no primeiro turno. Ele é figura polêmica na Argentina e mundo afora por promessas de cortar relações com países que julga “comunistas”, como China e Brasil, além de romper com o Mercosul e “dinamitar”, ou seja, fechar o Banco Central.

O ultraliberal revelou admiração pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em troca, Bolsonaro fez postagens de apoio ao candidato e confirmou ida à posse caso Milei ganhasse as eleições.

No Brasil, os partidos de esquerda, incluindo o PT, se manifestaram a favor de Massa. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou citar nomes e pediu por um líder “que goste de democracia, que respeite as instituições, goste do Mercosul, da América do Sul e que pense na criação de um bloco importante”.

A fala de Lula ocorreu após Milei taxar o presidente brasileiro de “corrupto e comunista”, além de alegar que não se encontraria com o petista.

Além de Bolsonaro, Milei recebeu uma carta de apoio assinada por ex-presidentes da Argentina, México, Colômbia, Espanha, Bolívia, Chile e Porto Rico. Também era signatário Mario Vargas Llosa, político e escritor ganhador do Nobel da Literatura.

Patricia Bullrich, que representou a direita no primeiro turno e acabou como terceira colocada, endossou a candidatura de Milei.

Conheça o perfil de Javier Milei, novo presidente da Argentina

Javier Milei, do partido Liberdade Avança, surpreendeu mais uma vez e foi eleito neste domingo o próximo presidente a ocupar a Casa Rosada – sede do Poder Executivo na Argentina. Mas superada a campanha mais polarizada e disputada da história recente no país, Milei ainda terá que lidar com o desafio de implementar uma agenda ousada na economia e também nos costumes.

Milei, de 53 anos, é economista e possui uma trajetória meteórica na política. Após uma extensa carreira como professor universitário e consultor econômico, Milei começou em 2018 a aparecer com frequência nos principais meios de comunicação argentinos, com a divulgação de seu discurso “liberal libertário”, como ele mesmo costuma dizer. Sempre com opiniões consideradas polêmicas, foi ganhando espaço entre representantes da direita, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, que o apoiam publicamente nesta eleição.

As opiniões controversas, inclusive, não são poucas. Milei, que se considera um anarco-capitalismo já se opos ao aborto, inclusive em casos de estupro, rejeitou a inclusão de educação sexual nas escolas e expressou ceticismo sobre vacinas contra a Covid-19 na época da pandemia e apoiou a venda e distribuição de armas de fogo para a população civil. Uma das posições mais polêmicas até então foi a de legalização de comércio de órgãos.

Após várias aparições na mídia e com um apoio cada vez mais explícito nas ruas da Argentina, conquistou, em 2021, o cargo de deputado federal.

Propostas e desafios

O principal mote da campanha de Milei é a “dolarização da economia”, para substituir o peso pelo dólar. Na América do Sul, o modelo já é adotado pelo Equador. A medida é vista com ceticismo por economistas.

Ainda no campo da economia, o novo presidente argentino propôs a “dinamitar” o Banco Central, acabando com a instituição responsável pela política monetária da Argentina. O desafio é impor essa agenda na economia diante de um cenário absolutamente desfavorável. Há décadas o país vizinho sofre com uma crise econômica que envolve inflação e juros exorbitantes, altos níveis de pobreza, forte desvalorização cambial e a falta de reservas.

Outro desafio é a relação internacional que a Argentina irá manter com países aliados na economia. Durante a campanha, Milei criticou abertamente a China e o Brasil – principais parceiros econômicos da Argentina. Milei também informou que pretende retirar o país do Mercosul.

DIRETO DO PLANTÃO DE NOTÍCIAS

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.