Responsável pela produção da bebida láctea foi notificada por falta de clareza na embalagem do produto. Em nota, a empresa diz que especifica na embalagem as características do produto e afirmou ‘que é preciso desmistificar a visão que o soro do leite seja apenas um descarte da indústria de alimentos’.

Em tempos de carestia fora de controle, é aconselhável o consumidor ficar de olho nas mercadorias expostas a venda nas prateleiras de supermercados em geral. Mercadorias consideradas “mais baratas” podem ser na realidade sub produtos fabricados para serem comercializados por menos da metade do preço e atrair a atenção do consumidor para o consumo.

Foi o que aconteceu em Santo André, distante de Marília 462,2 quilômetros, o que não quer dizer que o produto não tenha chegado em nossa cidade ou na região. Portanto vai o alerta do JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA para o consumidor; “NÃO COMPRE GATO POR LEBRE, OU MELHOR, LEITE POR SORO DE LEITE”. Confira relatos e mais detalhes;

“Isso aqui não é leite não, né? Na embalagem fala que é soro de leite junto com leite, parece leite, mas não sei”, afirmou um consumidor que estava na unidade de Santo André do supermercado Nagumo, no ABC Paulista.

O aposentado procurava por opções mais baratas de leite integral quando se deparou com o produto “bebida láctea” vendido por R$ 4,75 no supermercado. Assim como outros produtos no Brasil, o preço do litro do leite subiu e chega a ser encontrado por R$ 10 na capital paulista e até R$ 12 reais na capital nacional do alimento.

O produto foi colocado na mesma prateleira do leite comum, mas na verdade é uma bebida láctea: uma mistura de leite com soro de leite, um composto feito pela indústria para reduzir o preço ao consumidor.

“Eu vou levar para ver qual o gosto, ele é o leite mais barato os outros custam mais de R$ 6,79.” O produto viralizou nas redes sociais no últimos dias.

“Compensa mais o leite em pó porque, apesar de ser mais caro, ele dura mais e pelo menos você sabe o que está consumindo”, afirmou outro consumidor que estava no local.

Bebida láctea vendida em um supermercado em Santo André, no ABC.  — Foto: Deslange Paiva/ g1

Bebida láctea vendida em um supermercado em Santo André, no ABC. — Foto: Deslange Paiva/ g1

O produto colocado na mesma prateleira do leite comum é composto por uma mistura de leite integral e 60% de soro de leite. Ele é vendido por R$ 4,75 nas lojas.

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Na unidade de Santo André da rede Nagumo, os atendentes do local informaram que aumentou o consumo do soro justamente pelo preço. Na unidade de Sapopemba, a prateleira do produto estava vazia.

“Está saindo bastante, a procura é tanta que subiu o preço, antes estava R$ 4,50 e agora foi para quase R$ 5. As pessoas compram porque é mais barato que o leite normal, tem gente que fala que gosta, eu mesma não quero nem experimentar”, afirmou uma atendente de caixa do supermercado.

Prateleira quase vazia do produto bebida láctea em Sapopemba.  — Foto: Deslange Paiva/ g1

Prateleira quase vazia do produto bebida láctea em Sapopemba. — Foto: Deslange Paiva/ g1

O soro do leite é um produto lácteo líquido extraído da coagulação do leite e é utilizado no processo de fabricação de queijos, caseína e produtos similares. Por muito tempo, o subproduto era descartado após a produção de queijos. Já a bebida láctea é a mistura do leite com o soro de leite, e apresenta um teor calórico mais baixo.

Ontem, quinta-feira (7), o Procon-SP informou que notificou a empresa responsável pela produção da bebida láctea pela falta de clareza na embalagem do produto.

O órgão informou que recebeu diversas reclamações pelas redes sociais de consumidores que também ficaram confusos com o anúncio do produto. Segundo o Procon, a embalagem não deixa claro para o consumidor sobre o produto que está sendo comercializado.

“O Procon-SP notificou a empresa Nova Mix Industrial e Comercial de Alimentos Ltda. – Quatá Alimentos solicitando explicações sobre comercialização e distribuição do produto ‘Bebida Láctea – Cristina’, conteúdo à base de soro de leite.”

A empresa tem até 14 de julho para responder uma série de questionamentos do Procon-SP, como um documento que autoriza a comercialização do referido produto nos órgãos oficiais competentes.

Em nota, a empresa diz que especifica na embalagem as características do produto e afirmou “que é preciso desmistificar a visão que o soro do leite seja apenas um descarte da indústria de alimentos, pois é um componente com benefícios nutricionais” (leia mais abaixo).

g1 procurou a rede de supermercados Nagumo, mas, até a publicação desta reportagem, não teve retorno.

Em nota, a empresa Nova Mix Industrial, responsável pela produção da bebida láctea, informou que a imagem que viralizou nas redes sociais “foi tirada em um ponto de venda onde o produto foi erroneamente anunciado como soro de leite. Ratificamos que o produto comercializado é uma bebida láctea UHT” (veja a nota completa no final da reportagem).

Diferença entre leite, soro e bebida láctea — Foto: Arte/g1

Diferença entre leite, soro e bebida láctea — Foto: Arte/g1

Mas o produto é saudável?

Segundo o nutrólogo Fernando Cerqueira, o soro de leite pode ser consumido como leite sem nenhum problema, já que é similar ao leite desnatado, porém sem gordura. “Mas é preciso que o consumidor seja avisado na rotulagem dos produtos do que se trata. E também é sempre ideal que o consumidor fique atento ao comprar, pois as embalagens são similares, e podem fazer com que eles se confundam.”

“O soro do leite é muito utilizado em sorvetes, doces, bolos, bebidas lácteas e até no whey protein, por isso pode ser consumido normalmente. O que não é adequado é vender o soro do leite como sendo leite convencional”, afirmou Cerqueira.

No caso da bebida láctea vendida nos supermercados, o produto reduz o teor de gorduras e, consequentemente, de calorias, mas também não existe contraindicação sobre o consumo. “Ele reduz um pouco o teor de lactose por que vai ter mais proteína, mas é uma bebida láctea à base de leite. Ele seria mais ideal para quem busca por dieta de emagrecimento, mas de qualquer forma continua sendo leite, não é leite puro, mas é leite”, afirma a nutróloga Daniela Gomes.

O que diz o fabricante

“A Nova Mix Industrial e Comercial de Alimentos Ltda é responsável pela produção da BEBIDA LÁCTEA UHT CRISTINA. A empresa atua no mercado de produtos lácteos há mais de 30 anos e prima pela qualidade e segurança de seus produtos e suas marcas. Possuímos um rigoroso modelo de gestão e controle de qualidade. Nossos laboratórios trabalham 24h por dia, realizando testes de validação de nossas matérias-primas, processos e produtos. Somos certificados em qualidade e segurança dos alimentos e fiscalizados pelo Serviço de Inspeção Federal – SIF do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA.

Assim, cabe esclarecer que o produto em questão possui regras de composição e rotulagem determinados pelo MAPA – os quais a empresa observa e segue fielmente.

Bebida láctea é um produto regulamentado, previsto e autorizado pelo DIPOA / MAPA (INSTRUÇÃO NORMATIVA No. 16/2015) e consiste na mistura de ingredientes lácteos, como soro de leite, leite reconstituído ou o próprio leite, podendo ter adição de outros ingredientes não lácteos (como açúcar, achocolatado, por exemplo).

A Bebida Láctea UHT Cristina é o resultado da mistura de soro de leite com leite integral, acrescidos de vitaminas A e D e estabilizante. A empresa, preocupada com a comunicação ao consumidor e visando não gerar confusão no ponto de venda, lançou este produto sob a marca CRISTINA, que não possui Leite UHT em sua linha de produtos. Visando a comunicação clara e objetiva ao consumidor, o rótulo informa, em sua parte principal, ou painel frontal que o produto:

É uma BEBIDA LÁCTEA UHT; em negrito, caixa alta, cor vermelha em fundo branco (apresentando um alto contraste e permite a leitura adequada);

Contém 60% de soro de leite; Também em caixa alta, negrito, cor vermelha em fundo branco, com as letras contendo o dobro do tamanho mínimo exigido em normas (norma solicita tamanho de 1mm e a empresa padronizou em 2,1mm);

Bebida Láctea não é leite: em caixa alta, negrito, cor vermelha em fundo branco, consta no painel principal. Mesmo a norma permitindo que esta frase seja colocada em qualquer local do rótulo do produto, a empresa escolheu trazer no painel principal para deixar claro ao consumidor e evitar erro ou equívoco.

Composição nutricional

Não há dúvidas do benefício nutricional relacionado ao leite integral. Mas é preciso desmistificar a visão que o soro do leite seja apenas um descarte da indústria de alimentos, pois é um componente com benefícios nutricionais.

Também conhecido como WHEY, o soro do leite, é um líquido composto por proteínas, minerais, gorduras, lactose e água, normalmente obtido da produção de queijos. As proteínas do soro do leite são altamente digeríveis e rapidamente absorvidas pelo organismo, além de possuírem alto valor biológico, pois possuem aminoácidos essenciais, que são aqueles obtidos somente por meio da alimentação, já que nosso corpo não é capaz de produzi-los. O soro de leite contém, aproximadamente, 55% dos nutrientes do leite, sendo esses as proteínas solúveis, a lactose, as vitaminas, os minerais e uma baixa quantidade de gordura. O soro do leite é usado na composição de vários produtos alimentícios, como Ricota e suplementos alimentares, por exemplo.

Além disso, a Bebida Láctea UHT Cristina possui a adição de vitamina A e D, que auxiliam no funcionamento do sistema imune. A vitamina A auxilia na visão, no metabolismo do ferro, na manutenção de mucosas, além de contribuir para a manutenção da pele. A vitamina D auxilia na formação de ossos e dentes, na absorção de cálcio e fósforo e no funcionamento muscular.

Posicionamento de venda

A Nova Mix não comercializa produtos diretamente ao consumidor. A foto retratada nas redes sociais foi tirada em um ponto de venda onde o produto foi erroneamente anunciado como soro de leite. Ratificamos que o produto comercializado é uma bebida láctea UHT.

Reforçamos com nossos canais de venda que os estabelecimentos comerciais destaquem corretamente a classificação do produto e contribuam para que o consumidor identifique claramente qual produto está adquirindo.”

DIRETO DA REDAÇÃO COM INFORMAÇÕES DO G1 SÃO PAULO

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