De acordo com o ex-ministro, o ‘GSI sofreu apagão por falta de informação’

Após prestar depoimento por mais de cinco horas à Polícia Federal (PF), o General Gonçalves Dias, ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional, afirmou que o acompanhamento das ações de vandalismo que ocorreram nos prédios dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro, cabia aos ministérios da Justiça e da Defesa. 

De acordo com o general, o GSI nem sequer foi convidado a participar da reunião do Plano de Ações Integradas, ocorrida na antevéspera das manifestações. Conforme ele, isso teria resultado em “um apagão geral no sistema pela falta de informações para tomada de decisões”. Dias também negou ter recebido informações de maneira antecipada da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Durante o depoimento, o general disse que as manifestações já estavam na mira do governo durante o período de transição, antes mesmo da posse de Lula. Ele admitiu que os protestos foram avaliados pelo Centro Integrado de Comando e Controle Regional da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

A respeito das prisões arbitrárias em frente aos quartéis do Exército, Gonçalves Dias disse que não concordava com as ações, uma vez que não havia um planejamento prévio para efetuar essas prisões, além de saber da presença de “famílias, idosos e crianças” nos locais.

À PF, o ex-chefe do GSI de Lula detalhou que, naquele domingo — dia das manifestações —, havia no Planalto 45 agentes da Coordenação Geral de Segurança, 46 militares do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas e um  Pelotão de Choque de Reforço com 38 militares do Batalhão da Guarda Presidencial.

Ainda de acordo com o ex-ministro, a sede do governo foi invadida às 15h41 e ele chegou ao local às 14h50, quando viu “a multidão conseguir superar o bloqueio da Polícia Militar e partir em direção ao Palácio do Planalto”.

Foi então que Dias pediu reforços. Ele afirmou que ao final da operação o total de militares no local era de 487 e de PMs chegava a 520. Ele disse também que “não tem conhecimento se houve demora injustificada” por parte do Exército, para auxiliar na segurança do local.

Outra afirmação do ex-ministro é que “ao entrar no Palácio do Planalto, se dirigiu ao quarto andar e verificou que havia invasores sendo retirados por agentes do GSI”. Conforme o depoimento, depois de descer para o terceiro andar, o general fez uma varredura e encontrou outros invasores na sala contígua e conduziu essas pessoas à saída.

O ex-chefe do GSI foi interpelado sobre o motivo de não ter efetuado as prisões dos invasores. O general declarou que “estava fazendo um gerenciamento de crise e essas pessoas seriam presas pelos agentes de segurança no segundo piso tão logo descessem, pois era o protocolo; que não tinha condições materiais de sozinho efetuar prisão”.

Ao final do depoimento, Gonçalves Dias afirmou ter entregue as imagens das câmeras da Presidência às instituições de Estado, “sem omissão de possíveis filmagens”. Versão essa que contradiz a cobrança feita por Alexandre de Moraes em despacho no qual determinou a quebra do sigilo das gravações e a entrega na íntegra do material.

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