A Guararapes (leia-se Riachuelo) anunciou anteontem, terça-feira (10), que vai encerrar as atividades da sua fábrica em Fortaleza, concentrando produção fabril em Natal. A operação no Ceará empregava cerca de duas mil pessoas, quase 10% do quadro total de empregados do grupo em 2021. A maioria dos trabalhadores na capital cearense deve ser demitida.

A fábrica em Fortaleza remonta ao final da década de 1970 e a companhia não informou os custos com a reestruturação produtiva. A empresa, com o empresário Flávio Rocha como presidente do conselho de administração, atualmente tem apenas as fábricas na capital cearense e em Natal, segundo informações da Guararapes.

Foi oferecida aos empregados a possibilidade de trabalharem na unidade de Natal ou na operação em São Paulo, mas historicamente, os dados de transferência de empregados dentro das operações de varejistas apontam que uma minoria cogita a mudança.

A companhia dona da Riachuelo tem duas unidades fabris, em Fortaleza (CE) e Natal (RN), e passa, com isso, a ter apenas uma no Brasil. A Guararapes diz que o modelo de negócio da empresa permanece inalterado, com a decisão fazendo parte do planejamento estratégico da companhia.

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Segundo a empresa, o foco é em otimizar a operação fabril para intensificar a reatividade, eficiência e competitividade, aliado a um crescimento sustentável. “A Guararapes tem uma relação de longa data com o Ceará e seguirá atuando no estado por meio de suas lojas”, afirma a companhia.

Os dados da empresa sobre seu quadro de pessoal, arquivados na Comissão de Valores de Mobiliários, mostrava 3,9 mil empregados na unidade de Fortaleza em 2021 (último arquivo disponível). Isso quer dizer que a operação foi sendo reduzida ao longo do tempo, antes de seu fechamento. Na época, equivalia a 9,7% do total de empregados da companhia (40,6 mil).

A empresa ainda não publicou dados sobre quadro de pessoal relativos a 2022. O arquivo é enviado pelas companhias à CVM em maio. Avaliada em R$ 3,1 bilhões, a Guararapes acumula queda de 35,2% no ano e quase 62% em cinco anos na bolsa de valores.

Em dezembro, a empresa informou que estuda uma fusão com uma de suas concorrentes no varejo de moda no país. A companhia da família Rocha abriu conversas com a Arezzo e com a SBF, dona da Centauro.

Em nota, a empresa afirma que “preza, primordialmente, pelo cuidado e olhar humano”, e os afetados pela decisão “estão recebendo assistência devida” com um “pacote extra” para auxiliar por certo período. Foi oferecida extensão do plano de saúde e dobro de aviso prévio, além de meio piso salarial. Máquinas de costuras foram doadas às costureiras e aos demais foi oferecido mais um adicional de um salário.

General Mills (YOKI) diz que irá reestruturar operações, transferindo as atividades de Cambará, no norte do Estado, para Minas Gerais.

Yoki anuncia fechamento da maior unidade no Paraná com corte de 1 mil  empregos - RIC Mais

O encerramento das atividades no município de 26 mil habitantes representa o corte de 750 vagas de empregos diretos e cerca de 300 postos de trabalhos indiretos, o que pode impactar cerca de 1 mil famílias na região. A unidade no Norte Pioneiro é a maior da empresa no Paraná e com o fechamento, a operação estadual será concentrada em Paranavaí, Noroeste, na outra fábrica da Yoki, que tem cerca de 200 empregados diretos.

Conforme a Prefeitura de Cambará, a transferência da unidade para o interior de Minas Gerais, significa uma queda de R$ 6 milhões no orçamento municipal, montante proveniente do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

A secretária municipal de Indústria, Comércio, Turismo, Agronegócio e Inovação de Cambará, Angélica Cristina Cordeiro Moreira, disse que a Prefeitura foi surpreendida com a notícia, pois preparava propostas de incentivo e tinha uma área para expansão da fábrica, que possui seis pavilhões. A unidade de produção de alimentos funciona há 42 anos na cidade sendo adquirida em 2012 pela General Mills.

Moreira relatou que o Município foi comunicado do encerramento das atividades em um rápido encontro com diretores do grupo. A principal preocupação da secretária é que a empresa não teria sinalizado interesse na venda do local para concorrentes do setor alimentício, o que poderia desativar a principal fábrica de Cambará após quatro décadas.

“Pedimos para a direção do grupo repensar essa atitude, pois é muito importante manter os empregos, pois isso tem impacto na economia regional e no comércio local. Os empregados foram comunicados, rapidamente, e temos dúvidas se a unidade será mantida até dezembro de 2023, pois já houve uma mudança na logística e produção no final de 2021 e funcionários já informaram sobre paralisação de parte das atividades nos últimos dias”, informou.

Na próxima semana, representantes da Prefeitura de Cambará devem se reunir com o Governo do Estado para avaliar o impacto e quais medidas podem ser tomadas para diminuir o impacto econômico com o fechamento da maior unidade da Yoki no Paraná.

Cidade de Marília e região

Não podemos dizer que está tudo a mil maravilhas também pelos lados da capital nacional do alimento e região. Somente em Marília, corre nos bastidores que uma grande empresa do setor da metalurgia estaria cortando despesas e já trabalhando com hipótese de redução no quadro de funcionários. A situação não difere em outras grandes empresas que, com apreensão da economia, estão monitorando o mercado cortando gastos e reduzindo investimentos.

No setor de comércio, uma antiga loja de confecções instalada na rua São Luis, teria decidido também encerrar suas atividades. O ano só está começando e pela temperatura ambiente, os ventos não estão favoráveis, pelo menos até o momento. Torcemos para a reversão do quadro com as perspectivas positivas do final de 2022. Fechamento de um comércio ou indústria significa automaticamente desemprego e agravamento de crise econômica. Quem tem interesse que isto ocorra? Aguardemos os próximos capítulos.

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