Como é triste voltar no tempo e se confrontar com a linda história daquela que já foi a menina dos olhos do interior paulista. Apenas para recordar, na década de 50, Marília atingiu o pico de seu crescimento, devido principalmente a cultura do café, sendo considerada a cidade que mais cresceu no mundo. Foi destaque em toda imprensa internacional.

Cidade que foi novamente agraciada e reconhecida mundialmente em 2004 pela conquista do título de Cidade Amiga da Criança, do UNICEF, e de Cidade Modelo em Educação, do Instituto Ayrton Senna.

Mais recentemente, em 2016 a Firjan classificou a cidade como a 23ª melhor do país para se viver; em 2017 Marília figurou em estudo do Ipea entre as 15 cidades mais pacíficas do Brasil, em um índice que considera municípios com população superior aos 100 mil habitantes com pesquisa realizada nos dois últimos anos.

Essa introdução, serve apenas para uma reflexão simples; “O que aconteceu com a nossa cidade ? ” Além dos escândalos politicos envolvendo administrações anteriores, os noticiários não patrocinados pela administração apenas mostra uma triste realidade; A DECADÊNCIA de uma cidade que hoje só serve para especulação imobiliária de grandes grupos de construtoras. Infelizmente, já não existe uma preocupação com a qualidade de vida dos munícipes, apenas com o lucro.

O exemplo disso está aí, após o ultimo ranking divulgado sobre o índice de desenvolvimento sustentável das cidades, onde a nossa antes, pujante cidade, desde os anos 50, nem aparece entre as 100 mais.

A pequena Morungaba, parte da região metropolitana de Campinas, no interior de São Paulo, é a cidade mais avançada nos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), segundo ranking lançado nesta terça-feira (23), pela Instituto Cidades Sustentáveis. Ou, pelo menos, é a mais avançada segundo os dados que estão disponíveis.

O ranking, no momento, classifica 770 municípios brasileiros. O top 5 atual é composto também por Pedreira, Jumirim, Corumbataí e Iracemápolis, todos no estado de São Paulo. A ideia do instituto, em parceria com o SDSN (Sustainable Development Solutions Network), com o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e o Projeto CITinova, é ajudar os municípios e outros entes a visualizar em quais pontos já houve avanços nos objetivos de desenvolvimento sustentável e onde ainda é necessário evoluir.

Os ODS fazem parte da Agenda 2030, que foi proposta pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2015 e que busca, até 2030, alcançar objetivos ambiciosos, como o fim da pobreza e da fome. O plano é conseguir melhorar a vida das pessoas ao mesmo tempo em que o meio ambiente é protegido e o aquecimento global é combatido.

Os objetivos, contudo, costumam ser observados de um ponto de vista macro, olhando-se para os países. E é aí que entra a ideia do ranking, ao jogar um olhar sobre um esfera mais local, o que poderia estimular a aplicação da agenda, diz Jorge Abrahão, coordenador do Instituto Cidades Sustentáveis e colunista da Folha. “Quando se consegue medir e monitorar, você vai ser capaz de reconhecer os prefeitos que avançarem nessa direção positivamente”, afirma Abrahão.

O instituto e seus parceiros olharam para 88 indicadores para conseguir analisar os ODS. A partir da análise das informações, é dada uma nota de 0 a 100 para os municípios. Na plataforma, é possível encontrar o resultado apresentado de modo simplificado, apontando com cores (em uma escala que vai do verde ao vermelho) o que está mais distante de ser alcançado. O coordenador do instituto afirma, porém, que a ideia, no momento, não é apontar dedos para nenhuma administração municipal, considerando que a situação atual foi construída ao longo de diversas gestões.

Meio Ambiente e desenvolvimento sustentável em Paulista/PE

Além disso, o ranking tem limitações importantes: dados. “Temos fragilidade de dados”, diz Abrahão. Segundo ele, se para alguns dos objetivos em pauta, como saúde e educação, os dados são relativamente abundantes, para outros pontos importantes, como uso de pesticidas e eficiência de utilização dos recursos, as informações são ausentes ou desatualizadas em nível municipal.

De acordo com Abrahão, ao identificar tais gargalos, o projeto pode incentivar a produção de mais e melhores dados públicos. A crise de informações confiáveis, porém, pode ficar ainda mais profunda. Na segunda (22), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) afirmou que o corte de orçamento proposto para o Censo pode inviabilizar a pesquisa, que seria realizada em 2020, mas, por causa da pandemia, foi adiada para 2021.

Ex-presidentes, em uma carta, alertam que a situação e um novo possível adiamento do Censo deixariam o país às cegas. “O país necessita das informações geradas pelo Censo, que são essenciais para subsidiar políticas públicas em diversas áreas, especialmente em um contexto de pandemia, onde esses dados são estratégicos para o avanço da vacinação e para o planejamento de infraestrutura em saúde”, disse, em nota, o IBGE.

Na carta, os ex-presidentes também afirmam: “E é ele, também, que traz confiabilidade para as pesquisas amostrais de emprego, saúde e educação do IBGE e outras entidades públicas e privadas”. Acrescentam ainda que o Brasil se juntaria ao Haiti, Afeganistão, Congo, Líbia entre países que há mais de 11 anos estão sem informação estatística adequada.

Procura-se Marília entre as 700 cidades classificadas. 

A pesquisa pode ser checada, caso haja duvidas no site https://idsc-br.sdgindex.org/rankings, onde entre as 700 cidades classificadas com os indices criteriosos estabelecidos não se encontra a cidade de Marília. Mesmo assim, algumas cidades aparecem no mapa e curiosamente, até em nossa região. Confira:

  • São Caetano ( 7ª)
  • Valinhos ( 8ª)
  • Limeira ( 9ª)
  • Sertãozinho ( 15ª )
  • Jundiaí (17ª)
  • Santos ( 21ª)
  • Americana (29ª)
  • Piracicaba ( 35ª)
  • Franca ( 39ª)
  • Rio Claro ( 46ª)
  • Araraquara (47ª)
  • Campinas ( 64ª)
  • Sorocaba ( 84ª)
  • São José do Rio Preto ( 86ª)
  • Ribeirão Preto ( 90ª)
  • Bauru ( 93ª)
  • Presidente Prudente ( 140ª )

Os dados do IBGE são alguns dos usados no ranking, que também utiliza informações do DataSUS e do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

Para dados de emissões de gases foram usadas informações do Seeg Municípios (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa) e do MapBiomas, duas iniciativas independentes desenvolvidas pelo Observatório do Clima, rede com dezenas de organizações.

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