Uma das tantas frases repetidas pelo menos uma vez por ano enfatiza que o ano novo realmente começa depois do Carnaval. Mas há controvérsias. Muita coisa está acontecendo no País, como a entrega da reforma da Previdência. Entretanto, é verdade que, em função de férias e recessos, muitas atividades e negócios, bem como o meio político e empresarial deslancham mesmo depois do Carnaval. Como março começou na sexta-feira e já engatou nos dias e noites de folia, neste ano poderia se dizer que a data de início foi 6 de março, Quarta-Feira de Cinzas. Mas este dia da semana encontrou o País entorpecido e de ressaca. De maneiras que o começo mesmo é nesta segunda-feira, dia 11 de março. Coisas nossas como no samba de Noel Rosa dos anos 1920. Enfim, antes tarde que nunca. E como sempre, emerge o Brasil da cobrança, sentimento turbinado pelos gastos com material escolar, pagamento das dívidas contraídas nas férias. Para resumir, a fatura chega. A fatura chega também para os governantes dos três níveis. Para os que entram, o presidente e os governadores, a lua de mel terminou, e os ajustes nas respectivas máquinas administrativas já deveriam, em tese, estar nos trinques. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem uma tarefa bem mais complexa, afinal, é gigantesca e medonha – assim mesmo, medonha – a máquina administrativa que ora trava algumas engrenagens, ora acelera demais em outras. De cambulhada, o presidente terá que tomar tenência no campo político, quem sabe ouvindo mais seus aliados antes de transformar questiúnculas familiares em crise. Trata-se de pôr as coisas no seu devido lugar. Tudo indica que Bolsonaro tem consciência de que precisa mudar e dele sabe-se que aprende rápido. Teve dois meses para recalcular o rumo político. Não menos delicada é o porvir do governador João Dória (PSDB). Também tivemos lua de mel no Estado de S. Paulo, em grande parte devido ao recesso parlamentar e às férias coletivas e individuais dos demais poderes e dos integrantes da máquina administrativa, aduzindo que a população civil também exerce seu direito antes da volta ao batente e ataque aos problemas de sempre e um batalhão de novos. Viver é matar leões, no fim das contas. E eles vêm em penca: pagamento do funcionalismo, dívida pública, dificuldades de arrecadação devido à baixa atividade econômica. Mesmo que já tenha entrado no terceiro ano do mandato, e precisamente por isso, o prefeito da Daniel Alonso (PSDB), precisa engrenar a terceira marcha para não só resolver questões fundamentais da Capital do Alimento, como inovar com iniciativas, troca de secretariados, resgate da popularidade, com criatividade e em parceria com a iniciativa privada. Não há salvação fora das PPPs para temas como por exemplo o Turismo. Governar, hoje, resume-se a gerenciar folha de pagamento do funcionalismo. Nem nos piores pesadelos nós imaginávamos, no passado, que chegaríamos a esse ponto, sem espaço para investir de verdade na res publica, a coisa pública. Costumamos culpar os governos pelas mazelas do país chamado Brasil, como se fossem eles os únicos responsáveis. Não, a culpa tem que ser repartida com os parlamentos e, em nosso caso, com os vereadores que precisam agora mostrar para quê vieram. Quando pensam no individual e esquecem o coletivo, os legislativos têm tanta culpa – talvez bem mais – que os executivos, seja por votações erradas, seja por falta de iniciativa ou, pior, por questiúnculas ideológico-partidárias. Neste 2019, mais do que nunca, o JORNAL do ÔNIBUS estará de olho vivo nas peças desse tabuleiro.

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