“Team Jorge” agiu por mais de duas décadas em vários países sem ser detectado

Uma nova investigação revela que um grupo de israelenses conseguiu manipular o resultado de mais de 30 eleições em todo o mundo usando uma combinação de ciberataques, sabotagem e desinformação e disparada por meio das redes sociais.

O grupo era comandado por Tal Hanan, um ex-agente das forças especiais de Israel que, segundo o The Guardian, agiu por mais de duas décadas em vários países sem ser detectado usando o pseudônimo “Jorge”.

  • O ex-agente de 50 anos foi desmascarado por um consórcio internacional de jornalistas.
  • Os criminosos usavam o codinome “Team Jorge” e foram expostos por imagens e documentos confidenciais.
  • O grupo oferecia uma espécie de serviço privado para intervir secretamente nas eleições.

Segundo Tal Hanan, o “Team Jorge” atendeu também grandes empresas privadas para manipular a opinião pública e já atuou na África, América do Sul e Central, Estados Unidos e Europa.

O consórcio de jornalistas que investigou o caso inclui repórteres de 30 órgãos de comunicação. Três jornalistas abordaram o grupo fingindo ser consultores trabalhando em nome de um país africano que queria ajuda para adiar uma eleição.

Os encontros ocorreram por videochamadas e uma reunião pessoal na base do “Team Jorge”, um escritório instalado em um parque industrial a 32 quilômetros de Tel Aviv.

Como o grupo operava

[Concluímos] 33 campanhas presidenciais, 27 das quais foram bem-sucedidas Tal Hanan, ex-agente das forças especiais de Israel

  • Um dos principais serviços era um pacote de software sofisticado chamado “Aims” (sigla para “Advanced Impact Media Solutions“).
  • A ferramenta permite criar até 5.000 bots para entregar “mensagens em massa” e “propaganda” e foi usada em 17 eleições.
  • O sistema controla atualmente um verdadeiro exército de 30.000 perfis fakes espalhados pelo Twitter, LinkedIn, Facebook, Telegram, Instagram, além de Gmail e YouTube.
  • A estratégia do grupo também incluía sabotagem de campanhas rivais.
  • Hanan descreveu sua equipe como “graduada em agências governamentais”, com experiência em finanças, mídia social e “guerra psicológica”.
  • O time tinha seis escritórios espalhados pelo mundo.

Em reuniões secretas gravadas entre julho e dezembro de 2022, Hanan revelou como conseguia recolher informações sobre candidatos adversários usando técnicas de hacking e invadindo contas do Gmail e Telegram.

Ele disse ainda que estava envolvido em dois “grandes projetos” nos EUA e aceitava pagamentos em várias moedas, incluindo criptomoedas como bitcoin ou dinheiro. O valor cobrado para interferir nas eleições era de 6 a 15 milhões de euros.

Além do Aims, Hanan contou aos repórteres sobre outro sistema automatizado capaz de criar sites que também eram usados para espalhar fake news. No fim, os métodos sofisticados certamente vão levantar novos desafios para as grandes plataformas, que há anos travam uma guerra para tentar impedir a disseminação de informações falsas.

Empresa de Israel manipulou 33 eleições no mundo, afirma jornal

Três jornalistas do grupo fingiram ser possíveis clientes para coletar informações durante vários meses com os 'hackers'

Das 33 campanhas para as eleições, relatou outro funcionário ouvido pelos jornalistas, “dois terços delas ocorreram na África anglófona e francófona, 27 foram bem-sucedidas”. No México, a empresa teria atuado em favor de Tomás Zerón, ex-funcionário do governo investigado pelo desaparecimento de 43 estudantes em 2014, afirma a organização.

Na Espanha, “Team Jorge” teria influenciado o referendo, não reconhecido pelo governo espanhol, organizado pelos separatistas catalães em 2014, ainda conforme as informações da rádio France. Posteriormente, Tal Hanan foi procurado pelos jornalistas, mas negou qualquer irregularidade.

O que dizem as empresas de tecnologia?

  • A Meta, dona do Facebook, já conseguiu detectar e derrubar bots do Aims.
  • Na terça-feira (14), um porta-voz conectou os “robôs” a uma empresa israelense que também foi banida da rede social.
  • O Telegram, por sua vez, disse que as contas “em qualquer rede de mídia social popular ou aplicativo de mensagens” podem estar vulneráveis ​​a hackers ou falsificação de identidade, a menos que os usuários sigam as recomendações de segurança e tomem as devidas precauções.

Aguardamos o posicionamento oficial do Google sobre o caso.

DIRETO DA REDAÇÃO COM INFORMAÇÕES DO OLHAR DIGITAL E REVISTA OESTE.

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