Quando foi fundado em novembro de 2019, imaginava-se que o Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores idealizaram, deslancharia em menos de seis meses. O otimismo era tanto que se acreditava, na época, que a sigla estaria apta a disputar as eleições municipais de 2020.

Hoje, um ano e 2 meses após a fundação do partido, o Aliança pelo Brasil ainda tenta deslanchar. Os entraves são tantos que o presidente, então um dos principais entusiastas da ideia, não aposta todas as suas fichas na criação da sigla. Tanto que ele ensaia um retorno ao PSL e estuda o convite de outras siglas, com receio de que o Aliança não consiga sair do papel.

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Para reverter a situação, uma verdadeira operação de mobilização foi montada nas principais cidades do país, e, em Marília, o cenário não é diferente. A estratégia é coletar até 520 mil assinaturas para protocolar diretamente no TSE ( Tribunal Superior Eleitoral ) até o dia 27 de fevereiro.

As razões pelas quais o partido ainda não saiu do papel são várias. Entre elas, a pandemia do coronavírus; a redução do número de servidores nos cartórios eleitorais; o desvio de diversas fichas que foram enviadas de diversas cidades do país via email e pelo correio; o não reconhecimento de várias assinaturas de apoiadores e, em menor escala, disputas internas e a falta de confiança plena da militância na cúpula do novo partido. Em resumo: é a clássica teoria da tempestade perfeita.

Deputados bolsonaristas querem que Aliança saia do papel

Apoiador de Bolsonaro exibe camiseta do partido Aliança pelo Brasil

Os deputados bolsonaristas do PSL afirmam em caráter reservado que, apesar das negociações entre o presidente e seu ex-partido, eles não têm um “Plano B” e jogam todas as suas fichas na criação do partido. Justamente por entender que eles não têm mais espaço no PSL, que é comandado pelo deputado Luciano Bivar (PE). “Voltar ao PSL seria fortalecer Bivar e sua trupe formada por Joice Hasselmann (SP) e Júnior Bozzella (SP)”, diz um deputado bolsonarista em caráter reservado.

Durante esses meses, o partido conseguiu homologar aproximadamente 50 mil fichas com assinaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Outras 5.010 aguardam análise e 6.548 entraram recentemente no sistema. Ao todo, 38.070 apoiadores foram rejeitados, incluindo 87 eleitores mortos e 24.680 filiados a outras siglas. Integrantes do Aliança afirmaram que 160 mil fichas estão no TSE à espera de homologação e outras 100 mil estão em posse do partido.

Para criar uma sigla, são necessárias pelo menos 520 mil assinaturas. Ou seja, caso esses cadastros em posse do partido sejam reconhecidos pelo TSE, a sigla teria em torno de 280 mil apoiadores – pouco mais da metade da meta. O objetivo então, é massificar a filiação de simpatizantes para viabilizar a sigla a nível de partido para disputa de 2022.

Apesar de o partido ter sido lançado em novembro de 2019, o processo de registro de apoiadores começou de fato em janeiro. E, durante o processo, muitos eleitores perceberam que não poderiam apoiar o Aliança pois eram filiados a outras siglas, principalmente o PSL.

Houve também casos de eleitores que assinaram a ficha de apoio à criação do partido e morreram semanas depois. Assinaturas com esse tipo de inconsistência não foram homologadas.

Além disso, com a pandemia do coronavírus, vários cartórios eleitorais não puderam homologar assinaturas pois passaram a trabalhar em regime de home office ou focaram suas ações na organização das eleições de 2020. Este foi um dos motivos que travou bastante o processo.

O vice-presidente do Aliança pelo Brasil, Luís Felipe Belmonte, afirma que possivelmente até o final deste mês, o partido já terá todas as assinaturas necessárias para a sua criação.

“O trabalho continua. Passamos a estabelecer lideranças nos estados e estamos indo para a rua, onde o povo está, para intensificar esse processo de coletas de apoiadores”, afirma Belmonte. “Muitos eleitores apoiam o presidente da República, mas nem sempre conseguem ir até um cartório eleitoral registrar uma ficha de apoiamento.”

“O fato é que vivemos uma tempestade perfeita. Nesse período, tivemos Natal, réveillon, carnaval e, em seguida, pandemia, processo eleitoral e novamente as festas de fim de ano. Isso minou a realização dos nossos eventos e inviabilizou nosso processo de coleta e de validação de assinaturas nos cartórios. Mas não vamos desistir”, diz o deputado Carlos Jordy (PSL-RJ), uma das lideranças envolvidas na criação do Aliança pelo Brasil no Rio de Janeiro.

Bolsonaro já tem 100 mil assinaturas para criação do 'Aliança pelo Brasil'  | Portal Cearense News

Agora, a ideia é intensificar as ações da futura sigla, por meio de campanhas nas ruas com a instalação de postos de coletas de assinatura, atos nas redes sociais e lives.

Se isso não fosse o suficiente, um outro fator foi considerado decisivo para que o partido capitaneado pelo presidente não saísse do papel: a falta de uma forte liderança que pudesse se dedicar especificamente à sigla.

Desde o início, Bolsonaro emprestou apenas o nome e evitou adentrar nas articulações internas para colocar a sigla de pé. Isso, por dois motivos. É público e notório que o presidente não é afeito a questões de organização partidária. Além disso, Bolsonaro foi aconselhado por aliados a não encampar um projeto de criação de partido para evitar acusações sobre o uso indevido do Palácio do Planalto para interesses pessoais.

Lideranças de Marília querem atingir pelo menos 3 mil assinaturas.

Uma das organizadoras do movimento ” Aliança Brasil de Marília”, a cantora Marlú Romero Cestari A. Vieira, da Banda Fama Trio comentou que a equipe está distribuída em alguns pontos da cidade para a captação de assinaturas de simpatizantes; ” Nós começamos no último sábado com um ponto estratégico na Avenida das Industrias, ao lado da Cooperativa Sul Brasil e o outro na praça Saturnino de Brito objetivando facilitar o acesso do povo ao cadastro do Aliança e ao mesmo explicar as razões que nos leva a esta mobilização importante para o país e também para nossa cidade” comentou.

Segundo Marlú, a meta é conseguir pelo menos 3 mil assinaturas de apoio na cidade, mas, sabendo que nas cidades da região a mobilização também está a todo vapor; ” Nossa cidade é um polo regional, e comprovadamente com um eleitorado que na sua maioria é conservador e de centro direita, por esta razão, nada mais justo do que conseguirmos um numero representativo de simpatizantes para prestar o seu apoio ao presidente Bolsonaro e sepultar de vez a volta da corrupção”, concluiu.

Para agilizar os trabalhos, a equipe está estará nesta segunda feira, à partir das 14H novamente na avenida das Indústrias, proximidades da Cooperativa Sul Brasil, efetuando nova coleta de assinaturas e adesões e, ao mesmo tempo cadastrando pessoas que queiram realizar uma mobilização de assinaturas nos bairros ou no seu local de trabalho.

A comissão retornará aos sábados das 9H às 12 Hs até o final deste mês de fevereiro, quando então será realizado o balanço final a nível de Brasil para se avaliar o veredicto final da criação do referido partido.

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