A nação judaica, composta por menos de 1% da população mundial, surpreende o mundo com suas conquistas e contribuições em diversas áreas.

Com apenas 14 milhões de judeus espalhados pelo globo, aproximadamente 70% deles vivendo fora de Israel, a comunidade judaica tem se destacado em feitos notáveis ao longo dos séculos.

Um fato que chama a atenção é a impressionante presença de judeus entre os laureados com o Prêmio Nobel em Ciência, com 16% dos premiados entre 1901 e 1962 sendo judeus.

Além disso, na história do xadrez, entre 1851 e 1986, sete dos 15 campeões mundiais eram judeus. Mas o que explica tamanha proeza de um grupo tão reduzido em número?

Embora o povo judeu tenha enfrentado inúmeras adversidades ao longo da história, a busca pela excelência, baseada em princípios extraídos da Bíblia Sagrada, parece ser um dos fundamentos dessa notável prosperidade. Segundo o estudioso e teólogo Paulo Seabra, alguns desses princípios incluem:

  1. Excelência: Os judeus têm como mentalidade a busca pela qualidade em tudo o que fazem. O princípio judaico ensina que aquele que é perito em sua obra será reconhecido e valorizado.
  2. Reputação: O bom nome é valorizado na sociedade judaica. Ter uma reputação ilibada é visto como mais importante do que a acumulação de riquezas materiais.
  3. Abertura para Receber Conselhos: A sabedoria judaica preza pela busca de orientação e aconselhamento. Escolher projetos e conselheiros de forma criteriosa é considerado fundamental para alcançar o sucesso pessoal.
  4. Coração Ensinável: Acredita-se que a disciplina e a capacidade de aceitar repreensão são essenciais para o crescimento pessoal e profissional. Aqueles que reconhecem a importância da instrução são honrados.
  5. Gratidão e Generosidade: A cultura judaica valoriza a ideia de que Deus provê diferentes padrões de vida para as pessoas, e aqueles que possuem excedente têm o dever de serem generosos e ajudar a construir projetos que beneficiem a sociedade.

Além desses princípios, outros fatores também contribuem para o sucesso dos judeus. O desenvolvimento da agricultura em Israel, mesmo diante de limitados recursos naturais, possibilitou a autossuficiência na produção de alimentos e a liderança na exportação de produtos cítricos. Além disso, o país se destaca por suas tecnologias de ponta, como a dessalinização e o controle eficiente do uso da água.

O compromisso com a educação e a valorização da pesquisa científica também são evidentes em Israel, que ocupa o primeiro lugar mundial em número de artigos científicos e em patentes de equipamentos médicos. Essa dedicação resultou em importantes avanços na área médica, como o pioneirismo em equipamentos para diagnóstico de câncer e disfunções digestivas.

Embora esses fatores expliquem, em parte, o sucesso dos judeus em diferentes esferas da sociedade, é necessário reconhecer que a prosperidade de uma comunidade tão diversa e resiliente não pode ser atribuída a uma única causa. A história do povo judeu é repleta de experiências e sabedorias transmitidas de geração em geração, contribuindo para uma identidade cultural e uma mentalidade empreendedora.

7 lições para o sucesso profissional que aprendi no judaísmo.

Na realidade, eu nunca havia parado para pensar na percepção que as pessoas têm sobre os judeus. Mas, desde que comecei a conviver com uma pessoa que mantém contato diário com a comunidade judia, alguns anos atrás, passei a receber perguntas sobre os motivos pelos quais os judeus são tão bem sucedidos, sega qual fora a área. Por exemplo, um colega de trabalho me perguntou durante o almoço há algumas semanas:

“Como é possível? Como eles conseguem tudo isso? Qual é o segredo dos judeus?”

Então comecei a pensar em tudo que esse amigo me ensinou sobre como devemos lidar com o estudo e o trabalho para viver melhor e a partir dai, nos debruçamos nos estudos para compartilhar com os leitores do JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA, os caminhos das pedras, o segredo milenar da cultura e sabedoria judaica, reconhecida mundialmente.

Quando você começa a viver a vida judaica, recebe tantos ensinamentos que eles “internalizam naturalmente”. E, às vezes, a gente não percebe como coisas simples que aprendemos na sinagoga, e vivemos, fazem toda a diferença. Quando refleti sobre as dicas práticas que recebi, os comportamentos que me ensinaram a adotar, os hábitos que devo assumir, percebi que eu carregava comigo ensinamentos milenares para o sucesso.

Verdadeiras lições sobre estudo e trabalho. E, vendo a curiosidade das pessoas que convivem comigo, eu decidi compartilhar o que aprendi, nesse tempo em que estou estudando e vivendo a vida segundo os preceitos da fé judaica.

Bem, vamos lá! O segredo é que não há segredo. Há muito estudo, trabalho, dedicação e disciplina!

1 – Os judeus criam seus filhos para serem pessoas preparadas para o sucesso: Primeiro ponto de tudo é que, em 5 mil anos de história, o povo judeu nunca soube o que é analfabetismo. Aos 13 anos, o adolescente é obrigado a ler um trecho da Torah, o livro sagrado, em público, em uma cerimônia chamada de Bar ou Bat Mitzvá. Portanto, toda criança deve saber pelo menos uma língua escrita. Assim que começam a andar e falar, as crianças pequenas também começam a receber ensinamentos básicos sobre a vida, dentre os quais “a importância da independência”. As famílias judaicas têm em mente que as crianças terão sucesso na vida se acharem que podem fazer qualquer coisa. Nos restaurantes israelenses, por exemplo, é comum vermos crianças pequenas comendo bife por conta própria, e isso acontece porque as crianças podem fazer qualquer coisa por conta própria, assim que forem fisicamente capazes de fazer. Para se tornarem independentes, os esforços das crianças devem ser reconhecidos e apreciados. Se uma criança começou uma atividade, seus pais devem apoiá-la e encorajá-la. Se ele não for bom naquilo, os pais vão dizer “Kol haschalot kashot”, que significa “todos os começos são difíceis” ou “tudo é difícil antes de ser fácil”. As famílias judaicas não compensam seus filhos com doces, mas sim com confiança. Os pais confiam às crianças tarefas que elas pode fazer sozinhas, e dizem que a ela que está fazendo um bom trabalho. Os pais judeus reconhecem e recompensam qualquer conquista de seu filho, mesmo que seja um rabisco numa folha.

2 – Amor ao estudo: Das 613 mitzvoz, as regras da vida judaica, uma das mais importantes é estudar. Principalmente a Torah, mas, para além de estudar a Torah, os judeus são ensinados a amar e estudar todo tipo de ciência: filosofia, letras, psicologia, matemática, física, química, idiomas. E não é “fazendo faculdade de tudo”, mas sim, sentando na cadeira e abrindo um livro. Os judeus estudam pelo menos duas vezes por dia. E a coisa funciona mesmo. Dias atrás, um amigo judeu entrou em uma conversa profunda comigo sobre a teoria da relatividade de Einstein e quântica. Meu professor de física nunca conseguiu fazê-las parecer tão interessante na escola. Os Judeus acreditam que as leis da natureza são as leis de D´us, por isso eles se engajam no estudo de todas as ciências. Outra questão é que os judeus foram perseguidos por centenas de anos, e, por isso, aprenderam que podem arrancar suas terras, propriedades, mas não o que está em sua cabeça. Então, obter conhecimento, acima de tudo, é a garantia de sobrevivência.

3 – Ser “sócio de D´us”: Na Torah está escrito que “o homem é criado à imagem de D´us”. Em razão disso, o judaísmo crê que se D´us é o Criador “do mundo”, o homem é criador “no mundo” também. Ao homem foi dada a essência divina para ser um parceiro de D´us no ato da criação. A Midrash (livro de contos do judaísmo) diz que “tudo o que foi criado, durante os seis dias que D´us criou o mundo, ainda requer trabalho”. Portanto, o homem deve aperfeiçoar as coisas já existentes por meio do domínio dos recursos materiais, do trabalho e da inovação. No judaísmo, o trabalho, a atividade criativa e a inovação são caminhos pelos quais a imagem divina é expressa. Por isso, desde criança o judeu é ensinado que não se deve reproduzir, mas sim inventar! As crianças são ensinadas a olhar sempre com uma ponta de desconfiança aquilo em que todos acreditam, bem como a dar uma ponta de crédito a ideias ou projetos que todos desmerecem. Não é a toa que, desde seu lançamento, em 1901, o Prêmio Nobel foi conferido a mais de 140 judeus. Os judeus são ensinados a reverenciar a criatividade intelectual. Os judeus acreditam que o conhecimento do passado sempre pode ser aperfeiçoado e melhorado.

Não há nenhum segredo dos judeus escondido na genética ou escolha divina. Só o óbvio: culto à educação. Todo judeu dá importância máxima à educação de qualidade, pois, para eles, o conhecimento é a base para a prosperidade.

4 – Um judeu nunca gasta tudo o que ele ganha. E, em hipótese alguma, um judeu gasta mais do que ele ganha. E isso incluí não estourar o cartão de crédito, não fazer excessivas compras parceladas, evitar comprar coisas que não se pode pagar à vista. Baal Shem Tov, um dos maiores rabinos de todos os tempos, também pregava o desapego às coisas materiais. O povo judeu sempre teve de se adaptar a diversas condições diferentes e passou por problemas vistos como sem solução, por isso a visão dos judeus em relação às coisas materiais é diferente. Ele ensinava algo que hoje poderia ser traduzido mais ou menos para: “sempre pense se você realmente precisa daquela coisa antes de comprar. E só compre se, depois de pensar mais de uma vez, você ainda achar que realmente precisa”.

5 – Pensamento acerca abundância: Todo judeu é ensinado a dividir tudo o que ganha de forma tripartite: a) 1/3 para viver; b) 1/3 para reservar/investir; c) 1/3 para “fazer o bem”. Um judeu sempre tem dinheiro guardado. E, ainda que em tempos difíceis não consiga guardar 1/3, o judeu, pelo menos, sempre vai guardar o suficiente ou o que ele puder guardar. O importante é ter a reserva e ter investimentos. Há 3300 anos atrás, a Torah já ensinava a importância de poupar e investir! Para além disso, a acumulação de riquezas é vista como uma virtude, como uma benção. Inclusive a Torah descreve com muitos detalhes a riqueza dos patriarcas Avraham, Itzhak, Yaacov (Abraão, Isaque e Jacó). A riqueza acumulada honestamente é sinal de grande esforço, habilidade e sucesso em ser sócio de D´us no processo criativo. O indivíduo rico não é aquele que “tem muito dinheiro”, mas é aquele que foi bem sucedido em expressar a imagem e semelhança de D´us como criador. Isto porque, se o homem participa do processo criativo, e se o faz através de um trabalho ético e honesto, ele é abençoado com o resultado desse trabalho. O resultado desse trabalho é a “riqueza”, e sim, ela deve ser tratada como uma benção, e, por ser uma benção, não deve ser desperdiçada. Em resumo, os judeus estão sempre cuidando com inteligência daquilo que têm em abundância.

É importante esclarecer que a acumulação de riqueza não está relacionada com a mesquinhez. A Torah também ensina a doar. Há um dever de cuidar dos mais pobres, através de doações. A Torah ensina o mandamento da Tzedakah, ou caridade, “não deves fechar a mão para seu irmão necessitado” (Devarim. 15:7-8). O papel do homem no mundo não é só trabalhar, criar, inovar, acumular riquezas, mas também cuidar do próximo mais necessitado. Inclusive, o maior nível de caridade judaica é achar um emprego para alguém! Ademais, os judeus têm uma fé muito interessante sobre compartilhamento, não somente em relação a doação de dinheiro em espécie, mas ao compartilhamento das coisas em geral. Por exemplo, se você encontrasse uma forma de ganhar muito dinheiro, você guardaria o segredo a 7 chaves, temendo que outra pessoa encontrasse e ganhasse mais do que você? Esse tipo de pensamento não é muito judaico… É como se você estivesse dizendo que você não vai compartilhar a sua ideia porque o mundo é escasso, e que as coisas irão faltar porque não tem para todo mundo. Para um judeu essa é uma negação de um princípio básico da fé judaica: Que D´us é infinito e que, de acordo com a sua infinitude, a bondade, misericórdia e provisão Dele também são infinitas. E que, se somos sócios de D´us na criação, como expliquei acima, a partir do momento que adotamos a posição de “criadores” também podemos gerar “infinitos” e “abundância”. Reconhecer que “tem para todo mundo” é reconhecer a infinitude de D´us, e negar isso é o mesmo que negar que D´us é infinito. Isso se traduz em práticas do dia a dia. Um judeu tem o hábito de indicar o trabalho dos outros, falar bem de pessoas que conhece, “vender” produtos e serviços que nem são dele. Um judeu no mercado de trabalho não será aquele funcionário que retém ideias e informações, pelo contrário, mesmo a ideia mais genial dele vai circular… simplesmente pelo hábito de compartilhar! O judeu acredita no compartilhamento, não só dinheiro, mas também conhecimento, informação. Quanto mais você compartilhar o que faz bem… mais daquilo você terá. Isso é pensamento de abundância.

6 – Adaptação: O judeu não se intimida com barreiras e dificuldades, se adapta. Não só se adapta, como, durante o processo de adaptação, busca oportunidades. Um judeu não se deixa abater pelos entraves, mas foca em procurar oportunidades e pontos positivos. Recentemente li um livro chamado “A histórias dos judeus”, de Paul Johnson, que, em certa altura, descrevia como os judeus que fugiram da miséria na Europa para a América do Norte, quando os Estados Unidos ainda era um protótipo de país, viram em Nova York uma oportunidade de crescer na vida através da indústria, em uma época que não tinha nada por lá e que a revolução industrial nem era tudo isso ainda… Aquele país era recém independente da Inglaterra, berço da revolução industrial, e, quando os judeus chegaram, as primeiras fábricas ainda estavam começando a funcionar. Os judeus, muito pobres e recém chegados, foram trabalhar nas primeiras indústrias de lá, para aprender como funcionavam, e, após, saíram para abrir suas próprias indústrias. Hoje, em Nova York, bairros inteiros são judaicos. E eles são os maiores industriais dos Estados Unidos da América! Sucesso não está ligado à posição onde você se encontra, mas a direção em que você olha!

7 – O princípio da excelência profissional: Os judeus valorizam o trabalho e amam trabalhar! Os judeus entendem que qualquer pessoa, independente com o que ela trabalhe, deve trabalhar com extrema excelência. Excelência a ponto de se destacar em meio aos outros profissionais de sua área. Esse princípio é extraído no trecho do livro de Míshlê (Provérbios) 22:29, que diz:

“Você está vendo alguém que é habilidoso naquilo que faz? Ele será posto diante de reis.”

Na Torah, os trabalhadores produtivos e virtuosos são repetidamente recompensados com grande riqueza. Dificilmente você verá um judeu rezando no sentido de pedir que D´us lhe dê algo material, mas sim pela liberdade de conquistar a geração de riqueza por meio do conhecimento e do trabalho duro. Não é à toa que grande parte da tecnologia atual é desenvolvida em Israel, os grandes avanços da medicina atual também acontecem por lá, os maiores bancos internacionais são de judeus e as maiores bancas de advocacia do mundo também. A Torah usa muitas vezes a palavra “habilidoso”, que também pode ser traduzida como “perito”, incentivando o judeu a ficar habilidoso em algum ofício. O perito em alguma coisa é aquele que possui enorme especialização. Segundo o Dr. Anders Ericsson, da Universidade Estadual de Flórida, são necessárias 10.000 horas de prática em um determinado assunto para nos tornarmos um expert, ou seja, um perito, em alguma coisa. Para um judeu que estuda, obrigatoriamente, duas vezes ao dia, não é muito difícil virar um perito em alguma área. E esse é o grande objetivo judaico do trabalho, ser tão habilidoso em algo ao ponto de se tornar o melhor profissional na sua área. O judeu decide ser o melhor, e não ser o médio.

Um judeu sempre quer ser reconhecido pela excelência no seu trabalho. E você tem excelência naquilo que faz? Você é obstinado em ser melhor todos os dias no seu trabalho?

Um dos maiores exemplos que posso dar acerca disso é o apresentador de TV Senor Abravanel, mais conhecido como Silvio Santos. Para quem não sabe, Silvio Santos começou a vida profissional vendendo canetas na rua. E ele amava se comunicar e vender. Era tão bom nisso que passou a ser vendedor ambulante de vários produtos. Com a experiência de venda popular nas ruas, foi trabalhar como comunicador. Se empenhou tanto, que se tornou o maior comunicador da TV brasileira. Silvio Santos é judeu! Não só isso, como os “Abravanéis” turcos, dos quais ele descende, são descendentes do Rei David! E, até hoje, com mais de 80 anos, o próprio Silvio ainda se diz apaixonado pelo próprio trabalho. Lembra da visão e do pensamento que falei acima? Os diversos casos de sucesso do povo judeu estão ligados à atitude positiva frente ao trabalho duro e ao foco em oportunidades.

O sucesso do enriquecimento do Judeus não é mera coincidência. Eles construíram e trilharam um caminho nessa direção.

Cuidando de seus pensamentos…

Ajudando uns aos outros…

Aprendendo com muita humildade…

e agindo sem deixar para depois.

(David Keller)

O livro de Míshlê (Provérbios) também ensina a respeitar, valorizar e admirar seus colegas de trabalho e, pasmem, seus concorrentes! Eles são concorrentes, não inimigos. Os judeus sabem que no mundo cada um nasceu para ocupar um determinado espaço designado para si. E, por isso, não faz sentido ser inimigo de seus colegas e nem de seus concorrentes. Ninguém é seu inimigo no trabalho ou no mercado. Eles estão ocupando o espaço destinado para eles, fruto do esforço do trabalho deles, também como sócios de D´us na criação. Um judeu admira seus concorrentes mais bem sucedidos, respeita-os, aproxima-se deles, estabelece relações de amizade, de convivência e de confiança e cresce COM eles, não contra eles. E, principalmente, valoriza extremamente a produção do conhecimento e o trabalho duro para crescer JUNTO COM eles. Isso, no final das contas, é o que faz com que os judeus sejam o povo mais próspero da história da humanidade.

Eu poderia citar inúmeras outras questões, mas acredito que esse post já ficou bem longo. Afinal, são 3300 anos de conhecimento para compartilhar!

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