O procurador, ex-coordenador da Lava Jato, pede exoneração do Ministério Público

O procurador Deltan Dallagnol, ex-chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, vai deixar o Ministério Público Federal. Deltan, 41, foi o principal porta-voz do Ministério Público Federal na operação deflagrada em 2014.

Além da presença na mídia, cabia a ele organizar as diferentes frentes de apuração entre a equipe de procuradores envolvidos no caso. Tinha participação reduzida no dia a dia dos processos e das audiências na Justiça Federal.

Ele ingressou na operação logo em suas primeiras fases, quando o então procurador-geral Rodrigo Janot decidiu formar uma força-tarefa para se dedicar exclusivamente ao caso, diante das dimensões das descobertas em andamento. No auge da operação, em 2016, ficou marcado pela apresentação de um PowerPoint contra o ex-presidente Lula.

Em 2020, desgastado pela divulgação de conversas que manteve no aplicativo Telegram, ele pediu desligamento dos trabalhos da operação, citando motivos familiares. Continuou, porém, se manifestando em redes sociais e em entrevistas sobre temas ligados à Lava Jato e à corrupção.

Sua saída da investigação ocorreu já em um momento de declínio, quando o procurador-geral Augusto Aras procurava mudar o modelo de trabalho de forças-tarefas. O grupo exclusivo da Lava Jato foi encerrado em fevereiro deste ano –como o jornal Folha de S.Paulo mostrou nesta semana, agora os investigadores até evitam usar o nome da operação.

Em meio aos embates com políticos, Deltan se tornou alvo de procedimentos no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Uma das representações o acusava de interferência em eleição para a presidência do Senado, em 2019, devido a críticas feitas ao senador Renan Calheiros (MDB-AL). Quando era questionado sobre a intenção de deixar a carreira no Ministério Público para entrar na política, Deltan costumava desconversar.

Em 2018, disse ao jornal Folha de S.Paulo que tinha sido procurado por partidos e não quis dialogar: “Nunca tive o sonho de ser político ou criei planos concretos nessa direção. Ao mesmo tempo, eu me vejo contribuindo com a sociedade no futuro de diferentes possíveis formas. Inclusive em outras posições públicas e na iniciativa privada.”

No caso Telegram, um dos principais fatores de desgaste foi a proximidade demonstrada com o então juiz Moro. As conversas mostraram que Deltan antecipou o teor de acusações feitas contra Lula.

Moro mira setor que é um dos pilares de sustentação do governo de Jair Bolsonaro

Moro mira apoio de militares e convida generais para sua filiação ao Podemos

Na sua movimentação no xadrez político de 2022, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro pretende ampliar sua aproximação com os militares. Ele já começou a convidar generais para a cerimônia de sua filiação ao Podemos, no próximo dia 10. Um dos convidados é o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência, mas, segundo pessoas próximas de Moro, outros oficiais de alta patente também serão chamados para o evento de filiação.

Assim, Moro mira setor que é um dos pilares de sustentação do governo de Jair Bolsonaro. E a aproximação é recíproca por parte de alguns militares, que têm sinalizado disposição de apoiar a candidatura do ex-juiz, caso se confirme. Entre os bolsonaristas, essa aproximação é vista com preocupação, já que poderia evidenciar uma certa insatisfação do setor com o presidente.

No caso de Santos Cruz, o relacionamento com Moro e com o Podemos deve ser até maior. Ele tem convite para se filiar à legenda e disputar as próximas eleições – o Senado é uma possibilidade. Mas o general, que deixou o governo e se tornou um crítico de Bolsonaro, tem também convite de outros partidos para se filiar e não descarta inclusive disputar a Presidência.

A solenidade de filiação de Moro terá também a presença de outros pré-candidatos da chamada terceira via. Moro convidou o governador de São Paulo, João Doria, e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Doria já confirmou que vai comparecer ao evento, mas tem dito a aliados que avalia que Moro não será candidato ao Planalto. Mandetta também deve confirmar presença na filiação.

Apesar de comparecerem, os dois não devem fazer discursos no evento. No dia 30 de setembro, os três jantaram juntos em São Paulo e têm conversado com frequência sobre a necessidade de se criar uma alternativa política consistente para romper a polarização indicada nas pesquisas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Bolsonaro.

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