Já ouviu falar nas PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais)? De valor nutricional riquíssimo, são frutas, folhas e flores vindas de onde menos se espera

Você busca uma experiência gastronômica nova e exótica? Então preste atenção nesta sigla: Panc (de “plantas alimentícias não convencionais”). Presente de forma ainda discreta nos cardápios de renomados chefs brasileiros, ela é a senha para uma tendência de sabores inusitados oferecidos por espécies raramente encontradas nas feiras ou nas prateleiras dos supermercados.

Consideradas “matinhos”, essas plantas nascem de maneira espontânea em qualquer canto de terra e transformam-se em iguarias nas mãos de profissionais como René Redzepi, Massimo Bottura, Alex Atala, Helena Rizzo, Ivan Ralston e Paola Carosella. Além de várias ervas e verduras, também são Panc algumas frutas, vagens, grãos e partes de plantas que desprezamos – como o coração e o umbigo da banana e o caroço do abacate (que, torrado e ralado, torna-se ingrediente de um peculiar molho pesto).

A moda das plantas comestíveis não convencionais começou na Europa. Buquês, por exemplo, já estiveram no cardápio do Noma, do renomado René Redzepi, na capital dinamarquesa. Temporariamente fechada, a casa servia o mix em um vaso para degustação. As reações do público eram divertidas: a maioria hesitava em fazer o certo: pegar as folhas com as mãos e comê-las.

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Talvez você não saiba, mas Há cerca de 300 mil espécies de plantas descritas no mundo, das quais se estima que no mínimo 10% sejam de plantas comestíveis. Para se ter uma noção, o Brasil possui perto de 50 mil espécies de plantas, e se pudéssemos comer apenas 10% delas, já seriam 5 mil espécies de plantas nativas comestíveis, em todos os biomas.

A FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) cita em torno de 150 espécies no planeta que movimentam a economia global. Ingerimos de 10 a 20 plantas por dia, algumas delas em pequeníssimas porções, como condimento, tempero, ou em bebidas, etc.

Em um mundo que enfrenta constantes desafios, precisamos transformar nossos sistemas agroalimentares e preparar nosso planeta para o futuro. O Marco Estratégico da FAO 2022-2031 articula a visão da Organização de um mundo sustentável no qual todas as pessoas tenham segurança alimentar, no contexto da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Com isso as PANC’s já se tornaram uma alternativa viável e, ao mesmo tempo, saudável e econômica.

Como identificar e quais as vantagens das Plantas Alimentícias Não Convencionais

Como já mencionamos, o termo PANC significa plantas alimentícias não convencionais, ou seja, plantas que não são utilizadas para alimentação em geral da população, normalmente não sendo vendidas em feiras, mercados, etc. Elas têm uma riqueza nutricional incrível e pouco explorada, poderiam substituir facilmente o consumo de qualquer hortaliça convencional, por isso a importância de saber identificar para colher, ou até mesmo como plantar, e como consumir.

Muitas PANCs podem ser também ornamentais, como a tagete, o peixinho, a capuchinha e o major-gomes, possibilitando a proposta de jardins comestíveis. Algumas são perenes, como a ora-pro-nobis, e outras anuais que se renovam à medida que as sementes são lançadas ao solo ou rebrotam, quando são de propagação vegetativa.

Ora-pro-nobis

Uma planta pode ser considerada PANC em um estado ou país e em outro não ser, como a ora-pro-nobis que é bastante utilizada em Minas Gerais e a taioba que é consumida e vendida comercialmente no Espírito Santo, ou ainda o broto de bambu, amplamente consumido no oriente.

Vale citar que algumas partes de plantas podem ser consumidas regularmente e outras partes, desta mesma planta, serem consideradas PANC, por exemplo, a amoreira tem seus frutos amplamente consumidos em vários estados, embora o uso de suas folhas para refogados seja pouco conhecido. O mesmo vale para as folhas de batata-doce, folhas e flores da abóbora, que não são utilizadas rotineiramente em nossa culinária.

Muitas PANCs são consideradas matos e pragas por nascerem de forma espontânea e se espalharem com facilidade, mas elas apresentam importância para além de suas propriedades alimentícias, pois elas protegem o solo da exposição ao sol e do vento, e podem ser indicadoras das condições físicas e químicas do mesmo. Algumas espécies de PANCs atraem abelhas e insetos parasitas e predadores de herbívoros que podem atacar as hortas, bem como proteger plantas comerciais de pragas, como a serralha ótima como atrativo de pulgões e pode ser utilizada como espécie alvo para controle do mesmo.

Falar sobre PANC é também falar sobre soberania alimentar e a capacidade das famílias de não ficarem dependentes de uma baixa diversidade de espécies, com maior apelo comercial e cadeia produtiva estabelecida. Auxiliam no suprimento das necessidades alimentícias, principalmente num contexto de mudanças climáticas e concentração dos meios de produção que tem afetado cada vez mais a agricultura.

A mudança nos hábitos alimentares, a interrupção na transmissão de conhecimento e descontinuidade do cultivo de certas plantas e variedades faz com que as pessoas percam sua capacidade de identificá-las e utilizá-las na alimentação. E nesse movimento de aprender, trocar receitas e fazer novos amigos que foi idealizado o Concurso de Gastronomia PANC da região, agora em sua segunda edição no Vale da Graça em Vera Cruz em 2022, na qual detalharemos logo na sequência.

CULINÁRIA DO FUTURO: As chamadas Panc’s se transformaram em carro chefe dos mais importantes restaurantes do Brasil e do mundo.

Credito; Rubens Kato

Para você que está lendo esta matéria pode ser algo exótico ou extravagante, no entanto, essa nova descoberta desperta a atenção dos mais consagrados master chefs do mundo, constando como item obrigatório e até exclusivo em seus cardápios. Se você nunca viu, ao chegar em São Paulo, por exemplo, não deixe de visitar o restaurante D.O.M, na Rua Barão de Capanema, 549, no Jardins, região central. Além deles temos no mínimo mais uma meia dúzia de opções que estaremos destacando em futuras matérias a respeito do assunto.

D.O.M. | VEJA SÃO PAULO

Para o chef da casa, Alex Atala, mais que uma filosofia, essa frase traduz uma forma de ver e desenvolver sua gastronomia no restaurante D.O.M. Privilegiar ingredientes genuinamente brasileiros ou voltar os olhos para determinada região, dando preferência aos ingredientes cultivados pelo pequeno agricultor, comunidades ribeirinhas ou produtos regionais, assim fomentando a cultura local, é uma atitude individual em favor de um coletivo que está sempre presente em seus cardápios, eventos, aulas e projetos.

Trata-se de uma nova forma de praticar a gastronomia, uma gastronomia sustentável no sentido mais amplo da palavra. A população brasileira é urbana em sua maioria, e se você, como grande parte dos que nasceram nas cidades, faz parte da sociedade urbanizada e urbanóide, analfabeta botânica, que não reconhece as plantas, que não sabe ler o verde que o cerca, como define o botânico, é hora de procurar informações e trazer novos ingredientes para a sua mesa de todos os dias.

Mas, não sendo comuns entre nós, precisamos buscar fontes de informação. Por onde começar? O livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) No Brasil, uma co-autoria de Valdecy Kinupp e Harri Lorenzi, da Editora Plantarum, detalha 351 espécies de PANC, com imagens ilustrativas, receitas e etc.

RECONHECIMENTO MUNDIAL: Devido ao sucesso, melhor restaurante do mundo se tornará um laboratório, desenvolvendo novos pratos e produtos, o Noma Projects

Inspiração para o recém-lançado filme O Menu, o restaurante Noma é um conhecido estabelecimento gastronômico que revolucionou o conceito de culinária nórdica. Vencedor de quatro prêmios internacionais da revista Restaurant, o local, gerenciado pelo chef dinamarquês René Redzepi aposta no luxo e em uma cultura dita insustentável para elevar as tradições locais para termos hiperconceituais, minimalistas e essencialmente extravagantes.

Fundado em 2003 como um centro de destaque da fauna e flora nórdica por meio de menus criativos, o Noma rendeu a primeira estrela Michelin ao chef Redzepi ainda em 2005. Uma exigência do restaurante pontuava que todos os ingredientes deveriam ser coletados em florestas e bosques da região e fossem cultivados in loco. Porém, rapidamente essa medida se provou como extremamente desafiadora e fez com que o estabelecimento sofresse os efeitos da sazonalidade, dos altos custos e da pressão por jornadas extenuantes de trabalho.

A dinastia culinária, com o nome abreviado dos termos “nórdico” e “louco”, segundo dialeto local, define perfeitamente suas ambições por meio da reconstrução de pratos famosos. Localizado na capital dinamarquesa, Copenhague, o restaurante é o polo gastronômico mais influente do mundo, com ex-alunos e cozinheiros espalhados por todo o planeta, levando consigo um respeito extremo pelas raízes e por práticas oferecidas pela própria natureza.

Nas listas que elegem os melhores restaurantes do mundo, o dinamarquês Noma esteve na liderança por diversos anos. Inaugurado em 2003, sob comando do chef René Redzepi, a casa com três estrelas Michelin irá encerrar as atividades no final de 2024.

Segundo o The New York Times, o Noma se tornará um laboratório, desenvolvendo novos pratos e produtos, o Noma Projects. Os novos itens serão vendidos em restaurantes pop-up. “Temos que repensar completamente a indústria. Isso é simplesmente muito difícil e temos que trabalhar de uma maneira diferente”, disse Redzepi ao jornal.

Segundo comunicado do restaurante a equipe do Noma passará a estudar novos ingredientes e cozinhas pelo mundo e então, abrirá um restaurante pop-up.

“Quando reunirmos novas ideias e sabores suficientes, faremos uma temporada em Copenhague. Servir os clientes ainda fará parte de quem somos, mas ser um restaurante não nos definirá mais. Em vez disso, muito do nosso tempo será gasto na exploração de novos projetos e no desenvolvimento de muito mais ideias e produtos.”

No entanto, esta não será a primeira experiência do Noma. Em 2015, o restaurante inaugurou uma unidade pop-up em Tóquio. No ano seguinte, foi a vez de Sydney e em 2017 o Noma inaugurou um restaurante pop-up no México. Cercado por uma floresta em Tulum, o espaço funcionou por sete semanas, com menu custando 600 dólares.

ANOTE EM SUA AGENDA: Vera Cruz terá o privilégio de ser a capital nacional da culinária criativa de plantas alimentícias não convencionais no dia 3 de junho.

O local não poderia ser melhor para a realização deste evento. Localizado a 24,4 quilômetros de Marília a ESTÂNCIA VALE DA GRAÇA oferece uma paisagem incrível, repleta de mata nativa, seis cachoeiras sinalizadas, acesso às trilhas, cachoeiras, piscinas com água natural (sem química, direto da nascente), lagos de pesca esportiva e quiosques com churrasqueira e mais de 100 espécies de aves catalogadas, oferecendo calmaria para quem deseja se desconectar da correria do dia a dia.

Neste local foi realizada a primeira edição, que ocorreu em 22 setembro de 2022, onde participaram 12 pessoas que concorreram apresentando diferentes pratos da culinária de plantas alternativas não convencionais aos jurados para degustação, avaliação e posterior nota final. Confira abaixo alguns dos pratos apresentados;

Ravioli de Ora Pro Nobis

Para André Yoshimoto, mananger da ESTÂNCIA VALE DA GRAÇA, a ideia do evento é divulgar a cultura que apesar de ainda ser desconhecida em nossa região, faz parte da alta gastronomia.

“As PANC – Plantas Alimentícias Não Convencionais – podem estar no seu jardim, ali na praça, no canteiro lá na esquina. São plantas espontâneas ou silvestres, que muitas vezes parecem mato, ou ervas daninhas, porém várias delas são comestíveis e ricas em nutrientes, e contribuem muito para incrementar seus pratos. Cito como exemplo; o ipê amarelo, uma planta do cerrado, varia conforme o tempo seco e que você encontra facilmente nas ruas de Marília. Pouquíssimas pessoas sabem que as flores do ipê, assim como as folhas e o caule, são comestíveis. É uma planta alimentícia não convencional (PANC)”, explicou André.

Salada, peixe e molho tártaro — Foto: Bell Villanova

Antes, quando caçador/coletor, o Homem realmente vivia em função do alimento. Hoje temos toda uma cadeia de produtiva, de transporte e distribuição, temos cozinheiros, restaurantes, programas de culinária… mas, no passado, cada um produzia o seu alimento. Saber o que comer e como comer é o legado mais importante que a espécie humana deixou para nós. 

Vou citar uma realidade; “Vamos à feira dezenas de vezes por ano, ao supermercado uma ou mais vezes na semana, e o que compramos? Sempre as mesmas velhas e conhecidas hortaliças, as mesmas frutas…

Não importa o motivo: comodismo, falta de ousadia nas receitas, falta de criatividade na cozinha, falta de coragem de experimentar o novo. O fato é que dificilmente compramos o que não conhecemos.

Hoje não produzimos mais os nossos alimentos, mas poderíamos introduzir hortas urbanas, utilizar terrenos baldios, plantar em canteiros centrais; ou voltar às origens, voltar a ocupar as fazendas familiares, os sítios e chácaras, buscar novas possibilidades. O que às vezes pode parecer um retrocesso, nada mais é do que inovação.

Se no ano passado a ideia foi comemorar o início da primavera, este ano pretendemos saudar o dia do meio ambiente por esta razão será realizado no dia 3 de junho, na qual esperamos contar com um número maior de participantes e com novas atrações para a mesa julgadora, que contará, por exemplo, com a presença Luis Eduardo Dias, Diretor da Life e um dos grandes incentivadores da nova cultura alimentícia.

A grande dica é passar o dia neste verdadeiro paraíso da natureza. E para quem desejar almoçar por lá, basta reservar o almoço no restaurante da sede. O prato do dia custa R$ 45 por pessoa, que para fortalecer a cultura Panc, procura utilizar sempre ingredientes do próprio Vale ou da vizinhança, garantindo uma alimentação mais saudável e sustentável.

COMO PARTICIPAR: Concurso irá premiar o prato campeão. Confira o regulamento.

Para participar deste mega-evento é muito simples. Cada participante deverá apresentar um prato doce ou salgado que utilize uma PANC como ingrediente principal com objetivo de promover a difusão das PANCs e revelar novos talentos.

O concurso será realizado no dia 03/06/2023, 11h, no Vale da Graça em Vera Cruz e terá uma única categoria sendo aberto a profissionais e amadores.

Cada participante deverá fazer a sua inscrição enviando nome e prato a ser apresentado através do whatsapp wa.me/5514982027771 até às 18h do dia 30/05/2023. No dia 03/06/2023 às 11h, deverá trazer seu prato já pronto (mín. De 500gr) para ser degustado pela banca avaliadora e demais participantes; deverá pagar no dia uma taxa de R$20 reais por cada prato inscrito, e poderá trazer 1 acompanhante por prato, com o limite de 3 pratos por concorrente. Demais acompanhantes pagarão $35/pessoa, e todos poderão desfrutar das trilhas e cachoeiras do local (as piscinas não estarão disponíveis). Obs: TRAGA OS PRÓPRIOS EQUIPAMENTOS e UTENSÍLIOS PARA ACABAMENTO E SERVIÇO DOS PRATOS.

Serão usados 3 critérios para a avaliação dos pratos:

  • Originalidade
  • Apresentação
  • Sabor.

Cada critério receberá uma nota de cada jurado e o vencedor será aquele que obtiver a maior soma de pontos. A banca será composta por profissionais ligados à gastronomia e turismo.

Premiação

O prato vencedor receberá um prêmio de R$500 em dinheiro + rotulagem da sua receita (Informações do produto em uma rotulagem digital, com as adequações as novas normas e legislação vigente como a tabela nutricional) + curso de higienização e comercialização de alimentos. Cada prato que tiver a maior pontuação em cada um dos 3 critérios (exceto o vencedor) – sabor, apresentação, originalidade – receberá um prêmio em dinheiro de $150 cada + curso de higienização e comercialização de alimentos.

Os pratos premiados serão divulgados nas páginas sociais do Vale da Graça e outros meios de comunicação. É OBRIGATÓRIA a apresentação das receitas no dia do concurso. Todos os participantes ao se inscrever automaticamente concordam com a divulgação das receita em redes sociais e impressos, bem como de sua imagem pessoal.

Os participantes devem dominar conhecimentos específicos sobre preparação de receitas utilizando PANCS responsabilizando-se pelo uso e consumo de ingredientes e espécies que sejam comestíveis e não prejudiciais à saúde.

Portanto, se eu fosse você, saia do lugar-comum para viver esta experiência fantástica neste lugar paradisíaco. A Estância Vale da Graça fica no município de Vera Cruz, com acesso pela rodovia Comandante João Ribeiro de Barros, km 435,7 (sentido Marília/Vera Cruz).

Para reservas e informações de como chegar, o telefone é o (14) 9 8202-7771. Acesse a página da Vale da Graça nas redes sociais clicando aqui.

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