Comemorada em 15 de julho, a data serve para conscientizar os homens sobre a importância dos cuidados com a saúde e o bem-estar

Não é só as mulheres que têm uma data especial. Os homens conquistaram, na década de 1990, uma data oficial para realçar questões sociais ligadas ao gênero. Neste momento, entram em destaque dados e fatos sobre as condições de vida do homem em prol de uma sociedade mais saudável e igualitária.

É importante que fique entendido que o “Dia do homem” foi criado com o foco na atenção a saúde do homem. Sabemos todos que os homens têm expectativa de vida menor do que as mulheres. Porém nosso sistema capitalista transformou este “Dia” não somente em mais uma data de consumo, mas em uma data que celebra o patriarcado e exalta o machismo. Precisamos rever isso.

O dia internacional do homem é comemorado na data de 19 de novembro. Essa data foi proposta pelo médico Jerome Teelucksingh, de Trinidad e Tobago, tendo em vista pôr em destaque a saúde do gênero masculino à comunidade internacional e propôs à Organização das Nações Unidas (ONU), em 1999, que fosse criado um dia para tal objetivo. Uma das principais preocupações é a conscientização a respeito do câncer de próstata, que atinge grande parcela da população masculina de todo o mundo.

No Brasil, a data foi proposta pela Ordem Nacional dos Escritores em 1992. Desde esse ano, as atenções para tal data vêm se tornando crescentes, sobretudo por parte de autoridades políticas e por núcleos de especialistas na saúde do homem.

Com essa compreensão, digitei no Google “dia do homem”. A primeira notícia em destaque que surgiu foi : ATENÇÃO, MARMANJOS! NO DIA DO HOMEM CONFIRA O ESPECIAL COM AS GATAS QUE PASSARAM PELO ENSAIO”. O sentimento foi de provocação e indignação, porem, não de surpresa. Precisamos com urgência estabelecer diálogos com os homens sobre o que é machismo. Homem heterossexual não precisa ser “macho-escroto” para firmar sua orientação e identidade. Vamos então a seguir tentar explicar de forma simples para homens o que é machismo e um caminho para começar a romper com isso.

O que é machismo então?

Segundo o dicionário Michaelis, machismo é “um comportamento de quem não admite a igualdade de direitos para o homem e a mulher”. Não admitir igualdade significa entender o outro como inferior, e por tanto com menos direitos e sob o comando do ser superior.

A consequência direta é a determinação de papéis a serem desempenhados pelas mulheres, que as mantenham na condição de inferioridade e submissão, tanto nos espaços públicos como na vida privada. Isso vai além de execução tarefas ditas socialmente como “coisa de mulher”. Existe um comportamento considerado aceitável e adequado para mulheres e meninas, uma forma de corpo determinada como padrão de beleza a ser alcançado, um limite para assuntos, debates e até espaços de destaque e liderança que mulheres não devem buscar por que são considerados masculinos.

A sociedade capitalista se alicerça no patriarcado e conservar as mulheres submissas é necessário para a manutenção do sistema. Para justificar esta afirmação vou utilizar o exemplo do papel social mais naturalizado pela mulher, a de responsável pela organização do lar e cuidado da família:  a de Rainha do Lar.

Neste papel romantizado a mulher tem o dever afetivo de expressar seu amor a família, desenvolvendo a tarefa de manter initerruptamente a organização da casa e o cuidado de todos com que ela habita. Neste caso “cuidar” significa cozinhar, lavar, passar, educar, limpar, cuidar da higiene pessoal das crianças e das tarefas escolares, manter em ordem a vida doméstica do companheiro para garantir seu descanso, lazer e alimentação saudável. Essa performance de que uma boa mulher precisa ser excelente “dona de casa”  é replicada como comportamento adequado desde a escola, mas também pela igreja, pela mídia e pela própria família que reproduz esta vivência.

A entrada da mulher no mercado de trabalho não retirou delas este papel. Pelo contrário, aumentou a exploração sobre as mulheres. Na maior parte dos casos, quando as crianças estão em idade pré-escolar, quem cuida das crianças até o retorno da mãe do seu trabalho é outra mulher, em geral a avó. Essa dupla jornada de trabalho beneficia o sistema.  

Como assim beneficia o sistema? Essa dinâmica retira do Estado obrigações como a ampliação de construção de creches, escolas, contra turnos, atividades extracurriculares, laser e esportes dentre outras possibilidades de políticas para criança e juventude. O Estado economiza mantendo a mulher na condição de Rainha do lar. As trabalhadoras assumem responsabilidades que deveriam ser do Estado, porém é tão naturalizada essa condição, que nem sequer é questionada pela maioria das mães. O trabalho doméstico não remunerado e não valorizado serve como sustentação deste sistema que explora as mulheres em sua vida privada romantizando trabalho não pago como se fosse amor.

E o homem diante disso? Muitas vezes reproduz no lar o papel de patrão cobrando tarefas domésticas que deveriam ser compartilhadas. Perguntas como “a comida tá pronta?”, “as crianças já fizeram a lição?”, “tem sobremesa?”, “ta engordando hein?”, “a casa tá uma bagunça”, “Cadê minha camisa?” revelam a condição de superioridade na qual o homem se coloca dentro do lar. Segundo Ana Pagamunici, quando o homem trabalhador trata sua mulher, também trabalhadora, como uma empregada, que tem a obrigação de cuidar das tarefas da casa sozinha, ele está reproduzindo o capitalismo dentro de casa. É certo que os homens podem imediatamente se beneficiar dessa condição. Porém, se compreendem que mulheres e homens devem ter direitos iguais precisam também enfrentar a mão do capital dentro do lar, porque o que se reproduz não é uma relação entre duas pessoas, mas sim os interesses do capitalismo.

Fica aqui o chamado aos homens que reflitam sobre suas relações familiares com as mulheres com que convivem. Romper com a divisão sexual do trabalho dentro de casa é um passo importante para a construção de uma sociedade igualitária.

Por isso neste Dia do Homem, criado para dar atenção a saúde deles, fica a dica: Dia do homem não é dia do macho

Dia do Homem no Brasil

Enquanto em diversos países o Dia do Homem é celebrado em 19 de novembro, no Brasil, a celebração ocorre neste sábado, 15 de julho. A diferença é que a data internacional está relacionada diretamente à campanha do Novembro Azul, de prevenção ao câncer de próstata.

Significado da data

Em comum, ambas as datas seguem o propósito de chamar atenção para questões sociais ligadas ao sexo masculino, especialmente no âmbito da saúde e bem-estar.

A ideia é usar essa efeméride para conscientizar a população masculina sobre cuidados preventivos, como consultas médicas e exames periódicos e a adoção de hábitos saudáveis, o que inclui fazer atividades físicas, cuidar da alimentação e evitar excessos. Outra iniciativa importante é usar a data para atrair os homens à discussão sobre promoção da igualdade de gênero  e combate ao machismo.

Dados sobre a saúde dos homens

O câncer de próstata, uma das grandes preocupações quando se fala em saúde do homem, é a segunda maior causa de morte entre eles, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A notícia boa é que a doença tem alto índice de cura quando diagnosticada e tratada precocemente, o que reforça a importância dos check-ups.

Mais um alerta para este Dia do Homem é o aumento de 20% nos casos de hiperplasia prostática benigna (HPB) em comparação aos dados de 2019, anteriores à pandemia. Ao todo, foram mais de 22 milhões de atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2022.

O número é do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS e foi repassado ao Terra pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Segundo a entidade, cerca de 50% dos homens acima dos 50 anos terão HPB. Para o grupo entre 70 e 80 anos, esse número pode chegar a 80%.

“Esses dados podem ainda refletir uma demanda reprimida por ocasião da pandemia ou, mesmo, o agravamento do quadro em função do retardo no diagnóstico e tratamento que ocorreu durante o período”, sinaliza Karin Jaeger Anzolch, diretora de Comunicação da SBU.

Dicas para cuidar da saúde masculina

Realize exames médicos regulares

O checkup médico não é supérfluo. Aproveite o Dia do Homem para marcar consultas anuais (ou até semestrais, se houver indicação para isso) e faça os exames de rotina. Essa medida permite o diagnóstico precoce de eventuais doenças e também ajuda a prevenir outras comorbidades.

Mantenha uma alimentação saudável

Não é exagero falar do grande impacto que a alimentação tem no organismo. Siga uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais e grãos integrais. Por outro lado, evite alimentos processados ou ricos açúcares e gorduras trans. Beba bastante água e, se possível, consulte uma nutricionista.

Pratique atividades físicas regularmente

Homem, se movimente! Fazer exercícios físicos regularmente impulsiona a produção de endorfina, hormônio que gera sensação de bem-estar, mas os benefícios não param por aí. Se exercitar melhora o condicionamento físico, ajuda no controle do peso e colabora para a prevenção de doenças cardíacas, diabetes, obesidade e melhoria da saúde mental. Teste atividades, como musculação e yoga, ou esportes, a exemplo da natação ou corrida, e as agregue ao seu dia a dia.

Tenha um rotina de sono

Assim como comer, dormir é essencial para o ser humano. Mas não é qualquer soneca entre uma atividade e outra. Busque uma rotina de sono regular, que te permita entre 7 e 8 horas de descanso. Pouco antes de se deitar, deixe os eletrônicos de lado, isso pode melhorar a qualidade do sono.

Evite o tabagismo

São diversos os riscos associados ao tabagismo, como câncer de pulmão, doenças cardíacas e problemas respiratórios. Se for fumante, sempre é tempo de parar. Procure ajuda.

Modere o consumo de álcool

Ainda que a cerveja e o álcool, de modo geral, estejam incorporados à cultura brasileira, isso não significa que sua ingestão faz bem à saúde. O consumo excessivo pode causar danos ao fígado, aumentar o risco de doenças cardiovasculares e até intensificar problemas de saúde mental.

Fique atento à saúde mental

Cuidar do corpo é importante, mas a mente também precisa de atenção. Busque aliviar o estresse, se mantenha relaxado e não hesite em buscar ajuda profissional quando necessário. Problemas como ansiedade e depressão podem abater qualquer pessoa, portanto, se cuide.

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