“Se a vida lhe der um limão, adicione açúcar, MÚSICA e faça uma limonada”. Este foi o início de nosso bate-papo com o músico, autor, compositor e instrumentista Laerte Marques, que nos últimos 30 dias tem sido vítima de uma polêmica nas redes sociais justamente devido a uma declaração de amor que fez em prosa e verso, no ritmo de samba para a cidade de Marília.

Para variar, o bate papo de quase duas horas, aconteceu em uma mesa (porém não de bar), em uma cafeteria da cidade, onde foi possível relembrar grandes momentos da passagem do cantor e compositor em Marília e sua memorável história ao lado de grandes nomes da música popular brasileira como Benito de Paula, Fernando Mendes, Milton Nascimento, José Augusto, Belchior, Wando e tantos outros.

Confira a seguir, parte da resenha e entenda o motivo da polêmica criada sobre a autoria da música que conferiu ao mesmo uma homenagem na Câmara Municipal de Marília e agora, por obra do destino, o seu retorno a terra que ele considera a cidade do seu coração.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA: Laerte conta pra gente a história da composição desta música e como, após tantos anos, veio a ocorrer essa polêmica nas redes sociais sobre a sua autoria devido a uma postagem de uma terceira pessoa.

CANTOR LAERTE MARQUES: Essa música eu fiz a composição há 13 anos. Logo que cheguei a Marília pela primeira vez, e acabei me apaixonando pela cidade eu fiz uma primeira música em 2008, chamada “Prá sampa não”. Essa música pegou de uma forma incrível. Eu não podia sair na rua que as pessoas me chamavam pelo nome da música. A letra falava dos barzinhos, dos músicos daqui, citava também o meu lado musical e claro elogiando a cidade que me acolheu. Citava na época, barzinhos como Z´e Vó, Chaplin, Karika’s e virou clichê nas rádios, TV e em todo lugar. Pra você ter uma ideia eu não aguentava mais ouvir e foi então que um fato acabou contribuindo diretamente para esta segunda composição.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA: Então antes da música que virou polêmica houve uma primeira composição e logo depois este algo que te impulsionou para a nova inspiração ?

CANTOR LAERTE MARQUES: Exato. O pessoal diz que dinheiro faz dinheiro e com a música é a mesma coisa, ou seja; “A música faz musica, uma chama a outra”. Na época o sucesso foi muito grande, mais ou menos um ano e meio em destaque, até que um dia; um cara que eu não vou dizer o nome, um músico que de forma equivocada pensou que eu estava tomando o espaço dele, sendo que esta nunca foi minha intenção. Eu sou um músico da noite paulistana há mais de 50 anos, Eu faço parcerias com todo mundo e sou amigo de todos os músicos. Ele chegou prá mim e falou; “O rapaz, não está na hora de você ir embora para São Paulo não ?”. A resposta que eu dei para ele foi uma só, sem pensar duas vezes; “Cara, se eu voltar para a capital eu volto trabalhando, agora se você for, vai passar fome”.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA: Este foi o impulso que você precisava?

CANTOR LAERTE MARQUES : Para você ver como é este mundo. Eu sou um cara muito educado, mas na hora eu dei na lata, porém fiquei com aquilo na cabeça. Só complementei; “Faz de conta que Marília é a minha São Paulo” e voltei prá casa. Ao chegar me conscientizei que de fato MARÍLIA ERA A MINHA SÃO PAULO e acabei compondo a música que fez mais sucesso ainda.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA: Devido ao novo sucesso, qual foi o impacto e o que ela lhe proporcionou ?

CANTOR LAERTE MARQUES : É o que eu comentei com você no início, se a vida lhe der um limão, adicione o açúcar que é o seu talento e faça a limonada. Foi exatamente o que aconteceu, sem querer, o cara acabou me ajudando e eu compus a música, MARILIA MINHA PAIXÃO TOTAL, que me deu diversas homenagens, medalha na Câmara Municipal, na secretaria da saúde, na prefeitura, enfim foi um momento único que me transformou no “cara da música de Marília”. O que era para ser um obstáculo, eu transformei em em motivação e alicerce e acabei partindo para produção de jingles, fiz música para torcida do MAC e por aí segue. Só para lembrar, eu vim prá Marília na época para ficar três dias e acabei ficando 10 anos.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA; O que aconteceu após isto ?

CANTOR LAERTE MARQUES : Bom, em 2018 houve mudanças na política e então eu era muito ligado ao pessoal da cultura, na forma de condução com alguns projetos e então, apareceu um negócio interessante pra mim profissionalmente e eu resolvi ir embora de volta para capital. Lá chegando, voltei ao meu trabalho normal que foi interrompido somente devido ao período da pandemia, como em todo lugar. Atravessamos a pandemia e o que era para ser uns seis meses durou mais ou menos 4 anos e meio, até surgir a polêmica.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA: Você chegou no ponto principal. Voltando a pergunta; como surgiu essa polêmica ?

CANTOR LAERTE MARQUES : Vamos lá, eu me lembro que no inicio deste ano eu falei para minha esposa; “Em junho deste ano, estou voltando para a cidade de Marília”. Acontece que, de repente apareceu essa polêmica, então antecipei e vim agora. Olha que chato, o comentário que estava nas rodinhas por aí; “Pô, o cara veio aqui na cidade, pegou uma música que não era dele, fez o nome na cidade, recebeu homenagem, ganhou medalha, foi embora e a música nem dele é, sendo na realidade de um japonês”. Ficou mal isto para mim. Então eu voltei de forma antecipada para provar o contrário. A MÚSICA É MINHA.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA: Qual foi a dinâmica que a pessoa utilizou e procede a informação de que muitas pessoas te ligaram ?

CANTOR LAERTE MARQUES: Eu vim justamente descobrir o que tinha ocorrido. Eu já imagina, mas tinha que comprovar. Veja bem, tem gente que costuma postar nas rede sociais uma foto de uma pessoa conhecida e embaixo coloca o nome dele ou comenta algo. Normalmente a pessoa nem lê, só vê a imagem e já vai comentar, sem ler o que está escrito. Aconteceu o seguinte esse japonês a cerca de uns 5 ou 6 anos atrás ele fez a postagem e comentou; “Música feita em homenagem a cidade que eu amo, Marília”. Ele é daqui. Ele postou o vídeo e lá consta o nome do autor que sou eu, LAERTE MARQUES. Uma pessoa viu o vídeo na página dele e reproduziu, mas acrescentou um comentário sabe-se lá com qual intenção, acrescentando um comentário no mínimo suspeito; “Nossa, olha essa música que esse japonês fez e mora em São Paulo”. Eu acho que ela não se atentou ao fato de que uma pessoa que chama Laerte Marques não pode ser japonês. Ele, o nipônico, na ocasião postou porque gostou e fez um carinho colocando na página dele. O problema que isto se espalhou, como se a música tivesse a autoria do japonês de São Paulo. Quer dizer, ficou mal pra mim este episódio porque para alguns eu estou passando como enganador e mentiroso, mas quem é da época sabe que eu sou o autor. Pra você ter ideia, vereadores me ligaram, juíz, advogados, a Sasazaki e um monte de amigos me alertando e manifestando apoio. Então, como já mencionei, eu resolvi antecipar minha vinda para esclarecer o que tentaram fazer.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA: Mas, vamos lá. Que magia é esta ? Você retornou a Marília e já compôs outra música ?

CANTOR LAERTE MARQUES; Pra você ver como é ( SORRINDO); em mais um intempérie da vida, acabei novamente compondo esta música que chama MARÍLIA VOLTEI, que fala do japonês e do amor que tenho a cidade que é incondicional. ( https://m.youtube.com/watch?v=gfa4LgOaFGg&feature=youtu.be) É isso. Tentaram me azedar com limão, eu adicionei açúcar e fiz uma limonada novamente. A diferença é que eu sirvo para toda a população de Marília que tão bem me acolheu.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA : Você tentou entrar em contato com a pessoa que fez isto ?

CANTOR LAERTE MARQUES: Não. Eu estou apenas rastreando o modus operandi. Penso que o japonês reproduziu pela admiração e também por gostar da cidade, porém esta outra que compartilhou dele, sabe-se lá por quais motivos, acrescentou esse comentário e jogou na rede. Ele tem milhares de seguidores, e a polêmica foi automática para quem não me conhece. Nesta ação, ele foi maldoso e criou a situação. Eu cheguei a conversar com o japonês e ele até gravou uma postagem reiterando que ele não era o autor e esclarecendo a situação, mas as penas foram jogadas no ventilador e para recolher agora é mais difícil. Ele foi super legal, queria então retirar a publicação e eu não deixei. O problema é que quem reproduziu, na qual eu já tenho ideia de quem seja, agiu de uma maneira imprudente e que está gerando prejuízos a minha imagem. Por esta razão, e devido ao inúmeros telefonemas que recebi, eu estou aqui justamente para provar o contrário.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA; Laerte você tem um histórico invejável ao lado de grandes nomes da nossa Musica Popular Brasileira. Você pode dar uma palhinha a respeito ?

CANTOR LAERTE MARQUES : Com 14 a 15 anos eu ganhei um premio de melhor compositor de samba enredo por uma escola coligada a Vai Vai. Eu já achei que sabia de música, coisa de adolescente e fui passear na noite. Foi em uma destas noitadas que conheci Luiz Wagner, compositor de várias músicas como camisa 10 da seleção ( Luiz Américo ), Espelho Meu (Silvio Brito) e tantas outras. Se tornou meu amigo irmão, frequentava minha casa direto e através dele fiquei conhecendo o Tim Maia, o Hildon, Cassiano, J. Veloso, Benito de Paula, Wando, Fernando Mendes, José Augusto, Milton Nascimento e tantos outros nomes até chegar no Belchior.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA : Procede a informação de que você tem uma composição em um LP do Belchior ?

CANTOR LAERTE MARQUES : É fato. Tenho com ele e também em um LP do Fernando Mendes. Vou contar a história. Eu tinha uma musica composta e guardada em uma fita K-7, que hoje muita gente nem sabe o que é. Eu conheci um rapaz, Jorge Mello ( músico) que ouviu a música, gostou e mandou para um cara ouvir, que era parceiro dele. Um dia ele chegou pra mim e falou que o cara queria me conhecer. Eu fui e chegando lá, este cara, era nada mais, nada menos que o próprio Belchior. Cara, eu quase cai pra trás. Um cara super gente boa, me recebeu com maior carinho e nos tornamos super amigos. Ele lapidou ainda mais a música e acabei compondo um outra e gravando com ele no LP chamado “OUTRAS ESTRELAS, na qual ela é a segunda faixa do LADO “A” do vinil da época. Um LP riquíssimo com Fagner, Ednardo, Banda Performática e outros. Com isso o Belchior virou meu padrinho musical. Tanto que, ele não dava canja em lugar nenhum, porém eu tinha um barzinho que eu tocava em São Paulo e quando ele ia fazer shows em São Bernardo, na região do ABC, ele me ligava e avisava; “Estou em sampa, pode colocar uma faixa de participação que estou chegando ai”. Então lotava o lugar e eu até brincava; “Vocês vieram aqui pra me ver né, não foi para ver o Belchior não né ??? “. Eu começava cantando uma música e anunciava; “Eu vou cantar um música agora para ajudar um amigo e que está precisando de uma força e começava…“não quero lhe falar meu grande amor”... o povo já cantava o resto e de repente, ele entrava cantando no meio da música. O cara me ajudou muito, demais….

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA : Qual o seu futuro daqui pra frente em Marília ?

CANTOR LAERTE MARQUES : Em primeiro lugar, arrumar uma casa. Eu estou hospedado em um hotel, mas logo que resolva, trazer minha esposa, montar meu estúdio, voltar a fazer shows, produzir meus jingles políticos e comerciais e talvez realizar o meu grande sonho que é montar aqui na cidade um CENTRO CULTURAL, com apresentação de trabalho de pessoas autorais, de músicas, lançamentos de poesias, um espaço para gravação, podcast, enfim, montar uma casa cultural até com aulas de música, mas para ensinar realmente, não é para explorar aluno.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA: Você teria algo mais a acrescentar ?

CANTOR LAERTE MARQUES: Em primeiro agradecer a Deus por me dar mais esta oportunidade de retornar a Marília e agora para ficar em definitivo, aos meus amigos e simpatizantes pelas inúmeras mensagens e telefonemas de apoio, ao JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA por abraçar nossa causa e aquele camarada que mais uma vez colocou um pedra no caminho que na realidade serviu de escada para me impulsionar. Na realidade era o que estava faltando, o impulso que eu precisava para dar este passo a frente estar novamente aqui nesta cidade maravilhosa e que eu tanto aprendi a amar.

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