Embora tenha voltado a aparecer em público, o presidente Jair Bolsonaro (PL) segue em silêncio. Nas redes sociais, publicou fotos nos últimos dois dias, mas sem comentários. Esteve duas vezes nos últimos dias em cerimônias militares, sem falar nada. O motivo da mudez, segundo O GLOBO apurou com pessoas próximas ao presidente, é que Bolsonaro está em um impasse. A um mês de deixar o cargo, Bolsonaro teme frustrar a expectativa dos apoiadores e receia que qualquer declaração piore sua situação com a Justiça.

Desde que a conclusão do processo eleitoral, há um mês, Bolsonaro tem passado a maior parte do tempo no Palácio da Alvorada, sua residência, com idas pontuais ao Palácio do Planalto. Nesse período, o chefe do Executivo só fez duas declarações públicas, ambas na semana seguinte ao pleito.

Apesar de seguir contestando que foi prejudicado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro, ao que pelo menos transparece, não está disposto a liderar um movimento que tente tumultuar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como pedem os apoiadores. Até agora, o presidente não comentou publicamente o relatório das Forças Armadas sobre o sistema eleitoral, tampouco sobre a ação que o PL que, pediu a invalidação de parte dos votos do segundo turno das eleições. A Corte eleitoral aplicou ao partido do presidente uma multa de R$ 22, 9 milhões por litigância de má-fé. O PL recorre da decisão.

Após o resultado das eleições, segundo as urnas, a maior preocupação de Bolsonaro tornou entrar na mira do Judiciário. Esta é a primeira vez em 34 anos que o presidente fica sem mandato e, portanto, sem foro privilegiado. A interlocutores que o visitam no Alvorada, o presidente diz temer que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do TSE, invista contra ele. Bolsonaro é alvo de investigação na Corte Superior em quatro inquéritos.

A decisão de evitar declarações aos apoiadores ficou evidente na última terça-feira, quando o presidente participou de um jantar com deputados e senadores do PL. Bolsonaro se irritou com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) que o questionou sobre que orientação deveria passar para a militância que fazem atos país afora em frente aos quarteis e bloqueando estradas. A parlamentar reclamava que os grupos estão desorganizados, cada um agindo por si. Bolsonaro, gesticulando e de forma ríspida, disse que não tinha nenhum direcionamento a passar e que não iria falar sobre o assunto. O diálogo foi confirmado por duas pessoas que estavam próximas.

Um dos mais próximos interlocutores do presidente disse ao GLOBO que Bolsonaro ainda não sabe como se dirigir aos apoiadores. O receio do presidente é que ao não atender aos desejos de radicalização a própria base se volte contra ele. Outra mostra foi em uma fala do Vice presidente em um evento militar no Rio de Janeiro quando o mesmo solicitou a Bolsonaro que abrisse o jogo para o povo. Muitas versões de entendimento circulam nos grupos de internet. AFINAL, O SILÊNCIA É ESTRATÉGIA DE AÇÃO OU REALMENTE É MEDO DE ENFRENTAR OS SIMPATIZANTES ?

Outro sinal de que nada irá acontecer é que o mesmo nos últimos dias bloqueou o tal orçamento secreto com mais de 7 bilhões pendentes. A decisão ocorreu após Artur Lira conseguir o apoio de Lula para a reeleição `a frente do congresso nacional. Porém, segundo especialistas, ao tomar esta atitude, está claro que Lula irá assumir à partir de 1º de janeiro e o bloqueio do orçamento secreto seria uma bomba relógio em forma de vingança, que Bolsonaro estaria estaria jogando no colo de Luis Inácio Lula da Silva.

Em outras palavras, nas entrelinhas, se evidencia que nenhuma atitude será tomada como insinuam milhares de grupos de whatsapp de manifestantes que ainda aguardam a GLO ou uma intervenção militar. Uma grande e diferente ação de tropas militares, é o único fio de esperança das pessoas que acampam em frente a quartéis e tiros de guerra. Com certeza, se nada ocorrer, o homem que ressuscitou a direita, os bons costumes, valores da família, patriotismo e outros poderá se queimar e ao mesmo tempo sepultar tudo novamente. DE HERÓI A VILÃO ? É aguardar o transcorrer desta semana, afinal como sempre se diz na política; “O TEMPO É SENHOR DA RAZÃO “.

Queda de 93% nas redes sociais

Bolsonaro completou já mais de um mês sem fazer sua tradicional live semanal. Como mostrou O GLOBO, a redução brusca no ritmo das postagens e a falta de transmissões ao vivo reduziram o fôlego do presidente nas redes sociais. Levantamento da consultoria Bites mostra que, na comparação com o mês anterior, o chefe do Executivo teve uma queda de 93% em suas interações (soma de curtidas, compartilhamentos e comentários) neste mês no Twitter, Instagram e Facebook. A média diária, que era de 7,6 milhões em outubro, passou a 487,7 mil.

Os filhos do presidente querem que ele volte a falar e aproveite o último mês para começar a organizar a oposição. Em conversas reservadas, admitem que tem perdido espaço nas redes sociais e no debate público, inclusive perdendo oportunidades de já reagir às medidas que vêm sendo tomadas pelo governo de transição de Lula.

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