Um homem, de 47 anos, suspeito de envolvimento no caso, foi preso em operação policial nesta segunda-feira (26). O fazendeiro Airton Braz Paião, de 54 anos, foi morto a tiros no sábado (24), enquanto estava internado na Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente (SP).

Um homem foi preso, nesta segunda-feira (26), suspeito de participar de uma emboscada contra o fazendeiro Airton Braz Paião, em Iepê (SP). A vítima levou quatro tiros na cabeça e uma facada nas costas. Três dias após a emboscada, o fazendeiro foi assassinado a tiros por um policial militar dentro da Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente, onde estava internado.

Paião, que tinha 54 anos, foi vítima de uma tentativa de homicídio quarta-feira (21). Já no sábado (24), o fazendeiro foi morto a tiros pelo soldado Marcos Francisco do Nascimento , de 30 anos, que se matou em seguida. O homem que foi preso nesta segunda tem 47 anos. Segundo a polícia, a prisão dele é temporária (veja detalhes da operação mais abaixo).

Conforme o delegado responsável pelo caso, Carlos Henrique Bernardes Gasques, há ainda um mandado de prisão contra Elisângela Silva Paião, de 47 anos, esposa do fazendeiro. A Polícia Civil apura a possível participação dela no crime. Ela é considerada foragida.

Elisângela não esteve presente no velório do marido e, segundo o delegado, o fato chamou a atenção dos policiais. A Polícia Civil pede à população que eventuais informações sobre o paradeiro da suspeita sejam repassadas pelo telefone (18) 3264-1333. Ainda conforme a polícia, a foragida “possivelmente” teria um relacionamento extraconjugal com o policial militar.

“Nossa linha de raciocínio é no sentido de que ela [Elisângela] articulou junto com o PM isso ou, no mínimo, instigou ele [policial militar] a matá-lo [fazendeiro]”, salientou Gasques.

Os mandados de prisão temporária valem por 30 dias, podendo ser prorrogados por igual período.

‘Romance’

Em entrevista à TV Fronteira, o delegado Carlos Henrique Bernardes Gasques explicou sobre a operação que prendeu temporariamente um suspeito de envolvimento na tentativa de assassinato contra o fazendeiro.

“Na data de hoje [26], 13 policiais civis, em quatro viaturas policiais, deflagraram uma operação para prender temporariamente o autor dos fatos, que estaria na cena do crime na [última] quarta-feira [21]. E, neste mesmo contexto, fora expedido o mandado de prisão temporária para a senhora Elisângela, esposa da vítima”, disse o delegado.

Gasques detalhou o que teria levado o fazendeiro a ir até o canavial onde ocorreu a tentativa de homicídio, na última quarta-feira (21), em Iepê.

“Este produtor rural estava mantendo contato, pelo WhatsApp, com uma moça chamada ‘Sara Maria’, mas a polícia já concluiu que essa conta era inexistente, e que essa conta o levou até as proximidades desse canavial. E, lá de dentro, saíram dois indivíduos, encapuzados, desferindo tiros em direção à vítima e uma facada em suas costas. Foi possível concluir esse raciocínio porque a vítima, embora tenha sido alvejada, estava em condições de falar e conseguiu apontar que eram dois indivíduos encapuzados que estavam em um determinado veículo”, complementou o delegado.

“Nós conseguimos fazer essa identificação porque a vítima apontou o veículo supostamente envolvido, aí os investigadores da delegacia conseguiram fazer um trabalho de monitoramento de câmeras de toda a cidade, inclusive do canavial, e chegamos à conclusão que esse veículo era do policial militar. Também conseguimos avançar na investigação que tinha mais uma pessoa dentro do veículo no dia do crime, que é o que nós prendemos hoje”, explicou.

Gasques também falou o motivo pelo qual a polícia procura a esposa do fazendeiro assassinado.

“Circula na cidade a informação de que a esposa do produtor rural teria um romance com ele [policial militar Marcos Francisco do Nascimento], e ela confirmou para mim, informalmente, que tinha. Porém, o policial militar falou somente que era muito amigo dela e que sabia de coisas que incomodavam [o fazendeiro]. Ela falou também para mim que gostava muito desse policial e que pretendia se separar do seu marido, e aconteceu essa fatalidade”, pontuou.

“Nós cumprimos um mandado de busca hoje [26], pela manhã, na casa dela, mas ela não foi encontrada na casa. Familiares noticiaram que ela, talvez, estaria em Porecatu (PR). Uma outra equipe policial se deslocou até lá, mas sem êxito na localização. Então, ela é considerada foragida. Se alguém tiver informação, a Polícia Civil vai estar com os canais de atendimento disponíveis para que a gente possa localizá-la e dar um pouco de resposta para a sociedade”, completou o delegado.

Elisângela Silva Paião, de 47 anos, esposa do fazendeiro, está foragida e é investigada pela Polícia Civil — Foto: Redes sociais
Elisângela Silva Paião, de 47 anos, esposa do fazendeiro, está foragida e é investigada pela Polícia Civil — Foto: Redes sociais

Tentativa de homicídio

Paião foi vítima da emboscada no km 116 da Rodovia Jorge Bassil Dower (SP-421), em Iepê. Ele levou quatro tiros na região da cabeça e foi esfaqueado nas costas. A caminhonete dele e um celular foram levados. O veículo foi localizado na quinta-feira (22).

Depois de ser atingido pelos tiros e pela facada, o fazendeiro caiu no chão e, para se livrar dos agressores, fingiu que estava morto. Quando percebeu que os agressores já haviam saído do local, Paião conseguiu se levantar e pedir ajuda.

Paião foi socorrido e encaminhado para a Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente, onde permaneceu internado até o sábado (24), quando foi assassinado pelo policial militar Marcos Francisco do Nascimento.

O fazendeiro iria passar por uma cirurgia na próxima terça-feira (27) para a retirada dos quatro projéteis de arma de fogo que estavam alojados na cabeça dele.

O soldado policial militar Marcos Francisco do Nascimento, de 30 anos — Foto: Redes sociais
O soldado policial militar Marcos Francisco do Nascimento, de 30 anos — Foto: Redes sociais

Crime consumado

O soldado policial militar Marcos Francisco do Nascimento se suicidou depois de assassinar o fazendeiro, na Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente. Em nota oficial, a Santa Casa informou que o policial havia entrado no hospital para fazer uma visita a um paciente internado.

Quando chegou ao hospital, o soldado disse na portaria que era policial e que queria conversar com o paciente Airton Braz Paião. Já no quarto hospitalar, o policial disse a uma irmã do fazendeiro que queria conversar com a vítima. Na sequência, Nascimento atirou contra Paião.

Segundo a Polícia Civil, o soldado atirou duas vezes contra o paciente e, em seguida, se matou com um tiro na cabeça. A arma usada pelo policial foi apreendida e será periciada.

O fazendeiro Airton Braz Paião, de 54 anos — Foto: Redes sociais
O fazendeiro Airton Braz Paião, de 54 anos — Foto: Redes sociais

A perícia da Polícia Científica recolheu a arma usada pelo policial militar, uma pistola de calibre .40, com um carregador e quatro cápsulas deflagradas. Junto ao corpo do policial militar, foi encontrada uma carta manuscrita, que também foi apreendida. Ainda foram recolhidos documentos pessoais e a quantia de R$ 32 em dinheiro, que estavam com o soldado.

Policial

O delegado Carlos Henrique Bernardes Gasques contou, em entrevista à TV Fronteira, que o caso ocorrido em Iepê era, inicialmente, tratado como um roubo seguido de lesão corporal grave, ou uma tentativa de latrocínio.

Na sexta-feira (23), através de imagens de uma câmera de monitoramento, a Polícia Civil conseguiu identificar que um veículo de propriedade do policial militar tinha sido utilizado no crime em Iepê.

O soldado prestou depoimento à Polícia Civil e negou envolvimento com o crime. Segundo o delegado, ele disse que não estava com seu veículo no dia da emboscada. Depois de ouvir o soldado, a Polícia Civil decidiu liberá-lo, já na madrugada de sábado (24).

Ainda segundo o delegado, o policial militar era morador de Londrina (PR) e trabalhava em uma unidade da Polícia Militar de São Paulo em Iepê. Quando estava em trabalho, ele dormia na própria unidade policial.

A Polícia Civil relatou que não tinha registro de ocorrência contra o soldado nem relato de violência por parte dele ou notícia de que apresentava problemas na cidade de Iepê.

DIRETO DO PLANTÃO DE POLICIA COM INFORMAÇÕES DA TV FRONTEIRA

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